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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Hoje é dia de Selic.

A armadilha está montada
Os preços administrado estão com inflação anualizada, até agora, acima dos 1,0%. Os preços livres, acima de 7,0% ao ano. Gasolina, gás, eletricidade, transporte, e outros itens sob controle governamental precisarão ter seus preços revistos, nesses próximos períodos, por razões fiscais. A inflação, nesse caso, dispararia. E já estamos a menos de um ano das eleições presidenciais.
Não resta ao Banco Central outra alternativa. Se estiver na posse de seu verdadeiro papel, terá que subir os juros, de uma só vez, alcançando um patamar mínimo da taxa básica de juros de nossa economia de 10,5% ao ano.
A combinação juros altos, com as privatizações em curso é uma mistura explosiva que fará sobrar dólares por aqui. Com isso, o real continuará se apreciando frente ao dólar.
É esse o desenho do quadro para 2014.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Comércio exterior, apenas com produtos básicos, leva a déficits comerciais

Os resultados mostram a ausência
de política industrial
Saldo comercial cada mais negativo explica, em grande medida, o aumento do déficit em conta corrente no mês de outubro e revela a fragilidade do comércio exterior brasileiro.
O saldo em conta corrente apresentou, no mês de outubro, déficit de 7,1 bilhões de dólares, acumulando, nos últimos doze meses, US$ 82,2 bilhões, valor equivalente a 3,67% do PIB.
O desempenho da Balança Comercial (exportações-importações) foi a principal, mas não a única, causa desse resultado. Em setembro a balança apresentava superávit de US$ 2,1 bilhões. No mês de outubro, isso se inverteu e concluímos o mês no território dos números negativos, com déficit de  US$ 224 milhões. Para agravar, o saldo de viagens, também foi negativo, com déficit na casa de US$ 1,8 bilhão.
Por outro lado, e salvando parcialmente a lavoura, o saldo líquido dos Investimentos Estrangeiros Diretos atingiu, em outubro, US$ 5,3 bilhões. Nos últimos doze meses, o IED mostra saldo acumulado demUS$ 59,1 bilhões, equivalentes a 2,65% do PIB.
Esses dados mostram que já não cabe adiar a construção de uma política industrial, capaz de diversificar a pauta exportadora do país, por meio da ampliação da competitividade de setores industriais considerados estratégicos para a sustentabilidade da economia nacional.

Europa mais depressa

A Alemanha é mesmo a
locomotiva da Europa
O PIB da Alemanha registrou crescimento de 0,3%, no terceiro trimestre desse ano, em relação ao trimestre anterior. Esse desempenho deveu-se, na opinião das autoridades germânicas, ao aumento do consumo interno, evidenciando a maior confiança do consumidor em relação à economia da região.
Nesse sentido, o IFO, índice que mede o sentimento das empresas também se mostrou em alta. Saiu dos 107,4 pontos, em outubro, para 109,3 pontos, em novembro.
Esses dados semearam otimismo nos principais analistas europeus que já falam em crescimento superior a 1,5% nesse ano. A ser verdade, essas previsões podem acelerar o ritmo da lenta e recente recuperação da região.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

E vem crescimento por aí

A Europa e a China reagem
O índice ZEW referente ao sentimento econômico europeu mostra avanço considerável na Zona do Euro. Evoluiu dos 59,1 para 60,2 pontos de outubro para novembro, impulsionado pelos juros mais baixos. Por toda a região inicia-se um processo de maior confiança na recuperação europeia e até um alento novo com os resultados referentes ao último trimestre do ano. Imagina-se para esses meses uma aceleração quase generalizada da economia europeia. Vamos esperar e conferir.
Na China, a expressão “forças do mercado” vem ganhando prestígio para explicar o comportamento da moeda local face ao euro e ao dólar. O movimento de abertura do mercado financeiro deverá inaugurar para o câmbio e para os juros um novo processo de precificação.
Fluxos dos capitais estrangeiros e nacionais passam a ser relevantes na formação desses preços, contando, naturalmente, para manutenção da estabilidade, com a magnitude espantosa das reservas chinesas, que por isso passam a ter funções novas na proteção de eventuais desequilíbrios nessas áreas.
Portanto, o regime cambial deverá prever bandas para oscilações das apreciações e depreciações da moeda chinesa. O mercado espera que a amplitude dessa banda venha a ser bem maior do que a de passado recente para sinalizar com uma maior liberação para flutuação desses preços.
Por outro lado, a taxa de juros passará a sofrer pressões mais fortes com a ampliação da entrada de capitais, pressionando a liquidez do sistema e induzindo a queda da dólar e a alta dos preços internos.
Será necessário, portanto, uma monitoração muito precisa desses elementos e um gradualismo muito controlado, com ajustes sucessivos de excessos eventuais.
Difícil mesmo ficou prever o crescimento do PIB para o próximos períodos.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O Brasil na berlinda

Intervencionismo reprovado ensina
caminho de volta para 2014
A inflação surpreende com novas altas. O governo está mais pessimista que o próprio mercado. Com isso, sinaliza para novo aperto monetário, cujo início deverá se dar antes mesmo das eleições presidenciais.
Esse aperto monetário deverá ser acompanhado de um “saco de bondades” que inclui redução de impostos sobre medicamentos e sobre importações.
Para reduzir as pressões inflacionárias em 2014, a política salarial deve mudar. O crescimento dos salários não deve superar e os ganhos de produtividade do trabalho. Foi um aprendizado lento e difícil, mas os fatos deram razão à teoria e a equipe do governo começa a entender que o jogo do intervencionismo nem é bom, nem agrada aos investidores.
Nesse quadro, o mais sensato será esperar pelo rebaixamento da classificação do crédito do país. Evitar esse rebaixamento exigiria a implantação de reformas profundas e imediatas, o que se sabe impossível.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Crescimento definitivamente não vai bem.

IBC-Br de setembro não sinaliza para crescimento do PIB no terceiro trimestre
O IBC-BR, índice de atividade econômica do Banco Central apresentou queda de 0,1% de agosto para setembro.
Dessazonalizado, o resultado veio abaixo das expectativas do mercado. Em agosto o índice havia apontado alta de 2,1%.
Do ponto de vista de uma análise mais cuidadosa, esse resultado de setembro sugere um desempenho fraco para a economia brasileira no terceiro trimestre desse ano.
No mesmo sentido, as vendas no varejo, segundo o IBGE cresceram menos do que o esperado. Parece que o consumo das famílias está sendo prejudicado pela inflação passada. As sucessivas altas de preço reduziram os ganhos reais das famílias, mesmo com uma taxa de desemprego próxima à taxa natural.
É fato que o comprometimento da renda com pagamento de empréstimos ainda é alto, conquanto venha diminuindo lentamente ao longo dos últimos meses.
Todos os maiores números sugerem que o modelo de crescimento baseado no consumo se exauriu mesmo. A saída seria a ampliação das taxas de investimentos da economia nacional como sugerem os melhores economistas do país.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

As voltas que o mundo dá

O quê esperar da China a partir
dos últimos dados?
A Itália apresentou alta em sua produção industrial 0,2% de agosto para setembro. O resultado não empolga por estar abaixo das previsões de mercado. Seja como for, cresceu.
Na China, a produção industrial veio também com alta. A alta chinesa supera as previsões de mercados e atingiu 10,3%. O varejo também viu crescer suas vendas em 13,3%, no mês de outubro.
E a inflação chinesa, como está neste contexto de crescimento? O CPI veio também com uma alta nada desprezível de 3,2% em outubro. O número, entretanto, é inferior ao previsto pelo mercado e agradou aos analistas.
Não se pode esperar muito da Itália e isso dá para entender. Por outro lado, surpreende um crescimento da economia chinesa tão forte como esse. E agora, com as reformas esperadas?

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Venezuela próxima da ingovernabilidade

 A ação do governo já não faz sentido.
O descontrole se generaliza.
Para evitar especulações com os preços, o governo do presidente Nicolás Maduro invadiu sábado passado, loja de eletrodomésticos da rede Daka, na Venezuela. Soldados entraram na loja para obrigar a empresa a vender seus produtos a preços mais baixos. Imagino tratar-se de intervenção nos preços de uma única loja e que terá um efeito exemplar em relação ao demais agentes econômicos.
Nesse episódio foram detidos vários administradores da empresa.
Em discurso à tarde, o presidente afirmou que os verdadeiros criminosos eram os empresários sem escrúpulos que exploram os venezuelanos com aumentos injustificados de preços: "Aqueles que têm saqueado a Venezuela são os senhores, parasitas burgueses", disse.
Nada mais parece funcionar no país. Pelo que se vê, o estado está falido e desarticulado. A governabilidade se exauriu e o país caminha rapidamente para uma ruptura econômica e institucional.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Bola fora

Fazer projeções é uma temeridade.
Mas precisamos delas.
O FMI fez em seu relatório semestral, de outubro de 2013, a seguinte previsão para o crescimento mundial:
Portanto, segundo a previsão, a economia global encerrará 2013 com um crescimento de 2,9%, abaixo dos 3,2% registrados no ano passado e dos 3,9% de 2011. Em 2014, o crescimento global atingirá 3,6%.
As economias emergentes e os países em vias de desenvolvimento terão crescimentos este ano de 4,5%, abaixo de 4,9% de 2012, e também muito inferiores aos 6,2% de 2011.
Para 2014, o crescimento destas economias estará em 5,1%, abaixo dos 5,5% projetados anteriormente.
Os Estados Unidos
Embora a economia dos Estados Unidos tenha acelerado de maneira mais rápida que o esperado no segundo trimestre de 2013, em decorrência do aumento nas exportações e, ainda que tenha sugerido que o Federal Reserve viesse a iniciar a redução de seu programa de estímulo econômico, o fato é que seu Produto Interno Bruto não ultrapassará a taxa anual de 1,6%. Palavra do FMI.
Contrário a todo esse pessimismo, as estimativas revisadas em agosto de 2013, pelo Departamento do Comércio Americano, afirmam que o crescimento será de 2,5%.
Agora veio o resultado efetivo do crescimento do PIB dos EUA. Foi de 2,8% em termos anualizados, no terceiro trimestre.
Excessos à parte, a economia norte-americana seguirá em ritmo de crescimento moderado, permitindo melhorias paulatinas das condições de produção, consumo e emprego existentes no pré-crise de 2008.
Em reforço a essa expectativa mais otimista, associada à possível evolução positiva da economia americana, constata-se uma trajetória declinante da taxa de desemprego. Merece atenção especial o aumento de renda e suas repercussões positivas nos indicadores de confiança dos consumidores, bem como no aumento do consumo do país. Ainda assim, Federal Reserve segue cauteloso, sustentando que a taxa de juros será mantida até o final de 2014.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Câmbio: expectativas distorcidas

A recuperação norte-americana
e o câmbio no Brasil
A cada notícia positiva sobre o crescimento dos Estados Unidos, o dólar cresce seu valor face às demais moedas do mundo. Embaixo desse comportamento está a crença de que o crescimento norte-americano obrigará a redução do programa de estímulos do Fed, com a redução das doses de injeção de liquidez no mercado. Isso está sendo interpretado como uma redução expressiva na liquidez, em dólar, do sistema financeiro mundial, sem levar em conta que o estoque da moeda norte-americana em circulação é um número absolutamente incalculável. Também parece esquecido que o programa prevê um gradualismo amedrontado. Afinal, "cachorro picado de cobra tem medo até de linguiça"
Trata-se de uma ingenuidade que afeta o valor do real, em movimentos súbitos, imprevisíveis e, muitas vezes, de grandes amplitudes. Não se pode perder o timing dessa oscilações, sob pena de perdas extraordinárias nos patrimônios de pessoas e instituições.
De fato, em prazos mais longos, será desejável voltarmos aos pensamentos cambiais mais estruturados sugeridos pela teoria econômica, admitindo que outras variáveis formam o preço do real face ao dólar. A teoria pede a análise do total da dívida externa brasileira em relação ao seu PIB total, das variações nos termos de troca e da produtividade do trabalho nacional em relação à produtividade do trabalho norte-americano. Isso remanesce esquecido.
Na próxima postagem quero analisar essas três variáveis e mostrar o que se pode esperar para o câmbio no Brasil em 2014.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Política Fiscal Gera Incerteza

Risco fiscal é crescente, mesmo com
relativa estabilidade na dinâmica
de dívida e menor pressão sobre
a política monetária.
Contribuiu com esse texto Roberto Padovani:
Economista Chefe da Votorantim Corretora
Tendência de piora fiscal continua. O comportamento recente das contas públicas tem sido determinado tanto por uma flutuação cíclica das receitas quanto pela sustentação de uma tendência de alta nas despesas. Não vemos uma reversão deste quadro em 2014: a retomada gradual da economia tende a moderar a expansão das receitas, ao mesmo tempo em que o calendário eleitoral eleva o desafio para se ancorar as expectativas fiscais, mesmo que a influência do ciclo político sobre o comportamento das despesas não seja claro.
Projeções indicam resultados abaixo da meta. Apesar de um resultado primário abaixo do esperado em setembro, marcado em grande medida pelo aumento dos investimentos públicos, nossas projeções para o superávit primário não se alteraram: 2,0% do PIB neste ano e 1,5% em 2014. As estimativas consideram, além das receitas de concessões, as receitas extraordinárias do Refis de R$ 12 bilhões e os dividendos adicionais de R$ 15 bilhões em 2013. Para o próximo ano, trabalhamos com receitas de dividendos próximas a R$ 28 bilhões. Os resultados, portanto, devem ficar abaixo da meta neste ano e no próximo.
Dinâmica de dívida permanece controlada. Mesmo considerando-se um esforço fiscal menor que o registrado no período de 1999-2010, os avanços institucionais e de fundamentos registrados ao longo dos últimos 15 anos reduzem as chances de um aumento substancial do estoque de dívida e/ou de um choque na taxa de juros. Nossos exercícios indicam que, caso o PIB cresça entre 2,5 e 3,0%, um resultado primário ao redor de 2,0% pode ser suficiente para estabilizar a dívida bruta.
Mas riscos fiscais são maiores. Apesar de uma dinâmica de dívida controlada, os riscos são crescentes. A dívida bruta ao longo dos últimos anos tem aumentado, oscilando próximo ao patamar de 60%. Além disso, ruídos de comunicação, problemas de transparência, aportes do Tesouro no BNDES e a renegociação de dívida de estados e municípios reforçam a preocupação em relação à trajetória recente de dívida e dificultam a ancoragem das expectativas fiscais. Este quadro poderia ser revertido com uma menor expansão dos gastos e avanços institucionais, elevando a transparência e o comprometimento com metas, o que parece pouco provável.
Política fiscal torna cenário complexo. Com riscos fiscais maiores, os mercados já trabalham com um cenário em que as agências de rating reduzam a classificação de risco da economia brasileira. O CDS de Brasil tem se descolado significativamente de países como Peru, Colômbia e México. Neste caso, mesmo que o resultado fiscal ajustado pelo ciclo econômico possa contribuir para melhorar a combinação de instrumentos de política, reduzindo a pressão sobre o Banco Central, as dúvidas sobre a solvência do país são crescentes e elevam as incertezas sobre as trajetórias de câmbio, inflação e juros.

sábado, 2 de novembro de 2013

Produção industrial outra vez é medíocre

O crescimento industrial reflete o
baixo nível de atividade do país
A produção industrial, medida pelo IBGE, em setembro, surpreendeu negativamente a todos, com alta de apenas 0,7%. Os resultados mais pessimistas esperados pelo mercado giravam em torno de pelo menos 1,0%. No acumulado de 2013, o indicador é positivo em 1,6%. Esse resultado da produção industrial mostra-se compatível com o PIBinho previsto para esse ano.
A continuar assim, vamos agravar o desempenho do mercado de trabalho em poucos mêses.

Oi, inflação

Mais adiante, os preços podem
voltar a subir
O IPC-S da FGV, referente a 4ª quadrissemana de outubro, apresentou elevação de 0,55%, frente aos 0,30% de setembro.
Nessa altura do ano, o resultado deve ser avaliado como ruim, embora sob controle. No acumulado dos últimos doze meses, o índice está em 5,36%.
É provável que mais a frente a inflação volte a recrudescer. As contas públicas se deterioraram e o governo será obrigado a reduzir seus subsídios. Isso vai implicar o reajuste dos preços administrados.