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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Tudo de novo

Juros e spreads altos fascinam
banqueiros estrangeiros.
Sabe-se que os juros serão altos no Brasil dos próximos anos. Afinal, contas fiscais desarrumadas, câmbio apreciado e salários reajustados acima da produtividade do trabalho garantem inflação elevada. Nesse contexto, juros precisam ser elevados para garantir alguma estabilidade monetária. A isso se alia a perspectiva de um novo ciclo de crescimento a partir de 2016, na visão dos banqueiros internacionais. Para eles, o paraíso está aqui mesmo, na terra, abaixo da linha do equador. Com medo de perder esse bonde, iniciam a mais recente imigração bancária, sem levar em conta experiências anteriores. Anuncio que vão encontrar uma “pedreira” por aqui. Temos grandes bancos nacionais, públicos e privados, muito competitivos. Será difícil vencê-los. No inicio do século passado, o BankBoston se instalou na Bahia para financiar as importações de máquinas dos fabricantes de Massachusetts e as exportações de Tabaco do produtor brasileiro para os Estados Unidos. Os planos para crescimento foram sempre grandes e inteligentes. Antes disso, mas com intenções assemelhadas, o Citibank veio para o Brasil. Outros bancos norte-americanos, europeus, asiáticos e do médio oriente também seguiram o mesmo caminho. Muitos voltaram. Outros venderam suas unidades brasileiras ou reduziram suas dimensões para operar quase como um escritório de representação. São os chamados “bancos de andar” ou, mais elegantemente, de boutiques financeiras, criadas apenas para transações estruturadas ou para dar apoio ao comércio do Brasil com seus respectivos países ou regiões de origem. Usam a expertise e a reputação de suas casas matrizes, mas padecem de escala econômica e, por isso, nunca chegam a ser uma ameaça competitiva real. Pelo mesmo motivo, comparecem apenas lateralmente na economia nacional. Verdade seja dita, o ambiente nacional de negócios não favorece investimentos mais definitivos em países emergentes. Tão logo a economia local apresente suas costumeiras flutuações ou as evidências de um novo ciclo de estagnação apareçam, os banqueiros internacionais “recolhem o trem”, construindo estratégias defensivas para proteger os capitais de seus acionistas. As decisões são chamadas para a matriz que invariavelmente procede de forma inapropriada à desconhecida realidade brasileira. Não é que esses banqueiros sejam incompetentes. De fato, as dimensões de nossa economia não justificam perdas provocadas em seus balanços. Nesses momentos, o banqueiro brasileiro aproveita-se do recuo para ampliar suas economias de escala. Vamos assistir mais uma vez edição nova de fatos velhos. Monótono ver se repetir as mesmas aventuras do passado em nosso ambiente financeiro.

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