O PIB
nacional é o retrato mais bem
acabado do desprezo à
iniciativa privada
O
resultado do PIB do terceiro trimestre de 0,6% reafirma a impropriedade do
discurso e do relacionamento entre o governo e o setor privado. Ao rivalizar-se
tão claramente com os capitais, o governo semeou a desconfiança entre os
investidores, subtraiu a previsibilidade das decisões de investimentos, fez
reduzir a segurança jurídica e fragilizou o clima institucional.
Sem
investimentos o país não crescerá. A demanda está exaurida como fonte de
crescimento, dado o menor apetite dos bancos privados em conceder crédito e a
forte resiliência da inadimplência diante de tantos estímulos fiscais e
monetários. O crédito ofertado por meio do sistema bancário público, por outro
lado, revelou-se insuficiente para atender a essa demanda nacional.
Mesmo
assim, a despesa de consumo das famílias apresentou crescimento de 0,9% no
terceiro trimestre de 2012, graças ao crescimento do emprego, da renda e dos
incentivos a um extenso grupo de produtos do consumo familiar.
Os
investimentos apresentaram resultados sofríveis e impactaram negativamente o PIB, ao caírem 2% em relação ao segundo
trimestre e 5,6% em relação a igual período do ano anterior. A taxa de formação
bruta de capital fixo recuou em -0,2% em relação ao trimestre anterior.
O setor
de serviços, do qual sempre se espera muito, veio com crescimento nulo. Nesse
sentido, as atividades de intermediação financeira, previdência complementar e
serviços afins apresentaram queda de 1,3%.
Faltam
investimentos e sem isso o mercado fica emperrado. Será preciso desobstruir as
barreiras da confiança empresarial, por meio da mudança do discurso e da redução
do intervencionismo do estado. Será necessário o exemplo oficial ampliando seu
desempenho na realização das metas do PAC, acelerando as privatizações e dando de ombros para
convicções envelhecidas de grupos ideológicos. A política externa precisa dirigir-se mais pelo
pragmatismo econômico e menos pelos apelos políticos, buscando por parceiros
mais relevantes do ponto de vista comercial e menos pelas simpatias pessoais entre
chefes de estados ou suas afinidades políticas.