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terça-feira, 23 de julho de 2013

Lenta convergência

Inflação mostra reversão
Roberto Padovani, economista chefe da Votorantim/Corretora
O comportamento dos preços de alimentos em 2013 e o aumento do desemprego em 2014 devem sustentar a lenta convergência do IPCA. O pior momento da inflação, portanto, pode ter sido superado.
A tendência de alta da inflação ao longo do último ano, rompendo o limite superior da meta em março e alcançando 6,7% em junho, pode ser uma das explicações para a piora da confiança em relação à economia brasileira.
Além do nível elevado da inflação, chamou atenção a resistência à queda do IPCA. Mesmo com deflação de preços agrícolas no atacado desde janeiro, medidas de desoneração da cesta básica em março e queda dos preços de energia elétrica residencial no início do ano, a inflação não mostrou recuo relevante.
Este ambiente mais negativo, no entanto, pode ter ficado para trás. Além da retirada dos reajustes nos preços dos transportes públicos, que nos levou a rever a projeção para preços administrados para cerca de 1% neste ano, as últimas semanas registraram uma significativa queda nos preços de alimentos, compensando o atraso observado no início do ano. Com isso, os preços livres, excluindo-se serviços, mostram importante recuo.
Deste modo, o desempenho de preços administrados, preços de alimentos e demais itens ex-serviços reduzem as chances de uma trajetória de alta persistente da inflação, tornando factível nossa projeção de IPCA ao redor de 5,7% neste ano, valor menor que o observado em 2012.
Importante notar, no entanto, que nossa projeção abaixo de consenso considera uma moeda brasileira mais apreciada no segundo semestre, refletindo nossa expectativa de redução dos ruídos em torno da política monetária nos Estados Unidos e das incertezas em relação ao crescimento chinês. Ao mesmo tempo, trabalhamos com um cenário de estabilidade para preços de commodities, o que abre espaço para reversão das pressões inflacionárias observadas em 2012.
A tendência de queda da inflação deve ser mantida em 2014, reforçando o cenário de reversão do quadro inflacionário. Apesar de os preços administrados dificilmente repetirem o desempenho deste ano – projetamos alta de 4,2% para o próximo ano, nosso cenário considera o aumento da ociosidade na economia, sobretudo por causa do desaquecimento no mercado de trabalho.
Com menores custos de trabalho, faz sentido que haja um alívio moderado na inflação de serviços. Nossa estimativa é que a variação de preços de serviços acumulada em 12 meses saia de um patamar de 8,6% em junho deste ano e alcance 7,3% em 2014.
O comportamento mais favorável de preços livres, portanto, compensa as maiores pressões de preços administrados e contribui para que a inflação em 2014 continue em queda, alcançando 5,5%.

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