Mesmo
com baixo crescimento, não será criada folga significativa da economia em 2014,
mantendo a inflação elevada.
Texto de Roberto Padovani,
economista-chefe da Votorantim Corretora
PIB
seguirá em lenta expansão. Tem ficado claro que o ajuste pelo qual a economia
está passando, após os excessos do crescimento até 2010, ainda se estenderá por
um bom tempo, com o ritmo de crescimento ficando abaixo do potencial de longo
prazo da economia. Por um lado, há sinais consistentes de uma recuperação
cíclica do crescimento global. Mas, por outro, o consumo local perde fôlego por
conta da aceleração inflacionária, do desaquecimento do mercado de trabalho e
da retirada de estímulos econômicos.
No
entanto, novo tombo na economia é improvável. Em nossa avaliação, os principais
determinantes da demanda, como inflação, crédito, emprego e incentivos de
política econômica, não são restritivos o suficiente para levar a mais um tombo
da economia em 2014. A inflação ainda é alta, mas já parou de acelerar. No
mercado de crédito, após a estabilização/recuo nos indicadores de endividamento
e comprometimento de renda, já há sinais de retomada no volume, sobretudo no
crédito livre para pessoas físicas. No mercado de trabalho, apesar de o ritmo
da ocupação estar fraco, a alta no desemprego deverá ser gradual. Por fim, o
aperto monetário não deve se estender muito, já que o objetivo não é a
convergência rápida da inflação para o centro da meta. A política fiscal, da
mesma forma, deverá, na melhor das hipóteses, ser neutra.
Indústria
segue em ritmo fraco. Apesar de o ciclo global favorecer exportações para o
próximo ano, incertezas econômicas e políticas locais devem influenciar
negativamente os investimentos. Com isso, o impulso para a indústria será
moderado: nossa projeção para o PIB industrial, que contraiu 0,8% em 2012, é de
crescimento de 1,3% para 2013 e 2014.
Comércio
ainda cresce razoavelmente. Como reflexo de condições de renda ainda favoráveis
e estabilização do mercado de crédito, o comércio pode continuar crescendo,
ainda que em um ritmo mais moderado. As vendas no varejo devem oscilar entre
4,5% e 5,5% em 2013-2014, após um crescimento médio de 8,3% no período
2007-2012. Neste caso, o crescimento do PIB de serviços pode ser de 2,2% e 2,4%
para 2013 e 2014, respectivamente.
Crescimento
no país é moderado. Os dados recentes sugerem que o crescimento do PIB no
último trimestre deste ano poderá ser de +0,5% QoQ SA. Considerando-se as
demais projeções e um crescimento da agropecuária de 7,1% neste ano e 2,7% em
2014, o PIB deve ficar ao redor de 2,3% neste ano e 2,2% em 2014. Neste caso,
nossas medidas de hiato de produto mostram que não será criada folga
significativa da economia em 2014, o que nos faz projetar uma inflação ainda
elevada e próxima a 5,5% para o próximo ano.
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