Para os que ensinam e
os que aprendem
Em
educação de executivos, o pensamento dominante das escolas especializadas identifica
características de aprendizagem próprias dessa geração de gestores. Nesse
diagnóstico, os executivos são cada vez mais jovens e conectados. Querem
acessar conteúdos específicos, de aplicação imediata, no momento e do jeito que
escolherem. O conhecimento é buscado de forma fragmentada, parcial e muito
rápida. Deve ser aplicado de forma imediata, pois a empregabilidade estaria
dependendo do saber fazer. Por isso, consultam apenas trechos de livros e
compartilham histórias e experiências. Problemas e respostas são melhor
entendidos por meio de trabalho colaborativo, que permita a interação com
outros gestores. A gamificação
introduz elementos lúdicos, responsáveis por tornar o aprendizado mais atraente
e divertido. Tudo muito concreto, sem abstrações teóricas mais complexas ou
elaboradas.
As
escolas e seus mestres se preparam para atender essa nova demanda,
intensificando o uso de ferramentas digitais para a educação corporativa. Essa
prática instrucional faz perder os próprios objetivos da educação profissional.
Apenas
configurar um estilo único de aprendizagem e definir uma espécie de figurino
para o procedimento didático dos professores neutraliza o desenvolvimento do
espírito crítico e compromete as capacidades de análise e síntese.
Interpretar
uma geração de gestores, como uma massa homogênea, sem respeito aos elementos
individuais do aprendizado, como se todos desejassem as mesmas coisas e agissem
da mesma forma para obter um conhecimento apenas utilitário parece distante do
que chama de educar. Os gestores serão treinados em saber como fazer, como
decidir, como resolver os problemas presentes. Mas, desprovidos do arcabouço
teórico para resolver novos problemas. Quando isso acontecer, todos terão que
procurar um novo curso, pois não aprenderam a aprender. Precisarão de uma nova
reciclagem em sala de aula.
Isso
não pode ser educação continuada, porque não é educação.
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