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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Valor Econômico-Private Banking - 25/02/2014

Mudanças na administração de recursos
Pesquisa do Instituto Fractal mostra que apenas 29% dos entrevistados consideram o banco como um "ótimo conselheiro" para os negócios.
A matéria é do jornalista Danylo Martins.
 

É dia de Copom

A economia não anda. A inflação não cede.
O Copom teve que decidir sobre o aumento ou a manutenção da taxa básica de juros da economia nacional. A inflação continua alta e as previsões não são nada otimistas sob sua queda. Ao contrário, a última pesquisa Focus, do Banco Central, aponta para a alta da Selic. Sem outros instrumentos macroeconômicos de apoio à politica de preços, o Copom teria que, minimamente, aumentar mais 0,25% a taxa Selic. Por outro lado, o crescimento da economia permanece medíocre. Dados do varejo mostram crescimento em 2013, na ordem de apenas 50% do crescimento de 2012. A indústria mantem-se em queda e os serviços crescem pouco. Os sucessivos aumentos da Selic respondem por parte desse marasmo econômico. Investidores estrangeiros claramente voltaram às práticas de arbitragem dos altos juros nacionais, exatamente no momento em que as contas externas brasileiras estão em deterioração. São muito bem vindos, por isso. Entretanto, o capital produtivo gosta mesmo é de mercado em expansão. Talvez o Copom tenha se sensibilizado com essa história e queira ver ampliado o crescimento. Se essa hipótese estiver correta, o Copom poderia estar encerrando o ciclo de aperto  monetário com uma alta de 0,25% hoje e admitindo, para o final do ano, a Selic em 11% ou 11,5%.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Bruxelas no centro dos acordos biregionais

                  A questão é complicada,
mas pode avançar
A presidente Dilma Rousseff participou da 7ª Cúpula Brasil-União Europeia.
A Europa é a principal parceira comercial do Brasil. Os dados mostram que nessa relação a União Europeia importou, nos nove primeiros meses de 2013, € 24,9 bilhões em produtos brasileiros. Por outro lado as exportações para o Brasil alcançaram a cifra de € 30,4 bilhões. Os países europeus com maior fluxo de comércio com o Brasil são, em ordem decrescente, a Alemanha, a França, a Itália e a Espanha.
O esforço brasileiro de ampliar a parceria bilateral justifica-se pela necessidade de aumentar a competitividade da indústria nacional, de receber um nível maior de investimentos e pela necessidade de padronização de normas para os produtos dos dois países. Por outro lado, será preciso dar curso ao acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, negociado há 15 anos. O Mercosul tem imposto alguns entraves a essas negociações na medida em que se opõe à redução de tarifas, firmando uma posição protecionista da qual o Brasil tem se afastado. Os europeus ainda insistem em seus inaceitáveis subsídios à agricultura, dificultando com isso o acesso aos produtos do Mercosul. Outro ponto em questão diz respeito ao sistema de tributação da Zona Franca de Manaus que, nesse instante, é objeto de consulta da União Europeia na Organização Mundial do Comércio. As medidas fiscais brasileiras em Manaus são vistas como prejudiciais ao comércio internacional: isenção total do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), redução de até 88% do Imposto de Importação sobre insumos da indústria, diminuição de 75% do Imposto de Renda, além da isenção do PIS/Pasep e da Cofins nas operações internas da área. Além dos temas relativos à promoção da integração e da cooperação entre os blocos, o encontro precisa encontrar soluções para problemas das atuais relações comerciais que envolvem liberalização progressiva e recíproca dos intercâmbios de bens e de serviços, dos fluxos de investimento nas duas direções, compras públicas, propriedade intelectual, concorrência, solução de controvérsias comerciais, questões sanitárias, fitossanitárias e aduaneiras, comércio eletrônico e harmonização de normas comerciais. Tudo será mais difícil com o envolvimento do Mercosul. Basta imaginar a inexistência, ou a diversidade, de marcos regulatórios para grande parte desses temas Considere-se ainda os problemas de natureza ideológica de alguns de seus membros em relação às compras governamentais e às concessões dos serviços. Não bastasse isso, vemos uma Argentina impedida, pela crise gerada internamente, de aceitar reduções de tarifas e agravamento de suas contas externas. Não restam dúvidas de que esse acordo é um verdadeiro desafio diplomático.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Um mundo de controvérsias

Os discursos não batem com os fatos
As coisas parecem não ir bem do lado dos preços. O IPCA-15, divulgado pelo IBGE, apresentou alta de 0,70% em fevereiro. Esse número supera todas as expectativas e contraria os dados da FGV. O Índice Geral de Preços-Mercado da FGV (IGP-M), havia subido apenas 0,24% na segunda prévia de fevereiro, face a igual período do mês anterior, onde a alta havia sido de 0,46%. Essa inconsistência precisa ser explicada.
Com base nas informações da FGV, o governo deu conta à população do arrefecimento inflacionário. Isso, por si só, já me parecia absurdo em momento em que todos os preços dos hortifrutigranjeiros e de importados haviam subido muito em fevereiro. É bom lembrar da alta do milho, da laranja, do algodão e de outras commodities agrícolas.  Enfim, o caminho dos preços no Brasil não vai ser fácil de ser trilhado nos próximos meses. Quero crer que o Ministro Mantega realmente dê consequência ao corte de R$ 44 bilhões no Orçamento Nacional. Isso contribuiria muito no combate à inflação. Do ponto de vista das contas internacionais, o Brasil também não vai bem. O Banco Central anunciou um déficit em transações correntes de US$ 11,59 bilhões em janeiro. Um belo rombo, sem dúvida. Os olhos se voltam, então, para os Investimentos Externos Diretos que, em janeiro somou US$ 5,1 bilhões, aproximadamente. Nos últimos 12 meses, o saldo acumulado dos investimentos externos diretos atingiu a surpreendente cifra de US$ 81,62 bilhões. Nada menos de 3,67% do PIB. Os capitais chegam ao país, enquanto aqui, o discurso é de que os investidores temem o risco-País. Isso também exige explicações. Não se pode alardear um processo de fuga de capitais, quando os número dizem ao contrário.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Tudo ao contrário do Brasil.


A reforma econômica da China tornou-se inevitável
O PIB chinês de 2013 mostra que o país ainda trabalha dentro da estrutura de pensamento anterior às recentes propostas de mudança. Significa dizer que o grau de rigidez desse modelo está tão consolidado e inoperante que a mudança passou a ser inevitável. As reformas institucionais e as transformações na estrutura econômica tornaram-se mais que urgentes.  A contribuição do investimento para o crescimento econômico em 2013 subiu para o nível mais alto nos últimos anos, pressupondo que o investimento é a melhor receita para estimular a economia. Abaixo, relação capital-produto (ICOR), produzida CIEC BRAZIL, ilustra o crescimento econômico do país.
- Na década de 90, o investimento de capital acelerou, mas crescimento econômico declinou, embora com os aumentos contínuos de ICOR .
- Em 1998, a reforma estrutural das instituições do governo melhora a eficiência.
- De 2001-2002 , um novo ciclo econômico começa e o desempenho da volta a crescer. Embora o investimento de capital tenha sido grande, aceleração do crescimento econômico leva a uma queda na ICOR . A eficiência aumenta.
- Em 2008, o Governo apresenta o pacote de estímulo de 4 trilhões, em moeda local, para combater os efeitos da crise financeira global. Isto conduz a um enorme investimento de capital, resultando na diminuição contínua da eficiência. 

Se o pacote de estímulo de 4 trilhões não tivesse sido lançado , talvez a economia chinesa pudesse retomar seu ciclo econômico 2.001-2.002, construindo seu próprio mecanismo de recuperação e de autoajuste, em substituição ao modelo de crescimento liderado pelo investimento. Hoje a mudança dos motores de crescimento da economia chinesa se ​​torna inevitável. Problema de igual natureza, mas de direção inversa, assola o Brasil. O crescimento nacional precisa abandonar o consumo interno, como seu principal motor, e induzir um novo ciclo de investimentos, com ganhos de eficiência. A China, ao contrário, deverá reduzir seus investimentos e estimular o consumo interno.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

No final de semana haverá novidades

O Ibovespa subiu e o dólar caiu.
A alta do Ibovespa foi de 1,18%, encerrando o pregão aos 47.151 pontos. O volume girado raspou os R$ 7 bilhões, valor superior a média diária do ano. Enquanto isso, movido pelas mesmas razões, o dólar acabou o dia cotado a R$ 2,39, com queda de 0,04%.
A esses sinais positivos pode somar-se o anúncio, nessa sexta-feira, da meta fiscal de 2014. Ministro e Presidente reúnem-se amanhã e definem os cortes e outros acertos fiscais. O mercado espera com alguma ansiedade e pouca esperança sobre decisões mais fortes. Pessoalmente, espero por resultados positivos: cortes na casa dos R$ 40 bilhões. Há espaços para novos cortes no Ministério de Relações Exteriores, no da Defesa e no de Planejamento. Há espaços para cortes na Previdência e em despesas não obrigatórias do orçamento nacional. Há também espaço para corte nos programas sociais, hoje desarticulados e cujos gastos cresceram excessivamente no ano passado. É preciso coragem e desapego.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Preços dão refresco

Inflação desacelera, segundo  a FGV
O Índice Geral de Preços-Mercado, conhecido pela sigla IGP-M, apresentou alta de apenas 0,24% na segunda prévia de fevereiro, face a igual período do mês anterior, onde a alta havia sido de 0,46%. Segundo a FGV que apura esse índice, a desaceleração da inflação deveu-se à redução no ritmo da alta dos preços no atacado e no varejo. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e que corresponde a 60% do índice geral, apresentou-se praticamente sem variação: apenas 0,06% nessa segunda prévia de fevereiro. Em janeiro, no mesmo período, a alta foi de 0,36%. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do índice geral, veio com alta inferior ao mesmo período de mês de janeiro. Em janeiro a alta do IPC havia sido de 0,73%, enquanto em fevereiro foi de 0,64%. É muito cedo para concordar com o Banco Central sobre a convergência da inflação para o centro da meta. Vamos esperar pelos indicadores finais do mês desse mês.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Comércio se retrai

Comércio aponta queda no consumo
Com crescimento de 4,3%, o pior em 10 anos, e com queda das vendas em dezembro, o comércio também dá sinais de exaustão.
Significa dizer que o consumo está em queda e que definitivamente não daria mais suporte à aceleração do crescimento nacional.
As razões para isso podem ser encontradas no efeito conjunto de algumas variáveis econômicas: inflação elevada, crescimento mais lento da renda real, juros mais altos, alto endividamento das famílias e menor oferta de crédito. Para completar, os reajustes cambiais agravaram os preços dos importados. Em quadros como esse, os alimentos, eletroeletrônicos e todos os produtos dependentes de insumos importados são obrigados a reajustes de preços, penalizando as famílias pela retração do consumo.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Pessimismo à solta

Banco Mundial põe caco de vidro
na feijoada brasileira
O Banco Mundial acaba de publicar seu tradicional relatório "Perspectiva Econômica Global 2014". Nele, a previsão é que o Brasil se apresente com um crescimento sofrível, em relação aos de mais emergentes.
O PIB brasileiro alcançaria apenas 2,4%, tendo atrás de si apenas o Irã e o Egito, cujos crescimentos seriam, nessa previsão de 1% e 2,2%, respectivamente. Em relação à expansão global, o Banco Mundial espera que atinja os 3,2%, o que reduziria a participação relativa do Brasil na formação da riqueza global desse ano. Francamente, essa previsão para o crescimento do PIB do Brasil ainda me parece muito otimista. Olho nosso superávit primário como muito modesto para 2014, vejo a continuidade da deterioração de nossas contas externas, o nível de investimento na economia não sugere crescimentos maiores que 2,0%, a confiança entre empresários nacionais é muito baixa e o risco-Brasil tende a crescer. Há quem dê como certo o rebaixamento das notas do país pelas principais agências de risco. O Banco Mundial atribui à maneira negativa de ver o Brasil como decorrente da recente transformação pela qual passou a política monetária norte-americana. Verdade seja dita: após esse episódio, países como Índia, Indonésia, África do Sul e Brasil passaram a ser reconhecidos como países com economias frágeis e vulneráveis. Voltamos a pensar que fundamentos econômicos são realmente importantes e que política fiscal não pode ser utilizada de maneira inconsequente.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Europa periférica

Espanha traz boas novas
O Ministro das Finanças do país espera reajustar, nos próximos dias, a estimativa de crescimento para 2014. A última previsão falava em 0,7% de alta o ano. A OCDE também mostrou otimismo com as situação dos países-membros. Anunciou que a taxa de desemprego nesses países recuou de 7,7% em novembro para 7,6% no mês de dezembro. A redução é mínima, mas animadora por tratar-se da terceira queda consecutiva.

Emprego na indústria caiu em 2013

A continuar assim, esse negócio de pleno emprego pode acabar
Tradicionalmente a indústria paga bons salários. 
O IBGE, no entanto, está registrando uma queda no nível de emprego em 2013.
Sob qualquer ângulo que se olhe essa questão, o recuo de 1,1 % é um péssimo sinal. Sem investimentos novos, o parque industrial brasileiro está em pleno processo de sucateamento. O crescimento das importações está sendo a forma de garantir o abastecimento da demanda nacional. O Brasil emprega os trabalhadores em outros países e a China agradece. Essa notícia do IBGE mostra que a esperada recuperação industrial não entrará em cena tão cedo e que produção industrial continuará cadente.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Republicando o que foi mal postado ontem

Não só as donas de casa continuam
insistindo na ideia da inflação
O IPCA do último dia da semana registrou inflação de 0,55% no mês de janeiro. Foi um alívio geral, depois de dezembro ter apresentado alta de 0,92%. 
A redução do indicador foi atribuída, sobretudo aos menores reajustes dos preços de alimentação e transportes. O problema, entretanto, será conviver com os aumentos ocorridos em fevereiro em itens como frutas, legumes, verduras, carne e ovos. Os preços mais caro em reais, dos produtos exportados em dólares, também vão por pressões novas sobre os preços internos. Os bens importados, pela apreciação do dólar, também. Hoje o Boletim Focus trouxe sua expectativa para a taxa Selic em 2014. Na semana passada a previsão anualizada desse boletim falava em 11,0%. Agora, já passou a esperar por 11,25%. Donas de casa, mesmo sem um institutos de pesquisa de preços a auxiliá-las, me dizem estar voltando para casa com suas sacolas mais vazias. Greves por reajustes mais altos e movimentos sociais contra aumentos de preços começam a pipocar.

Expectativas estão muito baixas

A semana começou sem mudanças
nas expectativas
O desânimo empresarial ainda não foi revertido. Nessa segunda feira, o Ibovespa apresentou queda de 0,75%, fechando aos 47,711. Volume O giro financeiro ficou na casa dos R$ 6,8 bilhões. São dados medíocres.
Quanto ao dólar, a alta foi de 1,18%, cotado ao máximo de R$ 2,40. A inflação, medida pelo O IPC-S veio com alta de 0,96%, na primeira quadrissemana de fevereiro. Os números, em princípio, alimentam a deterioração das expectativas.
Há uma convicção já bastante generalizada que a política fiscal acha-se engessada pela falta de espaço para ajustes mais robustos em função do ano eleitoral. Portanto, se a recuperação do superávit primário se der, será fruto muito mais dos cortes em investimentos do que da redução da gastança oficial. O andar da carruagem sugere que o crescimento pode estar comprometido para 2014, ainda mais com esse recrudescimento inflacionário de fevereiro, que pedirá nova alta da Selic. O cenário descrito sugere paralelamente a desaceleração no emprego e na renda.
Pobre consumo!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Bancos oficiais fazem a diferença do varejo

Para rodar os estoques, nada como o financiamento às vendas
De todos os setores da economia, o varejo é o que mais tem se destacado em termos de crescimento. Talvez ainda preservado pelos programas de crédito dos bancos oficiais ou pelo crescimento da renda real, ainda que mais lento em 2013, o setor continuou a crescer em janeiro.
O indicador SERASA EXPERIAN que afere o nível de atividade do comércio, apontou no mês passado expansão dessazonalizada de 1,7%, após haver registrado nos dois meses anteriores altas na casa dos 1,3%.
Essa alta é generalizada pelos ramos do setor varejista, envolvendo principalmente móveis, eletrodomésticos, equipamentos de informática, combustíveis e lubrificantes. O crescimento nesses segmentos sugere a importância dos programas de crédito sustentados pela Caixa e pelo Banco do Brasil.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Depois do início das reduções nos estímulos nos USA

Duas informações sobre o desempenho
da economia norte-americana
O índice de atividade do setor de serviços nos Estados Unidos cresceu 1,0% no mês de janeiro, resistindo às medidas de redução dos estímulos monetários. O ISM saiu dos 53,0 pontos apresentados no mês de dezembro, para os 54,0 pontos em janeiro. A notícia agradou analistas e marca um desempenho surpreendente para o atual momento econômico. No mesmo sentido, o emprego , no mês de janeiro, no setor privado americano, apontou a  criação de 175 mil novas vagas. O ADP veio forte, mas bem abaixo das 227 mil vagas criadas em dezembro. Há, entretanto, que se levar em conta que dezembro é sempre um mês atípico pelo maior nível de consumo, enquanto janeiro é o mês da ressaca do mercado.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Crescimento baixo e preços se movimentam para cima

Primeiros sinais das novas
pressões inflacionárias
O IPC-Fipe do mês de janeiro já acusou as primeiras altas, na cidade de São Paulo. Alcançou 0,94%, contra 0,65%, do mês de dezembro de 2013. Trata-se de alta expressiva que reflete o as altas dos produtos hortifrutigranjeiros nesse início do ano. A seca e a temperatura elevada reduziram abruptamente a oferta desses produtos. Por outro, a alta do dólar se reflete diretamente sobre os produtos importados. Sobretudo nos produtos como fibras, grãos e demais cereais, cujos preços estão em alta expressiva no ambiente internacional.
Soltar preços agora os preços administrados deve agravar ainda mais a essa situação.
A Produção Industrial, medida pelo IBGE, no mês de dezembro, veio em queda de 3,50%. A queda é grande e desanimadora. Não adianta atribuir a culpa apenas à indústria automobilística. A queda é geral, assim como a inflação aumentou seu índice de dispersão. Não há muito mais o que esperar de 2014.

Enquanto se discute a validade do PIB...

Oferta agrícola e câmbio
vão obrigar a Selic a voar alto
Em dezembro, o excesso de chuvas fez os produtos hortifrutigranjeiros subirem seus preços.
O veranico de janeiro, que se estenderá pelo menos até a primeira quinzena de fevereiro, puseram esses preços nas alturas. Ovos, legumes, leite e verduras tiveram uma de suas maiores altas na história recente dos preços praticados junto a consumidores. Essa seca inesperada está acompanhada por temperaturas muito altas, inviabilizando a produção desses itens. Isso está ocorrendo exatamente no verão, quando a população aumenta o consumo de saladas, frutos e sucos. A seca afetou também a produção de laranja no Brasil, enquanto, na Flórida, as expectativas de produção da laranja são cada vez menores. O suco de laranja está apresentando sucessivos picos de preços no mercado internacional. O mesmo fenômeno ocorreu com o trigo nos Estados Unidos, pressionando as cotações nas bolsas de mercadorias de todo o mundo. No Paraná, ontem, o preço médio do trigo cresceu mais 0,25%.
As pastagens secas fizeram a arroba do boi gordo também subir. A carne bovina está muito cara e puxou a carne de frango e a de peixe. Nos Estados Unidos, a oferta de boi gordo está baixa em função da redução do rebanho nesses últimos anos. Por outro lado, a demanda de milho mantem-se firme nos Estados Unidos e a oferta nacional foi prejudicado pela falta de chuva, no momento em que o milho está granando. A safrinha do milho e o feijão da seca já estão com suas produções comprometidas, de vez que não puderam ser plantadas ainda. Estamos com atraso de duas semanas no plantio e isso leva a um recuo da produção de grãos e outros cereais. Imaginemos agora o efeito do câmbio sobre os importados e a gastança pública em ano eleitoral. A Selic terá que crescer muito para conter a inflação. O consumo tende a manter-se baixo.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Risco fiscal continua elevado

Baixo crescimento e
ciclo político elevam as
dificuldades de ancoragem
 das expectativas fiscais.
Texto de Roberto Padovani - economista chefe da Votorantim Corretora.
Resultados fiscais de 2013 indicam grande desafio para este ano.
A desaceleração cíclica das receitas, a política de desoneração de impostos e a tendência de alta contínua das despesas impediram o setor público de alcançar a meta fiscal em 2013. Este cenário não deverá mostrar grande alteração: mesmo com um contingenciamento de despesas, o governo central dificilmente apresentará um desempenho fiscal melhor neste ano. Da mesma forma, o ciclo político atua contra um maior esforço de estados e municípios.
Desoneração tributária e crescimento comprometem receitas. O baixo crescimento econômico e a reversão apenas gradual das desonerações não permitem um desempenho melhor das receitas em 2014. Além de a redução de impostos limitar o aumento da arrecadação, a política de desonerações não ajudou o crescimento: a carga tributária do setor público consolidado pode não ter se reduzido, o sistema de impostos permanece complexo e é possível que os estímulos ao consumo e produção tenham sido atrapalhados pela percepção de que o risco fiscal tornaria o alívio tributário temporário.
Contingenciamento é fundamental para atenuar expansão dos gastos. Estimamos que um contingenciamento próximo de R$ 30 bilhões, que pode atingir principalmente as despesas de custeio e capital, somado a um cancelamento automático de cerca de R$ 12 bilhões de despesas vinculadas – gerado pela revisão, ao longo do ano, de receitas superestimadas – podem gerar um superávit do governo central de 1,5% do PIB. Em nosso cenário, no entanto, o baixo crescimento e a alta persistente nas despesas (Figura 1) indicam um superávit menor do governo central, de 1,2% do PIB. Para os governos regionais, o ciclo eleitoral poderá inibir avanços relevantes e manter o primário próximo ao patamar atual (Figura 2). Com isso, não alteramos nossa estimativa de um superávit primário para o setor público consolidado de 1,5% do PIB para este ano.
Sinalizações da política fiscal devem influenciar pouco a confiança no País. Temas como inflação, juros e classificação de risco são incentivos para que o impulso fiscal seja reduzido e contribua com a política monetária. Por outro lado, incorporamos o cenário de piora na classificação de risco: as incertezas fiscais permanecem elevadas e continuam os problemas recorrentes de transparência e credibilidade na gestão fiscal, uma vez que a discricionariedade nos abatimentos dos investimentos gera dúvidas quanto à vontade política de se cumprir metas. Neste caso, a ancoragem das expectativas fiscais, se ocorrer, deverá ser gradual e baseada em resultados concretos de curto prazo.