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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Inflação persistentemente elevada

A tendência de queda da inflação acumulada em 12 meses não contribui para um choque favorável de confiança
Autor: Roberto Padovani
Economista Chefe da Votorantim, Corretora
A inflação acumulada em 12 meses deverá continuar em queda. A despeito do forte movimento cambial registrado ao longo dos últimos meses e da expectativa de alta da inflação mensal a partir de agora, estamos mantendo o cenário em que o IPCA sustente a atual trajetória de queda. Além de efeitos estatísticos de curto prazo, dados pela incorporação de taxas mensais de inflação menores com relação ao ano passado, a queda da inflação de produtos comercializáveis e não comercializáveis contribui para a continuidade da convergência da inflação.
Efeito estatístico favorável em 2013. Em um primeiro momento, há um efeito estatístico importante, gerado por uma base elevada no segundo semestre de 2012. Neste ano, a desvalorização da moeda não está sendo acompanhada por uma alta simultânea nos preços de commodities, como observado em 2012. Neste caso, a pressão cambial recente, mesmo sendo maior que a do ano passado, tende a produzir efeitos inflacionários mais modestos.
Desaceleração cíclica em comercializáveis. Nos próximos meses, as menores pressões de preços de alimentos e a hipótese de apreciação cambial considerada em nosso cenário permitem um recuo da inflação de comercializáveis, saindo de um patamar de 5,7% neste ano para algo mais próximo a 4,5% em 2014 (Figura 1).
Repasse cambial moderado. Estimamos que uma desvalorização média próxima a 6%, que considera nosso cenário de câmbio em 2,20 ao final do ano, possa gerar um aumento moderado do IPCA neste ano, insuficiente para colocar a inflação acima de 6,0% em 2013.
Mercado de trabalho reduz pressão em não comercializáveis. Os preços de bens não comercializáveis deverão recuar, dado o esfriamento em curso do mercado de trabalho. Estimamos que a taxa de desemprego média se eleve de 5,7% neste ano para 6,8% em 2014. Em conjunto com um menor reajuste do salário mínimo, as condições de renda devem apresentar um desempenho menos exuberante. Como resultado, a inflação de não comercializáveis sairia de um patamar de 8,5% neste ano para 7,4% em 2014.
Menos contribuição de preços administrados. Uma desaceleração mais forte da inflação, contudo, não será possível dado o processo de normalização dos preços administrados. A defasagem dos combustíveis, em particular, poderá ser um fator decisivo para que a inflação de administrados saia de 1,5% neste ano para 3,5% em 2014.
Inércia e expectativas mantêm risco inflacionário elevado. Projetamos que o IPCA alcance 5,8% neste ano e 5,5% em 2014 (Figura 2). Dadas as ineficiências estruturais da economia e as incertezas em relação ao regime de política econômica, a inflação se mostra persistentemente elevada e contribui para aumentar a inércia, manter as expectativas desancoradas e dificultar a recuperação da confiança na economia brasileira.
 

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