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sábado, 31 de agosto de 2013

Luz no final do túnel

Enfim, algum crescimento
O IBGE anunciou o PIB do segundo trimestre, com crescimento de 1,5% sobre o trimestre anterior. Na comparação com o 2º trimestre do ano anterior, o crescimento foi de 3,3%.
O crescimento pode ser explicado pelo maior nível de investimentos e pelo melhor desempenho da indústria. A indústria inegavelmente beneficiou-se das medidas de desoneração do Ministro Mantega.
Com esse resultado, fica afastada a hipótese de que o crescimento desse ano possa ser menor que 2,0%. Ao contrário já se fala em até 2,4%. Isso representa um refresco considerável para o governo federal e, mais do que tudo, representa um momento oportuno para reverter a fuga de capitais do país e ampliar a disposição do empresário estrangeiro em participar das licitações nacionais.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Comércio nesse segundo semestre

Bravo mesmo fica para o comércio
As sucessivas desvalorizações do real aumentam os preços dos importados. O repasse desses aumentos começa a chegar às prateleiras frequentadas pelo consumidor final. A taxa de juro sobe mais 0,5% ao ano e encarece o custo do capital. Investimentos privados são desestimulados mais uma vez. O mercado de trabalho piora a cada dia comprometendo a expansão da renda, enquanto as famílias remanescem endividadas e inadimplentes. O país não cresce, senão lentamente.
O quadro para o comércio é desanimador. As vendas caem, o crédito é escasso e cada dia mais caro. Nesse último mês, o número de recuperações judiciais cresceu fortemente. Os pedidos de falência aumentaram também expressivamente e a insolvência acentuou-se ainda mais.
A alta da Selic de ontem é benvinda para reduzir os riscos de um recrudescimento inflacionário, mas inibe, na mesma medida, o crescimento. A moeda local depreciada rapidamente ajuda ao comércio exterior brasileiro e cria uma nova vertente de crescimento, via exportações. Ao mesmo tempo, amplia a competitividade dos produtos nacionais, encarece as importações que tendem a ser substituídas pela produção nacional.
Em tese, a retração provocada pelos juros deveria ser compensada pela expansão dos produtos exportados e pelo aumento da produção nacional. A inflação dos importados seria compensada, ainda em tese, pela alta dos juros internos. E tudo isso seria maravilhoso, não fosse a defasagem de tempo dos efeitos que essas medidas econômicas costumam apresentar. A alta dos juros é acompanhada por efeitos quase imediatos, enquanto a desvalorização cambial produz efeitos de longo prazo. Portanto, daqui até o final do ano, é de se esperar por baixo crescimento, inflação em alta, níveis modestos de investimentos e um moderado agravamento nas condições do mercado de trabalho.
O cenário atual atinge todos os setores, mas aponta para uma redução mais abrupta no nível de atividade do comércio.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Pressão Cambial Sem Crise Externa

A normalização da política monetária
nos Estados Unidos não deve manter elevado o risco nos emergentes, atenuando a pressão sobre o real.
por Roberto Padovani - Economista Chefe da Votorantim Corretora
A mudança de viés de política monetária nos Estados Unidos teve um forte efeito sobre as moedas de países emergentes, sobretudo naqueles com fundamentos mais frágeis. Este movimento produziu uma desvalorização próxima a 20% da moeda brasileira nos últimos quatro meses. As moedas de países como a África do Sul, Indonésia e Índia também enfraqueceram mais de 10% frente ao dólar.
Mas este movimento não está associado a uma piora acentuada do quadro externo, como em episódios anteriores. O gatilho para a instabilidade atual se encontra na confiança em um cenário de crescimento nos Estados Unidos, permitindo a normalização da política econômica.
De fato, não houve aumento expressivo da aversão a risco global e os preços de commodities (Figura 1) mostram bom comportamento. Como resultado, o mercado global de moedas não mostra uma fuga por proteção e qualidade, o que seria percebido com uma tendência uniforme de apreciação das moedas das economias desenvolvidas.
O prêmio de risco dos países emergentes, no entanto, mostrou deterioração quase homogênea em junho (Figura 2). Este movimento é explicado tanto pelo (a) temor de uma contração global de liquidez, com reposicionamento de todos os fluxos que migraram para os mercados emergentes nos últimos anos; quanto pela (b) desaceleração econômica nas principais economias emergentes, acompanhada, em alguns casos, de piora de fundamentos.
Dois argumentos sugerem que os patamares atuais de câmbio podem não ser sustentáveis. O primeiro é que a normalização da política monetária nos EUA não necessariamente prejudica os emergentes, uma vez que ela é conseqüência da percepção de que a crise está sendo superada. Com a estabilização do crescimento na Ásia e retomada na Europa e nos Estados Unidos, o comércio internacional e os fluxos de capitais tendem a favorecer os emergentes. Justamente por isso, quando ficar mais claro o novo patamar para os juros longos nos EUA, o prêmio de risco dos mercados emergentes pode recuar.
Segundo, o prêmio de risco do Brasil pode ter um desempenho relativo melhor, dado o atual descolamento em relação a outros emergentes. Os leilões de concessões e a melhoria gradual da condução/comunicação da política econômica podem ser gatilhos para esta correção. Como resultado, o País poderia recuperar parte da atratividade aos fluxos globais.
Dada a elevada imprevisibilidade de curto prazo, o comportamento do câmbio tende a ser aleatório, inviabilizando qualquer projeção para o final de ano. Mas no cenário base, que considera os patamares atuais de câmbio e a hipótese de que os níveis correntes de estresse não são sustentáveis, o BRL pode alcançar a média de 2,20 em dezembro.

domingo, 25 de agosto de 2013

Um ensaio acomodatício

Não se trata de retrocesso.
Mas apenas de postergação.
A ata do Federal Open Market Comittee, do mês de julho, não representou retrocesso na decisão de reduzir o ritmo de recompra de ativos. Apenas adia o início do programa de normalização monetária, à espera de momento mais apropriado. A recuperação norte-americana ainda não convenceu as autoridades econômicas que, por isso, decidiram preservar uma atitude claramente acomodatícia, de longo prazo, para sua política monetária.
Mesmo após o anúncio da postergação, o mercado de juros para os títulos públicos do país, de 10 anos, conservou o nível da semana anterior de 2,9%. Esse comportamento dos juros mostra que o mercado entendeu a decisão FOMC como um adiamento, apenas temporário e por um curto períiodo de tempo.
A inflação norte-americana continua abaixo da meta, não havendo razões, pelo menos por enquanto, para admitir aumento das taxas de juros.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Mais notícias boas

Dessa vez a França não ajudou
A Zona do Euro apresentou em agosto, o maior aumento de sua atividade industrial, nos últimos 26 meses. O indicador que mede essa atividade é o PMI Composto - índice dos gerentes de compras da indústria - produzido pelo HSBC.
Esse indicador evoluiu na região de 50,5 pontos em julho, para 51,7 pontos em agosto. Embora essa seja também uma leitura preliminar, já se pode esperar que o indicador apresente resultados ainda melhores para os dois últimos trimestres do ano, desagravando as atuais condições econômicas e sociais da Europa Central, com reflexos muito positivos nas economias periféricas.
Curioso que, conquanto a Alemanha tenha registrado alguma alta nesse índice composto, a França apresentou movimento contrário, decepcionando aos analistas. A queda francesa trouxe o indicador para 47,9 pontos em agosto, ante os 49,1 pontos alcançados em julho.
Seja como for, a Europa se recupera e a China se estabiliza. Começam a surgir novas oportunidades no comércio internacional para 2014.

Notícia curta, mas muito boa

Dados novos também confirmam
a estabilização da China
A estabilização chinesa vai se consolidando. O HSBC anunciou a previa do PMI industrial do país. Mesmo que de forma preliminar, o indicador se apresentou em alta de 2,30 pontos, nesse mês de agosto. Saiu dos 47,7 pontos em julho, para 50,1 pontos no mês em curso. Como se sabe, valores acima dos 50 pontos indicam expansão da atividade industrial, enquanto valores abaixo dos 50 pontos apontam para a retração.
Alguns analistas já discutem a possibilidade do governo chinês não aumentar os estímulos à economia do país, dado que o indicador alcançou seu maior valor nos últimos quatro meses e o maior crescimento mensal dos últimos vinte e quatro meses.
Não se pode esquecer, entretanto, que a inflação e os juros podem desfazer qualquer expectativa de desempenho superior ao da estabilização.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Um para lá, dois pra cá.

Alguns acreditam em jogo de soma zero
Há efeitos positivos na valorização do dólar para os exportadores. Na contra mão, aparecem efeitos negativos para os importadores. Mesmo os exportadores precisarão importar para produzir e terão seus ganhos cambiais reduzidos. É o caso das fiações e das tecelagens que ganham competitividade em seus preços, mas que precisam urgentemente modernizar seus parques produtivos por meio das novas importações. E, como não existe alternativas para os custos, o jeito será repassar esses aumentos ao consumidor.
Mas, alguns analistas estão acreditando que o aumento dos juros sobre crédito, investimento e consumo faria uma espécie de contraponto a essa tendência, evitando a alta dos preços.
Até pode ser que isso aconteça e que os preços fiquem estáveis. Entretanto, como ficaria o crescimento, nessa hipótese? Tenho medo de pensar em mais um trimestre com crescimento anêmico, com desemprego em alta e pressões inflacionárias renovadas.
A solução seria combater a inflação pela redução do custeio da máquina pública, substituindo essa gastança por investimentos na infraestrutura. Isso impulsionaria o crescimento e o emprego e reduziria as pressões inflacionárias sobre o sistema econômico nacional.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Inconsistências inflacionárias?

Pequenas variações não ensejam decisões.
Nem estranhezas.
O índice de preços ao consumidor da FIPE acelerou. Havia subido 0,01% da semana anterior. Na 2ª quadrissemana de agosto, apresentou alta de 0,17%de agosto.
Enquanto isso, o IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, na 2ª prévia de agosto, desacelerou. A alta de julho havia sido de 0,24% e agora foi de apenas 0,11%.
Sinais divergentes são comuns, quando as margens são margens tão estreitas e guardam significados profundamente peculiares, em função das metodologias adotadas.
O fato é que a inflação ainda mantem-se muito baixa, nessas últimas três semanas.

Japão reage às medidas econômicas

Supresa com déficit comercial
tão grande
O crescimento japonês aumentou o consumo. As importações cresceram para atender o novo momento da demanda do país e, com isso, o déficit comercial do país, no mês de julho, atingiu a cifra de 1 trilhão de ienes, aproximadamente US$ 10 bilhões.
O resultado de julho é praticamente o dobro do déficit do mesmo mês de 2012. As exportações cresceram 12,2%, pela desvalorização da moeda local e pelo aumento da demanda norte-americana por veículos. As importações, por seu lado, cresceram mais fortemente. Apenas no mês de julho, o crescimento foi de 19,6%, refletindo a alta dos preços internacionais do petróleo.
Nesse contexto, o Japão começa importar inflação e ampliar a liquidez no mercado interno. O plano do ministro Abe parece estar evoluindo favoravelmente. No médio prazo, entretanto, as exportações devem crescer mais rapidamente que as importações, revertendo a tendência deficitária da balança comercial japonesa.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Indicadores mais recentes da economia brasileira

Economia é a ciência das expectativas?
Alguns indicadores da economia nacional têm impactado negativamente as expectativas sobre o nível da atividade do terceiro trimestre do ano. Os índices de confiança de empresários e consumidores caíram abaixo dos 100 pontos. Como se sabe, os 100 pontos são considerados uma espécie de divisor de águas. Quando o índice está acima desse 100 pontos, entende-se que o empresário está otimista com a economia e com seu ambiente de negócios. Mas, quando o índice está abaixo desse limite, entende-se que o empresário passou a ser pessimista em relação a esses elementos. O mesmo se dá com o consumidor que está disposto a gastar mais, sempre que o índice superar a barreira dos 100 pontos e, no sentido contrário, o consumidor assumirá uma atitude defensiva em relação às compras e aos gastos, caso o índice venha abaixo desses 100 pontos. No mês de junho, ambos os indicadores vieram abaixo dos 100 pontos.
Não bastasse esse primeiro sinal, o IBC-BR de junho registrou um aumento de 1,13% em relação ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais. O resultado foi frustrante. O mercado esperava mais. E, uma vez que o indicador é uma proxy mensal para o PIB, ele permite fazer uma previsão otimista para o PIB do 2 trimestre, refletindo a expansão da atividade industrial e uma razoável acomodação das vendas no varejo.
Entretanto, a desaceleração do varejo pode estar embutindo um menor ritmo de atividade econômica para o terceiro trimestre. Nesse caso, as expectativas de empresários e consumidores podem impedir um movimento de recuperação de nossa economia.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Fim da recessão na Zona do Euro

Um novo consenso sobre a Europa
começa a se firmar
A produção industrial da região apresentou alta 1,1%, no segundo trimestre do ano, em relação ao trimestre anterior. Trata-se da maior alta trimestral desde 2010.
Chegam agora notícias sobre o aumento do PIB, depois de seis trimestres seguidos de recessão. Como de hábito, esses resultados são sempre “puxados” pela Alemanha, com crescimento de 0,7% e pela França, com 0,5%.
Não se pode falar ainda que a Europa vai superar rapidamente seus problemas. Ao contrário, não há sinais disso no curto ou médio prazo. Mas é empolgante ver Portugal romper com seis meses de forte retração em sua economia. Seu crescimento foi de 1,1% nesse segundo trimestre. Na Itália e na Espanha os resultados referentes ao crescimento dos PIB’s ainda são negativos, mas, francamente, são resultados muito animadores, pois já se aproximam do território dos números positivos: Itália -0,2% e Espanha -0,1%.
Pensando na recuperação norte-americana, no plano econômico japonês, na estabilização da China, e agora no fim da recessão na Europa, dá para concluir que o mundo definitivamente vai melhorando aos poucos.

 

Perspectivas para o milho e a soja

As decisões na agricultura
são sempre tormentosas
As estimas para a produção de soja brasileira estão dentro de um intervalo de 83,0 a 86,0 milhões de toneladas para a safra 2013/2014. Nos Estados Unidos, as estimativas já falam em algo como 88,6 milhões de toneladas produzidas, nesse mesmo período. O mercado internacional para soja dependerá muito do comportamento de compra da China. Nesse instante, os chineses aproveitam-se dos preços mais reduzidos para recompor seu estoques e ampliar suas reservas para 2014. Por outro lado, a economia chinesa já desfruta da estabilização econômica alcançada e isso pode dar certo fôlego aos preços da soja.
Nos Estados Unidos, a produção do milho, segundo a mais recente estimativa do Departamento de Agricultura, será 349,6 milhões de toneladas, quatro vezes maior que a produção brasileira.
Não é para menos, o milho é a principal cultura norte-americana e deve dar conta da produção de boa parte dos combustíveis para a frota de veículos do país, com consequências diretas e significativas sobre os preços e as quantidades do etanol a ser exportado pelo Brasil, no próximo ano.
Quanto aos preços do milho para o próximo ano, as perspectivas são de deterioração no mercado doméstico. No mercado internacional, a queda dos preços já é fenômeno conhecido, apresentando hoje um preço de mais de 40% inferior àquele alcançado em relação aos picos do ano passado.
Estamos nos últimos momentos da decisão sobre o que vamos plantar. Pessoalmente, faria a opção por algum outro cultivar, cujo mercado externo pudesse absorver a produção. Minha opção privilegia a alta do dólar frente ao real, que poderá corrigir eventuais quedas futuras dos preços no mercado internacional. Como grande parte dos insumos envolvem importações intensivas, seus custos foram assumidos em dólar e vão sendo corrigidos e apreçados em moeda estrangeira. Ao vender sua produção em dólares, o produtor receberá os reais correspondentes já corrigidos pela cotação do dia e isso fornecerá uma importante proteção ao seu faturamento e ao seu lucro.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Desocupação Reduz Risco Inflacionário

O esfriamento do mercado de trabalho deverá reduzir a pressão na inflação de serviços e, portanto, o risco inflacionário.
Texto de Roberto Padovani, economista chefe da Votorantim Corretora. roberto.padovani@votorantimcorretora.com.br
Desagregando o IPCA em preços administrados, preços de produtos comercializáveis e preços de bens não comercializáveis, é possível perceber que o risco inflacionário poderá continuar em queda ao longo dos próximos meses.
Com o fim do impacto de diversas medidas pontuais, a inflação de preços administrados pode mostrar normalização a partir de agora, mostrando tendência de alta em 2014. Não há, por um lado, espaço fiscal para novos subsídios. Mas, por outro, não há ambiente político para a recomposição de tarifas. Com isso, este grupo deverá continuar oscilando abaixo do centro da meta, não implicando riscos relevantes.
Já os preços de bens comercializáveis possuem natureza cíclica, oscilando ao redor do centro da meta. Estes preços são, tradicionalmente, influenciados pelo comportamento de variáveis como câmbio, preços de commodities e choques de oferta. Deste modo, mesmo que o câmbio seja uma fonte de pressão, os preços de commodities e a produção agrícola contribuem para que o movimento cíclico seja favorável, devolvendo a alta recente.
Os preços dos bens não comercializáveis, finalmente, espelham os ciclos econômicos locais. Ao longo dos últimos anos, a inflação deste grupo tem operado acima do centro da meta e, mais importante, com uma divergência persistente com relação à meta de inflação, influenciando fortemente o comportamento da inflação como um todo.
A origem deste movimento está associada, fundamentalmente, à euforia e aos excessos observados na economia no período de 2006-2010. Os ganhos de termos de troca, o choque favorável de confiança e os fortes estímulos de política levaram a economia a um crescimento excessivo, acima tanto do potencial quanto do PIB mundial. Como resultado, produziu-se excesso em diversos mercados, em particular no emprego. Além disso, a política de reajustes de salários mínimos também contribuiu para a expansão da renda. Como resultado, a demanda por serviços se elevou e aumentou o desafio para a ancoragem das expectativas.
Passada a euforia, no entanto, a correção vivida pela economia e os ajustes em curso no mercado de trabalho podem reduzir o risco inflacionário. A política monetária tende a reforçar este ajuste. Como resultado, tanto a redução no ritmo de crescimento da renda e do emprego quanto melhorias nas expectativas de inflação permitem recuo da inflação de não comercializáveis, revertendo uma tendência registrada nos últimos anos. Nossas projeções indicam relativa estabilidade neste ano e queda mais clara em 2014.
Considerando-se, portanto, a tendência dos principais grupos que compõe o IPCA, faz sentido que a tendência de queda na inflação observada neste mês tenha continuidade. Os preços agrícolas no curto prazo e o esfriamento do mercado de trabalho no médio prazo serão fatores decisivos para que a inflação alcance 5,7% neste ano e 5,5% em 2014.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O semestre que não quer acabar

O primeiro semestre não quer acabar
O dólar disparou, a economia cresce muito lentamente e a inflação permanece alta. Definitivamente a política fiscal desenvolvimentista não deu conta do crescimento. A flexibilização excessiva da política monetária resultou em inflação alta e persistente, enquanto os juros mantidos artificialmente baixos impulsionaram os preços. Desonerações e outros intervencionismos foram distribuídos à mão cheia e apesar de todos os esforços intervencionistas o crescimento econômico não decolou.
Para a maioria dos analistas, a inflação foi tratada com leniência, possibilitando que o crescimento virasse a prioridade governamental. O custo de capital continua alto, agravado pelos juros em trajetória de alta. Ambas as variáveis comprometendo as decisões de investimentos.
O crescimento da massa salarial já não é o mesmo e a criação de novas vagas de trabalho está em queda. As famílias estão ainda muito endividadas e a inadimplência cai lentamente.  O estoque de crédito mantém-se muito elevado, requerendo revisão urgente.
O Estado avultou-se em demasia e não para de crescer. Por isso a carga tributária precisa aumentar continuadamente, embora os serviços públicos apresentem qualidade sofrível e tenham oferta muito abaixo da demanda. As contas públicas apresentam resultados desencorajadores, apontando para o seu desarranjo e desequilíbrio.
Empresários já trabalham com a hipótese do PIB crescer 1,8% e com a Selic entre 9,5% a 10 % para o final do ano.
Em outras palavras, as incertezas econômicas hoje são muito grandes. Institucionalmente, o país não evolui. As reformas estão esquecidas. As turbulências no quadro regulatório dos setores sob o regime de concessões são o exemplo mais bem acabado dessas instabilidades. O episódio da energia elétrica é emblemático. Criou a expectativa de que, em outros casos, os mesmos procedimentos estarão presentes.  O investidor estrangeiro entende que tudo poderá se repetir em processos de mesma natureza.
O segundo semestre precisa começar.
Sem investimentos não há crescimento e sem crescimento não há emprego, renda e consumo. Como a poupança interna é muito baixa o país precisa atrair os capitais estrangeiros. Para isso, será necessário afastar o intervencionismo e, claramente, ver recuperada uma doutrina mais liberal. Significa dizer, reduzir a carga tributária, cortar gastos, acabar com subsídios do Tesouro às empresas privadas ou setores da economia, reduzir o volume de crédito e buscar, pragmaticamente, por acordos comerciais com países europeus, asiáticos, com os Estados Unidos e Canadá. E, claro, sem dar de ombros para a América Latina.
Essas medidas devem estar inspiradas no reconhecimento de que a conjuntura internacional mudou. A China, embora os recentes sinais de estabilização, desacelerou, produzindo a redução dos preços das commodities produzidas no Brasil. Os Estados Unidos iniciou um novo momento na política de juros, graças a consistente recuperação de sua economia. Os juros de longo prazo estão em alta e, nesse contexto, é natural que os capitais deixem os países emergentes a busca de uma relação risco x lucro mais confortável.
Combater incertezas implica restituir a previsibilidade. Nesse momento o crescimento é absolutamente dependente dos capitais externos. Por isso, é preciso criar, com urgência, condições regulatórias atrativas aos capitais privados para infraestrutura e reduzir o tamanho do Estado. Tudo passa pela implantação da austeridade na política fiscal para combater a inflação e baixar juros. Precisamos encerrar o primeiro semestre para começar o segundo, com urgência.

domingo, 11 de agosto de 2013

A China se estabiliza ou se recupera?

A Ásia desenha seus planos (2)
Foram seis meses de desaceleração, levando analistas a acreditarem em 7,0% de crescimento do PIB em 2013. Mas, a China reagiu.
Na semana anterior, os país anunciou um superávit comercial de US$ 17 bilhões em julho, mesmo com crescimento das importações de 10,9%. A notícia produziu ânimos entre os produtores de commodities e ajudou o Ibovespa encerrar a semana com resultado positivo de 1,93%.
Um dia após o anúncio do inesperado superávit comercial, a China deu conta de seu CPI (consumer price index) do mês de julho. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a alta foi de apenas 2,7%, enquanto as expectativas para esse indicador mostravam-se bem mais elevadas.
O PPI (producer price index) foi na mesma direção. Recuou 2,3% no mês de julho, em relação mesmo mês de 2012. Face a junho, a queda foi de 2,7%.
Para arrematar, dois dados apontaram para o fim da desaceleração: a produção industrial em crescimento de nada menos que 9,7% em julho, na comparação anual, e a ampliação das vendas no varejo, cuja alta foi de 13,2% em julho, em relação ao mesmo mês do ano anterior.
O otimismo tomou conta das novas expectativas. De forma precoce, já se fala que a China não desacelerará mais sua economia e que a recuperação parece ter se iniciado.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O Japão corre "por fora"

A Ásia desenha seus planos (1).
O Banco Central japonês manteve o programa de aquisição de ativos e deu continuidade a sua política de juros anuais entre 0% e 0,1%. Sinalizou para o mercado sua disposição de realmente duplicar a base monetária, pondo fim ao longo período deflacionário vivido pelo país. A intenção é a de alcançar uma inflação anual na casa dos 2,0%.
Embora excessivamente agressiva e no melhor estilo nipônico, essa política econômica, cunhada com o estranho nome de ”Abnomics“, já conseguiu alguns resultados interessantes como um crescimento de 4,1% no primeiro trimestre desse ano e de 3,0%, no segundo. Os preços fizeram um movimento ligeiramente ascendente.
Naturalmente, isso só não bastara. A situação exigirá do Governo um esforço fiscal sem precedentes. Até agora, o endividamento público representa inaceitáveis 240% do PIB. O saneamento das contas públicas passa, como se sabe, pela redução dos gastos e obrigará a aumentos de impostos, provavelmente sobre o consumo. Essas medidas invariavelmente resultam em novos ciclos de desaquecimento econômico. E é nesse pontoí que, para a parte dos analistas, a equação não fecha.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Europa revigora-se lentamente

Economias europeias iniciam reações
O Reino Unido anunciou que a produção industrial apresentou no mês de junho aumento de 1,1% em relação a maio. Enquanto isso, na Alemanha, as encomendas industriais em julho, apresentaram alta de 3,8% em junho ante o mês de maio.
Para jogar água fria na fervura, a Itália anunciou uma redução de 0,2% no PIB do segundo trimestre desse ano em relação ao trimestre anterior.
A Europa começa a mostrar de forma mais consistente algum vigor em sua atividade econômica. As melhores notícias estão associadas principalmente aos dados de suas duas mais importantes economias: Alemanha e França. Em adição temos observado alguns indicadores melhorando no mercado de trabalho, com alguma ênfase na Espanha e dados também positivos no Reino Unido. Nada tão relevante para o curto prazo, mas com perspectivas mais promissoras nos prazos médio e longo.

Deflação na cesta básica

O comportamento dos preços e
a queda da demanda
O índice geral de preços – disponibilidade interna (IGP-DI), da FGV, veio com um ligeiro aumento 0,14% em julho, em relação ao mês anterior. Para se ter ideia da queda, em junho o indicador apontava alta de 0,76%. Considerado os últimos doze meses,  a alta é de 4,84%. É a inflação dando uma pausa. Pena que por pouco tempo.
A demanda está fraca devido ao esgotamento da política de crédito e da renda disponível cada vez menor. O desemprego já começa a inspirar cuidados e a notícia sobre a produção de automóveis faz o governo “por as barbas de molho”. A Anfavea anunciou queda na produção. As vendas de veículos recuaram 4,5% na comparação com o mês anterior. As maiores quedas estão associadas a veículos comerciais leves (-4,4%) e automóveis (-6,1%). A alta mais significativa ocorreu com caminhões (2,2%). É de se registrar que duas montadoras, visando preservar o nível de emprego, acabaram por adotar medidas como licença remunerada e férias coletivas. Ambas são maus presságios.
No mesmo sentido, os preços de produtos da cesta básica caíram em todas as 18 capitais, segundo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese. Segundo o órgão, o último recuo, em nível nacional, havia ocorrido em maio de 2007. Foi uma verdadeira deflação que beneficia as camadas mais pobres de nossa população.
A queda da demanda continua a produzir consequências positivas na inflação, mas sugere um desgaste acentuado do poder aquisitivo dos ganhos das famílias. Neese quadro, se a inflação voltar, como generalizadamente se prevê, a recuperação da atividade econômica deve ficar ainda mais difícil

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Interiorizando o baixo crescimento

A balança comercial passa a ser crítica para as regiões produtoras de commodities 
A balança comercial de julho assustou a todos. O déficit foi de US$ 1,9 bilhão, acumulando, de janeiro a julho, nada menos de US$ 5 bilhões de déficit comercial.
A perda de preços das commodities agrícolas mostrou-se funesta para o atual quadro exportador nacional. O processo de desindustrialização tornou-nos muito vulneráveis nas questões do comércio exterior. A dependência a produtos agrícolas, ou aos de mineração e da siderurgia mostra a alta concentração da pauta exportadora em produtos básicos, de baixo valor agregado. Nesse quadro, também se inclui as exportações de petróleo, cujas perspectivas de preços e quantidade vêm sendo ameaçadas pelo xisto e outros substitutos de maior eficiência ambiental. Por fim, a baixa competitividade nacional tem elevado as importações de partes, peças, componentes, insumos, materiais secundários e produtos.
Os Manufaturados apresentaram-se em queda de 4,4% nesse ano.Os semi-manufaturados, por seu lado, reduziram suas exportações em 6.7%, no mesmo período.
Esses resultados negativos vão contribuir para a redução da oferta no mercado de trabalho em regiões do país onde o consumo decorre do aumento da renda do homem. O baixo crescimento começa a ser interiorizado agrícola.

sábado, 3 de agosto de 2013

No Velho Continente

A Europa começa sua reação.
Primeiro foi a Itália, com seu índice de confiança em crescimento. Depois, a Alemanha. Agora, a Espanha e o Reino Unido.
A Espanha anunciou que o número de solicitações de pedidos de auxílio desemprego, em julho, apresentou queda de 1,4%, em relação ao mês anterior. Foram 64.866 solicitações a menos. Essa tendência deve continuar desagravando o quadro social espanhol nos próximos meses.
Do Reino Unido, também chegaram boas notícias. O PMI da construção subiu de 51,0 pontos em junho, para 57,0 pontos em julho. É a mais alta pontuação alcançada em três anos. E, ainda por cima, os preços de imóveis residenciais registraram o maior nível dos últimos cinco anos.

Expectativas e agitos econômicos

Na economia, nem as boas notícias
são bem recebidas mais
O Ibovespa deu de ombros para a o menor desemprego norte-americano e encerrou a semana em queda de 1,92% de segunda a sexta-feira, aos 48.474 pontos. É bem verdade que a criação das vagas novas se deu abaixo das expectativas do mercado, mas essa é a menor taxa de desemprego alcançada pelos Estados Unidos, desde o final de 2008, 7,4%. O volume financeiro girado ontem foi sofrível: R$ 5,3 bilhões.
As percepções sobre a atividade econômica estão piores do que, de fato, a realidade mostra. Uma espécie de pessimismo momentâneo, produzido por um longo período de sucessivas frustrações.
O dólar fechou em queda de 1,04%, cotado a R$ 2,2790, graças à continuada intervenção do Banco Central nesse mercado.
A inflação continua dando folga. O IPC FIPE, da 4ª quadrissemana de julho, registrou recuo de 0,13% em julho, ante alta de 0,32% no mês anterior. Especialistas tomam esse recuo como uma janela que a inflação abriu no seu ciclo de alta, mas que será retomado mais adiante, em função dos repasses a que a alta do dólar dará causa e do fim das isenções do IPI. Vamos aguardar para ver se essas previsões se realizam. Entreteanto, insisto que precisamos recuperar uma visão mais realistas dos fatos econômicos.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Commodities agrícolas

Movimentos nos preços das
commodities agrícolas
Na Flórida, as baixas temperaturas provocam queda na produção da laranja. As estimativas dessa quebra vão de 9,0 %, em relação ao ano agrícola anterior, até 13% na visão de alguns especialistas nesse mercado. A diferença pode ser explicada pela ênfase que cada previsão dedique aos elementos responsáveis pela quebra.
Na visão mais pessimista, acredita-se que além das questões climáticas, estariam também prejudicando a nova safra outros fatores, como por exemplo, os problemas fitossanitários. Com tudo isso, abre-se a perspectivas de recuperação dos preços da commodity no mercado internacional, provocando algum ânimo no combalido produtor brasileiro.
Por outro lado, as boas condições climáticas nos Estados Unidos, nas regiões produtoras de milho e de soja, elevaram as previsões para a safra desse ano, com impactos fortes nas bolsas de mercadorias. Dessa forma os preços da soja, nos contratos com vencimento em setembro fecharam novamente em queda, cotada a US$ 12,4425 por bushel. Em São Paulo, a saca de 60 kg apresentou-se com preços firmes, variando de um mínimo de US$ 28,10 a um máximo de US$ 28,50. Os preços não estariam mal, não fosse a alta dos custos de produção.
O milho segue “ladeira a baixo” no mercado internacional. Os contratos, com vencimento em dezembro, caíram 2,5% no pregão dessa quinta-feira passada, em Chicago. O trigo continua com sua demanda aquecida, respondendo também às questões climáticas. No Paraná, a saca de 60 kg apresentou cotação de R$ 44,18.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O resultado fiscal surpreendeu

O resultado fiscal foi bom. Mas não convenceu.
Alvo de críticas do mercado e até de técnicos da equipe econômica, a política fiscal do governo Dilma Rousseff voltou a ser foco de preocupação. Ontem, o Banco Central anunciou que a economia do setor público para pagar os juros da dívida, o superavit primário, caiu 20,5% no primeiro semestre, totalizando R$ 52,1 bilhões. Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), chegou a 2,25%, o menor resultado em 12 anos.
Conforme reconheceu o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, "o balanço fiscal do setor público está em posição expansionista". Ou seja, o governo continua gastando além do que deveria. Prova disso é que, quando consideradas todas as receitas e despesas, incluindo os encargos da dívida, o setor público apresentou um rombo de R$ 65,9 bilhões nos primeiros seis meses do ano, o equivalente a 2,85% do PIB. Essa conta, que os economistas classificam como deficit nominal, está crescendo. Há um ano, o buraco correspondia a 2,13% do PIB. Apenas em junho, o saldo negativo alcançou R$ 12,2 bilhões.
A deterioração das contas públicas coloca mais pressão sobre o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro Nacional. Ambos foram grandes defensores da expansão de gastos, como políticas anticíclicas, que pudessem estimular a retomada da economia.
Tudo parecia bem até que o país revelou o esgotamento do consumo como mola propulsora do crescimento do PIB. Graças a isso, tornaram-se objeto da desconfiança geral de empresários e investidores. Fala-se muito, mesmo dentro do Palácio do Planalto, nas suas substituições. A presidenta desmente, mas a oposição garante haver uma verdadeira conspiração na sede do executivo federal.
Seja como for (realmente isso pouco importa), a saída encontrada foi o anúncio de um corte na casa de R$ 10 milhões no Orçamento Nacional. Passado alguns dias do anúncio o fato é que o corte não conseguiu restituir credibilidade à política fiscal. A meta de economizar 2,3% do PIB, em 2013, é tida como inviável, obrigando o governo a admitir que ou não vai cumprir o superávit ou vai se por em prática procedimentos de criatividade contábil para fechar suas contas.
Em junho, o esforço fiscal produziu resultados positivos, tendo alcançado um superávit de R$ 5,4 bilhões, sem dúvida o melhor dos últimos dois anos para esse mês. O resultado atingido decorre dos cortes feitos nos estados e municípios, que conseguiram economizar R$ 3,1 bilhões, contribuindo para a redução da dívida líquida para 34,5% do PIB, o percentual mais baixo desde 2001.
A forte valorização do dólar, de quase 4,0 % no mês passado, também ajudou a obter resultado tão positivo. A variação cambial reduziu em R$ 26,7 bilhões o endividamento. Não fosse isso, a dívida teria subido, ao invés de cair.