O consumidor na crise.
Curioso o consumidor nacional. Rapidamente refaz suas despesas familiares, defende sua renda e vai honrando seus compromissos financeiros. Adiam alguns, suspendem outros e, por fim ignoram os mais difíceis para encará-los em uma renegociação futura.
Entrevistados 1.197 indivíduos, no município de São Paulo, com renda individual até R$ 4.000 / mês, entre abril e junho apenas 15% dizem estar negativo no SPC, enquanto 57% declaram morar em imóvel próprio.
A formação patrimonial entre esses entrevistados se faz por meio imóveis, veículos e ativos financeiros de baixo risco. Quando questionado sobre a composição patrimonial futura ele a idealiza comparativamente à atual, conforme a tabela seguinte:
Tipo de Patrimônio Composição Média(%)
Atual Futura Diferença
Ativos de Uso (imóveis residenciais, comerciais, rurais veículos de uso) 81,5 80,9 -0,6
Ativos de Rendimento (imóveis de locação,outros) 0,9 30,1 29,2
investimentos em empresas (participação acionária)
0,8 9,3 8,5
Aplicações financeiras (poupança, CDB, fundos, previdência)
7,4 39,0 31,7
Base de Respondentes: 1197
O patrimônio futuro idealizado pressupõe uma ampliação do nível de liquidez e a ampliação ou a preservação da renda por meio de aluguéis. A montagem de um negócio próprio é uma alternativa apenas subsidiária na construção de seus ativos.
Também é curioso observar que 69,6% dos entrevistados fazem algum tipo de orçamento mensal para suas despesas e que 80 a 100% deles declaram estar, no momento final da crise, com 75% de sua renda comprometida com as despesas do custeio familiar e com o pagamento dos financiamentos assumidos. 76,8 % dos entrevistados possuem aplicações em poupança de até R$5.00,00, mas 30% deles têm aplicações máximas de até R$ 1.000,00.
Suas prioridades de pagamento, medidas pelo índice de importância atribuído, ás suas despesas, estão hierarquizadas como se segue:
DESPESAS INDICE
Supermercado 250,5
Conta de Água 200,0
Conta de Luz 187,4
Fatura do Cartão de Crédito 83,6
Aluguel da residência 76,9
Transporte urbano 75,4
Gás 53,5
Padaria 49,9
Telefone fixo 48,4
Restaurante 44,1
Carnê/Boletos de financiamentos de loja 38,2
Crédito de Celular 32,0
Combustível 31,5
Em relação às pesquisas anteriores, a contenção de despesas e a racionalização de seus gastos transformaram-se substancialmente. Um consumidor mais racional e seletivo, com avaliações econômico-financeiras mais rigorosas emergiu dessa crise. Quando questionado sobre os cortes que fez, diz ter atribuído importância, para promover economias, aos seguintes itens de despesas:
Cortes de Itens de Despesas Índice de importância
Atribuída ao Item
Despesas com Celular 148,3
Conta de Água 123,6
Conta de Luz 120,4
Conta Telefone Fixo 118,5
Roupas e Calçados 107,1
Cuidados Pessoais 95,7
Supermercado 74,5
Cartão de Crédito 71,8
Seus comportamentos defensivos passam pela redução das despesas de telefonia e do consumo domiciliar e pessoal. É, portanto, natural que sua necessidade de crédito em relação a esses itens tenha cedido de forma mais acentuada.
Em relação aos automóveis a demanda continuou forte. A necessidade de economizar em transporte urbano se faz pelo uso familiar de modelos básicos e econômicos. A desoneração tributária e as facilidades de créditos nesse setor garantiram a demanda por crédito. É bem verdade que a inadimplência, nesse tipo de financiamento, aumentou de forma não desprezível, ultrapassando, em junho, mais de 6,5% do total das carteiras.
Esse quadro caracteriza, em grande medida, uma demanda bastante reprimida. Com o final da crise essa demanda deverá se manifestar no mundo do crédito às pessoas físicas, ampliação na utilização de créditos junto a bancos, financeiras e estabelecimentos de varejo. As modalidades de crédito mais pressionadas serão:
Bancos : Cheque especial, crédito pessoal (pré-aprovados ou não), financiamentos de automóveis, empréstimos consignados, crédito direto ao consumidor
Financeiras: cartão de financiamento, cartão de crédito, empréstimos pessoais, financiamentos de veículos(carros e motos)
Estabelecimentos de varejo: crediário próprio da loja, cartão a loja, CDC – financiamento para, principalmente, material de construção, móveis e utensílios domésticos, roupas e calçados, alimentos e vestuário
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