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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Teimosa

Ameaçando a estabilidade
O IPCA-15 acelerou de 0,39% em setembro para 0,48% em outubro. A alta foi atribuída principalmente aos alimentos, transportes e vestuário, em função da sazonalidade do período. Lembro que há problemas com alimentos derivados da seca prolongada que atravessamos em áreas produtoras. No acumulado em 12 meses, estamos com 6,6%. Para o mês de outubro não há por que esperar por um comportamento diferente dos preços. A inflação vai se manter em alta, pressionada pelo reajuste dos preços de etanol. Os efeitos sazonais e o clima não darão refresco aos preços. O problema é tanto mais grave quando observamos o grau de difusão da inflação atual. Evoluiu, no IPCA de setembro, de 61,4% para 64,9%. A situação continua preocupante.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Difícil retomada.

A China não consegue reverter sua desaceleração
A China continua sua desaceleração, com o do PIB do terceiro trimestre crescendo 7,3%, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. No segundo trimestre desse ano, o crescimento havia sido de 7,5%. O breque de mão parece puxado nas principais economias mundiais. Os Estados Unidos surpreendem o seu próprio Banco Central que a essa altura afasta a ideia de subir os juros no país. A União Europeia não consegue afastar o temor de deflação. O Japão reagiu de forma insuficiente e está distante das metas fixadas pelo plano Abe. Nessas economias os problemas são estruturais e as soluções não serão encontradas na oferta generosa de incentivos monetários apenas. A economia chinesa, por exemplo, vive o dilema de controlar uma inflação persistente, em meio a alta ociosidade de sua máquina produtiva e a um sistema bancário exageradamente alavancado. A elevada ociosidade repassa aos preços os custos da baixa produtividade, o governo injeta recursos no sistema financeiro para evitar quebras que possam contaminar toda a economia. Províncias e municípios apresentam um enorme descontrole fiscal, obrigando a socorros que também ampliam a liquidez. O setor imobiliário segue ajustando a oferta excessiva à menor demanda da população. Com tudo isso, os investimentos continuam em queda ameaçando o emprego, a renda e a demanda. As expectativas em relação à Ásia continuam se agravando, enquanto a Europa e os Estados Unidos semeiam novas dúvidas sobre seus desempenhos futuros.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Sinais positivos

Depois da indústria, comércio também reagiu
E não é que as vendas no varejo reagiram. O crescimento registrado no varejo restrito foi de 1,1% no mês de agosto, sem ajuste sazonal. O melhor dessa notícia é que o crescimento atingiu um grande número de setores, excetuando-se disso apenas os supermercados e alimentos, com queda modestas. Temo que seja ainda cedo para considerar esse crescimento como uma tendênciaEmbora a indústria também tenha aparecido com crescimento nesse período, não se pode admitir que o quadro de estagnação tenha sido afastado. A política monetária impedirá esse crescimento e, provavelmente, a fiscal também deverá desestimular o consumo, tudo para preservar a inflação dentro do limite superior meta adotada pelo Bacen.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sobrou para a América Latina e para o Caribe

Ninguém sai imune de uma crise
 de proporções globais 
A CEPAL -Comissão Econômica para a América Latina e Caribe entende, em seu último relatório, que as exportações da América Latina e Caribe vão crescer apenas 0,8%, em 2014. Esse baixo crescimento, segundo o relatório, decorre da lenta recuperação da economia global e da queda acentuada do comércio regional, que vai para o seu terceiro ano seguido de estagnação. Além disso, concorre para essa redução a queda dos preços de diversas commodities exportadas pela região, principalmente na indústria de mineração e na agricultura. O valor das exportações da região crescerá apenas 0,8% até o final desse ano. Segundo essa fonte a União Europeia foi o parceiro que maior recuo apresentou em suas importações. O relatório ainda indica que as exportações do México e da América Central serão mais dinâmicas em 2014, um aumento de 4,9% no valor total, graças ao melhor desempenho dos Estados Unidos, enquanto as exportações do Mercosul registraram uma queda de -2,3%. O documento indica que o maior de crescimento das exportações é o do Paraguai, com 14,1%, seguido pelo Uruguai, com 13,6%. As exportações do Equador cresceram 9,3%, da Bolívia 8,6%, da Nicarágua 7,4%, da Guatemala 6,7%, do México 4,9% e, finalmente, de Cuba 4,3%. Por outro lado, as maiores quedas foram aa do Peru -10,6%, da República Dominicana -7,1%, da Argentina -5,2, do Brasil -3%, da Colômbia -1,8, de El Salvador -1,5% e do Chile -1 ,2%. Ainda estamos pagando o custo das imprudências de 2.008 e dificilmente isso será revertido no próximo ano.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Agência FAPESP

Modelo matemático desenvolvido para diluir agrotóxicos e reduzir o risco da contaminação ambiental
Os pesquisadores brasileiros da EMBRAPA Jaquariúna - Lourival Paraíba, Ricardo Pazianotto, Alfredo Luiz, Aline Maia e Claudio Jonsson – publicaram artigo intitulado “A mathematical model to estimate the volume of grey water of pesticide mixtures”, na última edição da prestigiada revista científica Spanish Journal of Agricultural Research, do Instituto Nacional de Investigación y Tecnologia Agraria y Alimentaria do Ministério de Economia e Competitividade da Espanha. O artigo refere-se a modelo matemático destinado a estimar o volume de água cinza necessário para diluir misturas de agrotóxicos nessa água e minimizar os riscos ao ambiente aquático. Para quem não é do ramo, a expressão “água cinza” denomina aquelas águas que ficam disponíveis, como resíduos, depois de passarem por algum tipo de processo de uso. Envolvem uma multiplicidade de origens, desde aquelas que vieram de banhos até as tiveram origem em algum processo de produção industrial. Na agricultura, o problema é sempre grave porque todas as águas utilizadas encontram o caminho dos rios ou são absorvidas pela terra em direção aos lençóis freáticos. A soma de todo o consumo de água envolvido na produção, incluindo a verde, vinda da chuva e contida no solo, a azul (da irrigação) e a cinza, que assimila a carga de pesticidas e fertilizantes, tomam esses caminhos. O trabalho publicado apresenta modelo com cálculos dos valores de concentrações letais de diversos agrotóxicos em organismos indicadores da qualidade hídrica, como algas, peixes e micro crustáceos, determinando os volumes de água necessários para diluir a carga dos pesticidas e minimizar os riscos para a vida aquática e, em consequência, para o homem.

FMI faz novas previsões

Parece não haver razões para
o otimismo exagerado
O FMI soltou seu último relatório – Panorama Econômico Mundial – no início dessa semana. Segundo a instituição a economia global crescerá 3,3% nesse ano. O Brasil, apenas 0,3%. Além das explicações mais óbvias relacionadas ao aperto nas condições financeiras, o FMI ampliou o seu leque de causas para explicar o baixo desempenho previsto para as economias nesse último documento. Agora atribui maior ênfase a elementos que, nas vezes anteriores, apareciam apenas de forma lateral. Entre eles, cita a falta de investimentos e de poupança, os gargalos de infraestrutura, da educação e da capacitação profissional da mão de obra. Essas causas seriam elementos da baixa produtividade mundial. A análise é plausível e expõe as fragilidades do ambiente econômico atual. Bastam lembrar o medíocre desempenho europeu, mesmo diante de taxas de juros negativas em alguns de seus países e a baixa resposta da economia chinesa aos estímulos concedidos pelo governo para ampliar o ritmo de sua atividade econômica. Os Estados Unidos, por outro lado, mostram-se em crescimento, mas ainda suscitam muitas dúvidas com respeito a sua sustentabilidade em prazo mais longo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

IPCA: Acima do Esperado em Setembro

Roberto Padovani confirma
preocupações anteriores
Texto de Roberto Padovani,
economista chefe do Banco Votorantim
Inflação se mostra resistente à desaceleração da atividade econômica.
IPCA subiu mais que o esperado em setembro. O IPCA acelerou de 0,25% em agosto para 0,57% em setembro, bem acima da nossa projeção e do consenso de mercado (ambos em 0,48%). Em 12 meses, a inflação acelerou de 6,51% em agosto para 6,75%, se afastando ainda mais do teto do intervalo da meta e provavelmente o pico deste ano. As altas de preços no mês foram mais disseminadas, o que foi refletido no aumento do índice de dispersão de 55,0% para 61,1%, após ter recuado por cinco meses consecutivos. Surpresa foi disseminada. O elevado resultado no mês reflete principalmente o fim do período de sazonalidade mais favorável: os preços de alimentação no domicílio voltaram a subir após três meses de queda. A principal contribuição para esse aumento veio dos preços de carnes, enquanto as maiores surpresas em relação à nossa projeção foram dispersas entre os alimentos, com destaque para os preços de panificados, leite e derivados. Ainda, preços de veículos e consertos também subiram mais que o esperado, contribuindo para a elevada inflação no mês. Inflação tem se mostrado resistente à desaceleração econômica. O fim do período de sazonalidade favorável também foi evidenciado pela média dos núcleos, que aumentou de 0,42% em agosto para 0,56% em setembro. Em 12 meses, os preços livres têm mostrado uma resistência maior do que esperávamos, evidenciando a reduzida folga na economia, que ainda é insuficiente para permitir uma convergência mais rápida da inflação. Já a inflação de administrados segue acelerando gradualmente e deve se acentuar no próximo ano. Projetamos 0,50% para o IPCA-15 de outubro. Para o IPCA de outubro, projetamos uma alta um pouco acima de 0,40%. Como resultado, nossa projeção de 6,2% para este ano deverá ser revisada para cima. Apesar de esperarmos um arrefecimento da inflação de preços livres no ano que vem, a inflação deverá permanecer alta e resistente, em função da contínua aceleração nos preços administrados.

A dura vida do campo

Atos de Deus desafiam os agricultores
As áreas produtoras de milho, soja e sorgo, nos Estados Unidos têm apresentado, nesse momento final da safra norte-americana, um comportamento climático desfavorável. As chuvas se prolongam exatamente no momento da colheita, impedindo essa operação e comprometendo, pelo excesso de umidade, a qualidade dos grãos.  A estocagem também fica encarecida pela necessidade de se proceder à secagem desses cerais. Os agricultores procuram minimizar o problema dando prioridade à colheita do milho destinado à silagem para animais. Entretanto, e para atrapalhar mais um pouco, o frio parece ter se antecipado muito além do que se poderia supor. Isso atrasa o processo de maturação dos grãos, atrasando novamente a colheita. No sul do Brasil, o plantio evolui com a ajuda das chuvas, enquanto no sudeste a seca continua.

Bem na hora da eleição

E a inflação retoma sua caminhada,
em setembro
O IPCA cresceu 0,57%, no mês passado, segundo informa hoje o IBGE. A alta foi maior do que o mercado esperava. Em agosto, a alta havia sido de 0,25%. Com isso, a inflação brasileira acumulou, nos últimos 12 meses, alta de 6,75%. Em agosto ela se encontrava em 6,51%, portanto, acima do teto superior da meta fixada pelo governo central, de 6,50%. O IBGE aponta os alimentos como os maiores responsáveis por esse comportamento dos preços. Estamos às vésperas do 2º turno e a inflação põe em risco a reeleição da atual presidenta.