Juros e spreads altos fascinam
banqueiros
estrangeiros.
Sabe-se
que os juros serão altos no Brasil dos próximos anos. Afinal, contas fiscais
desarrumadas, câmbio apreciado e salários reajustados acima da produtividade do
trabalho garantem inflação elevada. Nesse contexto, juros precisam ser elevados
para garantir alguma estabilidade monetária. A isso se alia a perspectiva de um
novo ciclo de crescimento a partir de 2016, na visão dos banqueiros
internacionais. Para
eles, o paraíso está aqui mesmo, na terra, abaixo da linha do equador. Com medo
de perder esse bonde, iniciam a mais recente imigração bancária, sem levar em
conta experiências anteriores. Anuncio
que vão encontrar uma “pedreira” por aqui. Temos grandes bancos nacionais, públicos
e privados, muito competitivos. Será difícil vencê-los. No
inicio do século passado, o BankBoston se instalou na Bahia para financiar as
importações de máquinas dos fabricantes de Massachusetts e as exportações de
Tabaco do produtor brasileiro para os Estados Unidos. Os planos para
crescimento foram sempre grandes e inteligentes. Antes disso, mas com intenções
assemelhadas, o Citibank veio para o Brasil. Outros bancos norte-americanos,
europeus, asiáticos e do médio oriente também seguiram o mesmo caminho. Muitos
voltaram. Outros venderam suas unidades brasileiras ou reduziram suas dimensões
para operar quase como um escritório de representação. São os chamados “bancos
de andar” ou, mais elegantemente, de boutiques financeiras, criadas apenas para
transações estruturadas ou para dar apoio ao comércio do Brasil com seus
respectivos países ou regiões de origem. Usam a expertise e a reputação de suas
casas matrizes, mas padecem de escala econômica e, por isso, nunca chegam a ser
uma ameaça competitiva real. Pelo mesmo motivo, comparecem apenas lateralmente
na economia nacional. Verdade
seja dita, o ambiente nacional de negócios não favorece investimentos mais
definitivos em países emergentes. Tão
logo a economia local apresente suas costumeiras flutuações ou as evidências de
um novo ciclo de estagnação apareçam, os banqueiros internacionais “recolhem o
trem”, construindo estratégias defensivas para proteger os capitais de seus
acionistas. As decisões são chamadas para a matriz que invariavelmente procede
de forma inapropriada à desconhecida realidade brasileira. Não é que esses
banqueiros sejam incompetentes. De fato, as dimensões de nossa economia não
justificam perdas provocadas em seus balanços. Nesses momentos, o banqueiro
brasileiro aproveita-se do recuo para ampliar suas economias de escala. Vamos
assistir mais uma vez edição nova de fatos velhos. Monótono ver se repetir as
mesmas aventuras do passado em nosso ambiente financeiro.
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