Roberto Padovani confirma
preocupações anteriores
Texto de Roberto Padovani,
economista chefe do Banco Votorantim
Inflação
se mostra resistente à desaceleração da atividade econômica.
IPCA
subiu mais que o esperado em setembro. O IPCA acelerou de 0,25% em agosto para
0,57% em setembro, bem acima da nossa projeção e do consenso de mercado (ambos
em 0,48%). Em 12 meses, a inflação acelerou de 6,51% em agosto para 6,75%, se
afastando ainda mais do teto do intervalo da meta e provavelmente o pico deste
ano. As altas de preços no mês foram mais disseminadas, o que foi refletido no
aumento do índice de dispersão de 55,0% para 61,1%, após ter recuado por cinco
meses consecutivos. Surpresa
foi disseminada. O elevado resultado no mês reflete principalmente o fim do
período de sazonalidade mais favorável: os preços de alimentação no domicílio
voltaram a subir após três meses de queda. A principal contribuição para esse
aumento veio dos preços de carnes, enquanto as maiores surpresas em relação à
nossa projeção foram dispersas entre os alimentos, com destaque para os preços
de panificados, leite e derivados. Ainda, preços de veículos e consertos também
subiram mais que o esperado, contribuindo para a elevada inflação no mês. Inflação
tem se mostrado resistente à desaceleração econômica. O fim do período de
sazonalidade favorável também foi evidenciado pela média dos núcleos, que
aumentou de 0,42% em agosto para 0,56% em setembro. Em 12 meses, os preços
livres têm mostrado uma resistência maior do que esperávamos, evidenciando a
reduzida folga na economia, que ainda é insuficiente para permitir uma
convergência mais rápida da inflação. Já a inflação de administrados segue
acelerando gradualmente e deve se acentuar no próximo ano. Projetamos
0,50% para o IPCA-15 de outubro. Para o IPCA de outubro, projetamos uma alta um
pouco acima de 0,40%. Como resultado, nossa projeção de 6,2% para este ano
deverá ser revisada para cima. Apesar de esperarmos um arrefecimento da
inflação de preços livres no ano que vem, a inflação deverá permanecer alta e
resistente, em função da contínua aceleração nos preços administrados.