A balança
comercial reage lentamente às desvalorizações cambiais. O crescimento deve ser em
2015 menor que -1,5% e o câmbio deve chegar a R$ 3,50. Para 2016, o crescimento
deve estar em 0% e a inflação acima de 6,5%. Nesse momento, políticas
microeconômicas, como a otimização tributária, poderiam dar algum resultado. A grande dificuldade nesse momento é definir uma
estratégia que possa quebrar o ciclo de alta de preços tão resistente. O esforço
do governo permanece concentrado em não perder o grau de investimento e o
ajuste tem perseguido esse objetivo. Vive-se um momento difícil. A GM fechará
cinco fábricas no Brasil. O presidente da Mercedes Benz se diz emparedado e
manifestou-se, de maneira inusitada, impotente diante do quadro econômico
instalado. As demissões se aceleraram muito no último mês e logo deverá
alcançar o setor de serviços. O governo protege o cidadão como se ele fosse um
hipossuficiente, desequilibrando as contas públicas. Com isso, os empresários temem, em
um prazo mais longo, alcançar-se um momento de ruptura. As taxas de financiamento da dívida pública estão custando ao governo inflação
mais 6,5% ao ano. Trata-se de uma taxa de default.
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segunda-feira, 29 de junho de 2015
sábado, 27 de junho de 2015
Ironias econômicas
O mercado corrige
O processo de desindustrialização
precoce da economia nacional reflete o baixo investimento realizado e a
política de valorização do câmbio, voltada exclusivamente ao combate à
inflação. Reflete também as altas taxas de juros e à redução da desoneração das
exportações. A produtividade do trabalhador não avança. Sem investimentos
não é mais possível melhorar a relação Produto/Trabalhador. A capacidade desse
trabalhador em operar o capital (máquinas, equipamentos, etc) disponibilizado à
produção, cada vez mais sofisticado, também está estagnada. Na comparação de 12
meses encerrados em março, a queda da produtividade, segundo o IBGE, foi de
1,5% e o salário real na indústria cresceu 1,1%, evidenciando que a variável
chave para o ajuste é o salário real.
Emprego, salário e produção
Indicadores
|
Índice em 12 meses
|
Emprego
|
-3,9
|
Número de Horas Pagas
|
-4,6
|
Produção
|
-6,1
|
Salário médio
|
1,1
|
Produtividade
|
-1,5
|
Fonte: Pimes/IBGE
O indicador do número de horas pagas
pela indústria vem se deteriorando no acumulado em 12 meses. Registrou baixa de
4,5% em março. Os investimentos deverão apresentar queda de 8% esse ano e
de 4% nem 2016. A taxa de investimento da economia
brasileira em 2014 ficou em 19,7%, menor patamar desde 2009, quando ficou em
19,2%, segundo o IBGE. O ajuste dos salários trará produtividade ao
sistema econômico. Irônico, não?
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Aviso aos navegantes
Investimento Externo Direto mudou de nome
Decidir
sobre investir no Brasil requer uma avaliação do ambiente de negócios. Nesse
momento, há razões de sobra para explicar a redução desses investimentos no
país: altos impostos corporativos, a demora para se abrir e fechar um negócio,
o custo elevado dos trâmites burocráticos, a ainda frágil governança
corporativa. Esses elementos tornam o país menos atraente para o investimento
direto. Onde está
o olho do investidor, portanto? Na carga tributária, encargos sociais e
legislação trabalhista, na defasagem da educação e da saúde, na ineficiência da
infraestrutura em áreas como transportes, telecomunicações, energia e,
sobretudo, no excesso de regulamentação econômica a que seus investimentos se
sujeitariam ao dar entrada no Brasil. Todas as avaliações são
convertidas em custos para a tomada de decisão. Custos de mão-de-obra, custos gerados
pela ineficiência da infraestrutura de transportes (com ênfase no sistema
portuário), tributação e regulação, etc. O Investimento Direto no
País (IDP) registrou entrada líquida de US$ 5,8 bilhões no mês de abril,
comparado à entrada de US$ 4,3 bilhões em março. Com isso, nos últimos doze
meses, até abril, acumulou entrada de US$ 86,1 bilhões, o equivalente a 3,89%
do PIB. As entradas de renda fixa e de ações, por sua vez, foram positivas em
US$ 3,5 milhões e US$ 3,8 bilhões, respectivamente. Em maio,
o Investimento Externo Direto no País registrou, em maio, entrada líquida de
US$ 6,6 bilhões, comparado à entrada de US$ 5,8 bilhões em abril. Dessa forma,
nos últimos doze meses até maio, o IED acumulou entrada de US$ 86,1 bilhões, o
equivalente a 3,89% do PIB. As entradas de renda fixa e de ações, por sua vez,
foram positivas em US$ 1,1 bilhão e US$ 2,1 bilhões, respectivamente. O que
estaria motivando o investidor internacional a trazer seu dinheiro, ou parte
dele, para uma país economicamente tão frágil? Também, para isso,
há razões de sobra: buscam realizar transferência de tecnologia, integração
vertical ou horizontal, superar restrições às importações, obter subsídios e
financiamentos governamentais, ou ainda aproveitar de fatores de demanda,
fatores de custo, abrir mercados, garantir o aprovisionamento ou menor custo de
aquisição de matérias-primas, diversificar ou minimizar riscos, integrar
algumas de suas operações, utilizar conhecimentos já existentes, aproveitar
situações cambiais, aprofundar relações com outras multinacionais existentes
por aqui, obter economias em operações sincronizadas, obter vantagens de
Marketing, obter vantagens administrativas ou algumas outras vantagens
específicas. Do cotejo das vantagens
com as desvantagens saem as decisões de investimentos. E aí o Brasil continua a
ser uma alternativa interessante. Por
fim, observo que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) na nota de Contas
Externas brasileiras, divulgada pelo Banco Central, passou a se chamar
Investimento Direto no País (IDP). A mudança de nomenclatura faz parte das
alterações implementadas pela instituição para acompanhar a nova edição do
manual de balanço de pagamentos do Fundo Monetário Internacional (FMI). A
última revisão ocorreu em 2001. O Investimento Brasileiro Direto (IBD) também
mudou e agora passa a se chamar Investimento Direto no Exterior (IDE).
segunda-feira, 22 de junho de 2015
É preciso reagir
No centro decisório não se admite paralisação
O IPCA-15 atingiu um patamar absurdo. 0,99 em junho. Considerada a
atual taxa básica de juros da economia nacional, estamos diante de uma inflação
muito alta. Enquanto a alta dos preços prospera, os investimentos estão no
campo dos números negativos. Fala-se abertamente em desinvestimentos em uma
parte considerável dos setores econômicos. O Banco Central provavelmente continue a insistir em sua política
monetária restritiva, dando a entender que o Copom adicionará mais 0,5% a Selic,
em sua próxima reunião. O câmbio ainda não produziu seus efeitos no comércio exterior
brasileiro que apresentará esse mês novos déficits. O investimento externo
direto deve acabar junho entre 4,0 a 4,5 bilhões de dólares. O IBGE deve trazer a taxa de desemprego de maio também crescente e
já se aproximando dos 7,0%. O Caged mostra o fechamento de mais 115 mil postos
formais de emprego, no mês de maio. Não há espaço para o imobilismo econômico. O governo precisa repensar sua política de juros
altos, seus gastos com o custeio da máquina pública, acelerar uma reforma
administrativa, rever a questão da previdência evitando a extinção o fator
previdenciário, dar força aos investimentos que aumentem a produtividade geral
do sistema. Preocupa o descaso com decisões urgentes. É preciso reagir.
quinta-feira, 18 de junho de 2015
O mercado ajusta, se o governo não ajustar
Inflação ainda é alta e o Câmbio ainda é baixo
Seria bom
lembrar que se o ajuste demora muito ou é insuficiente, ele se faz
espontaneamente via câmbio. Subir juros parece
ser uma estratégia exaurida. Que tal mexer nas despesas de forma mais incisiva? A
Fundação Getúlio Vargas publicou os números da segunda prévia do IGP-M de
junho. A alta foi de 0,59%, pouco acima das previsões mais pessimistas. O IPA agrícola mostrou queda de 0,30%, reduzindo as pressões
inflacionárias anteriores. O grupo alimentos deve dar trégua até o final desse
mês. Depois disso, ele voltará a pressionar os preços. O IPA
industrial, entretanto, apresentou-se em alta mais forte de 0,60%. O IPC e
o INCC agravaram sobremaneira o IGP-M nessa 2ª prévia e devem pressioná-lo
ainda mais, até o final do mês. O saldo do fluxo cambial da segunda
semana de junho foi negativo de US$ 1,089 bilhão. No mês, o déficit é de US$
647 milhões. Os números guardam um recado ruim: o câmbio ainda
precisa desvalorizar-se mais, para a Balança Comercial reagir.
quarta-feira, 17 de junho de 2015
Preços das commodities em equilíbrio
Estabilidade no mercado das commodities
O declínio acentuado do Bloomberg Commodity Index parece ter chegado ao fim. O índice que sintetiza a evolução dos preços das
commodities agrícolas e minerais, das quais a balança comercial brasileira é
fortemente dependente, está relativamente estável.
Conforme mostra o gráfico e o cometário, que me foram enviados pelo amigo Celso Miori, "esse declínio, observado
a partir de 2011, ficou contido nos últimos meses. Desde fevereiro de 2015,
apresenta-se em relativa estabilidade, amenizando os efeitos perversos do
momento anterior sobre a economia nacional."
segunda-feira, 8 de junho de 2015
Planos de exportações são para o longo prazo
O Plano para o Comércio Exterior pode promover efeitos no longo prazo
O
crescimento econômico dos Estados Unidos tem apresentado comportamento
vacilante, nesses últimos tempos. Os indicadores econômicos apontam para um
arrefecimento no ritmo da atividade. Para o Brasil isso é, sem dúvida bom, pois
adia qualquer decisão que o Fed queira tomar em relação a alta dos juros internos,
reduzindo as temidas pressões cambiais derivadas da política monetária norte-americana.
Por outro lado, prejudica nossas exportações de manufaturados. Ainda
pensando no Brasil, a declaração da OCDE, dando conta de uma recuperação mais
forte na Itália e na França, não provoca otimismo. A Europa vive um momento de
protecionismo extremo. Portanto, mesmo que seu crescimento seja consistente, dificilmente
o Brasil colheria frutos desse movimento no curto e médio prazo. Quem sabe, mais à frente, a Alemanha
e a Grã-Bretanha possam revelar oportunidades mais palpáveis. Novos acordos comerciais poderiam ser úteis nesse momento. Na
Ásia, o Japão apresenta aceleração muito modesta em seu nível de atividade,
enquanto a China se mantem em queda. Se
depender do mercado externo, o crescimento brasileiro estará comprometido no
curto prazo.
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