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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Embrulhos e pacotes

Pacotes alcançam sempre nos investimentos
Para chegar ao superávit primário desejado, o governo anuncia redução de 23,7% nos gastos do PAC até abril deste ano. Com isso imagina ser possível equilibrar as contas públicas em 2015, sem considerar os efeitos recessivos que estará impondo à economia. Trata-se da primeira vez que esse programa tem seus gastos reduzidos, mas há que se entender as dificuldades políticas para aprovação dos cortes em despesas de custeio. No mesmo decreto da Presidência da República, foram limitados os gastos com custeio da máquina pública no orçamento dos Ministérios. De janeiro a abril deste ano, autorizou-se uma dotação de R$ 59,98 bilhões, o que representa queda de 7,5% (R$ 4,87 bilhões) em relação ao valor gasto no mesmo período de 2014 (R$ 64,86 bilhões). O decreto, entretanto, dá liberdade ao Ministro Fazenda para proceder a ampliações e remanejamentos de valores, a fim de permitir o tratamento de "situações excepcionais" e que "requeiram atendimento imediato". O novo governo, desde sua posse, tem tentado reduzir seus gastos. As medidas vão avançando em ritmo acelerado: seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por morte são bons exemplos da disposição oficial de corrigir distorções no campo social. No plano econômico, propriamente dito, as decisões já implantadas elevaram o IPI para automóveis, os tributos sobre a gasolina, as  operações de crédito e os cosméticos. Também já se anunciou a redução dos limites temporários de empenho para gastos no orçamento de 2015 e o bloqueio de restos a pagar de anos anteriores. O Tesouro Nacional também anunciou que não haverá mais repasses do governo federal ao setor elétrico. Só nisso, a economia é de R$ 9 bilhões para este ano. Já se sabe, por outro lado, que toda essa austeridade chegará aos preços praticados junto ao consumidor final, pressionando a inflação. Razão pela qual o próximo Copom deverá aumentar a Selic em mais 0,5 pontos percentuais.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Inflação e emprego

Movimentos recentes da inflação
e do emprego
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) apresentou avanço de 0,27 %, em fevereiro. No mês anterior a alta havia sido de 0,76. A redução da inflação deu-se principalmente em função da desaceleração da alta dos preços de no varejo.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), calculado pela FGV, (mede a variação dos preços no atacado) veio com variação negativa de 0,09% em fevereiro. Esse índice responde por 60 por cento do índice geral. Em janeiro havia apresentado aumento de 0,56%. Por outro lado, o Índice de Preços ao Consumidor, com peso de 30 por cento no IGP-M, avançou 1,14% no mês, ante 1,35% em janeiro. Reduzir inflação tem sempre um preço a ser pago pela sociedade: o desemprego brasileiro subiu nesse início de ano, atingindo 5,3% em janeiro. A informação é do IBGE e superou as previsões de mercado. Entretanto, o mercado de trabalho ainda está muito apertado e não desperta preocupações para o curto prazo. Em prazo mais longo, serão necessários novos investimentos para manter esse quadro de tranquilidade social.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Descrença exagerada

Como se ações não provocassem reações
Generalizou-se entre analistas e agentes econômicos a crença que a inflação vai manter-se elevada em 2015 e 2016. Nessa visão, o IPCA tenderia a alcançar um valor que estaria rondando os 7,0%. Ninguém acredita que o governo possa reconduzir a inflação para o centro da meta, em função das pressões que os preços sofrerão com a apreciação do dólar face ao real, com a própria inércia inflacionária e com os efeitos dos reajustes dos preços administrados. Esses, segundo os analistas, devem anular qualquer recuo dos preços livres, mesmo sob os efeitos da grave retração prevista. Ao mesmo tempo, todos conseguem ver o PIB com crescimento negativo, com aumento de impostos e queda nos investimentos, no emprego, na renda e no consumo. Parece que o dólar mais forte não remunerará melhor os exportadores, sobretudo no agronegócio. Parece também que esse fortalecimento da moeda norte-americana não traria maior competitividade aos minérios brasileiros. Também são se pensa que um real fraco possa incentivar importações ou substituir grande parte das importações nacionais. Também passou-se precipitadamente a acreditar que o capital externo não voltará ao país antes que tudo esteja arrumado, como se o Brasil, saudável e sem riscos, fosse remunerar os capitais externos. A remuneração atrai porque é alta. E é alta porque embute riscos. Também não se imaginou que o Brasil ficou mais barato e por isso muito mais atraente. O pessimismo agora é a regra. Não se cogita de reações às ações que corrigem e saneiam nossa economia.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Lá fora também

Lá fora também os especuladores
fazem suas apostas
A bolsa no Japão atingiu o maior nível desde 2000. A Nikkei subiu 0,36%. Já as bolsas da Europa não se definem claramente, dado o problema da Grécia. Os negociadores gregos solicita, junto à EU, a extensão dos prazos para renovação dos seus empréstimos. Com isso, as apostas tem sentidos divergentes: FTSE -0,06%, CAC 0,41%, DAX 0,29%. Investidores esperam por uma eventual elevação das taxas de juros nos USA. Essa hipótese remanesce ainda em suspenso e, provavelmente, não venha acontecer tão cedo. Nesse caso, teremos ganhadores e perdedores por toda Europa.

Difícil explicar?

Investidores desistiram. Especuladores não.
O Ibovespa tem sua terceira alta seguida nesta quarta-feira, com ganho de 1,27%, fechando aos 51.280,36 pontos. Pode parecer estranho, mas é a maior pontuação desde 5 de dezembro do ano passado, quando a Bolsa fechou a sessão aos 51.992,89 pontos. O clima de pessimismo generalizado contradiz o entusiasmo do mercado de capitais, tendo em conta que apenas nas últimas três sessões, a Bovespa acumulou valorização de 6,3%. Curioso ainda constatar que o índice havia encerrado a semana anterior com resultado acumulado de 3,78%. Tudo faz pensar que os compradores estão realmente ativos, apostando na ideia de que os preços dos papéis estão muito deprimidos. Entendem que a razão para isso está relacionada ao pessimismo exagerado e à falta de confiança na recuperação da economia. Tão logo esse clima seja revertido, esperam embolsar o lucro de suas ousadias.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Torcida Mundial

Fatos novos podem trazer algum
otimismo aos mercados


A Zona do Euro já havia surpreendido, na semana passada, apresentando crescimento de 0,3%, nos últimos três meses do ano passado. A recessão parece ter ficado para trás. Para 2015, o crescimento econômico da região continuará se recuperando, ainda que lentamente, e sempre impulsionados pelas medidas de ampliação da liquidez previstas pelo BC. As taxas de desemprego devem apresentar reduções, embora se mantenham em patamares ainda elevados. Os movimentos deflacionários não devem ressurgir e estarão no radar do BCE. A discussão sobre os efeitos do crescimento e dos preços é o tema político desse momento. A expectativa sobre a Europa refletiu-se positivamente no mercado financeiro mundial. Agora é o Japão que anuncia crescimento de 0,6%, nos últimos três meses do ano, correspondendo, em base anualizada, a 2,2%. Um número que entusiasma, mas que ainda assim está baixo da previsão dos analistas de mercado, de 3,7%, sugerindo que a recuperação econômica do Japão ainda é frágil. Mesmo que frágil, o fato é que esse crescimento acontece após dois trimestres de contração na economia japonesa. É compreensível entretanto que os analistas tomem como fraca a recuperação. Temem que a lenta retomada dos gastos em consumo e dos investimentos possa comprometer a sustentabilidade do plano, em prazo mais longo. Esperam pelas prometidas, e ainda não executadas, reformas estruturais, bem como pelo ajuste das contas públicas. Os agentes econômicos não estão convencidos de que apenas os estímulos monetários possam produzir resultados definitivos em relação ao crescimento do país. Isso, de certa maneira, retém o crescimento de expectativas mais otimistas e retardam os investimentos privados. O consumo privado representa cerca de 60% da economia japonesa, segundo fontes oficiais, condicionando qualquer reação do nível de atividade à disposição de sua população em gastar. Enquanto isso a China esforça-se por manter um de crescimento entre 7% e 7,5% ao ano para atender a demanda de mão de obra. Para isso, reduziu suas taxas de juros e o percentual correspondente ao recolhimento de depósitos compulsórios dos bancos. Esses estímulos são relativamente recentes e inspiram cuidados para não se transformar em bolhas de preços na economia. São vistos como verdadeiros impulsionadores do mercado interno, estimulando o nível de atividade e a expansão dos negócios. Espera-se que tais investimentos possam ampliar, em algum grau, o emprego, a renda o consumo. O mundo torce para isso.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Mercado de trabalho

O emprego já faz água


Os números sobre emprego anunciam a exaustão do mercado de consumo face ao baixo nível de investimentos no país. O setor industrial, esquecido pelas políticas econômicas dos últimos governos, destruiu cerca de 45.000 empregos em 2014. A construção civil, depois do estouro de sua bolha, fechou, só no mês de novembro, 50 mil vagas. Os tempos de pleno emprego parecem estar chegando ao fim. O Brasil criou no ano passado menos de 25% das vagas de trabalhos criadas em 2010. Se a taxa de desemprego apontada pela PNAD-Contínua não ultrapassou os 6,8%, isso se deu graças ao desempenho do comércio e dos serviços, mas que em 2014, arrefeceram seu dinamismo, e graças à redução do número de pessoas que procuraram emprego nesse período. Aposentados, com a melhoria dos valores de suas aposentadorias, e jovens, em idade escolar, saíram do mercado de trabalho, deixando de procurar empregos. Os programas sociais distribuídos de maneira benevolente, foram um estímulo adicional à renúncia ao trabalho. Com a elevação das taxas de juros, a redução do crédito e os justes econômicos previstos, o mercado de trabalho inicia um ciclo de retração. O crescimento dos salários tende a ser modesto em 2015, e a renda familiar deve mostrar-se em queda. A tendência é que jovens e aposentados voltem para o mercado, à busca da recuperação da renda de suas famílias e isso, inevitavelmente, pressionará a taxa de desemprego.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Otimismo no mercado internacional

Novos movimentos de crescimentos no mundo podem beneficiar o Brasil
Toda vez que se fala em flexibilização das políticas monetárias da China e da União Europeia, as expectativas sobre a melhoria do quadro econômico começam a crescer e, de modo geral, trazendo amplos benefícios aos países emergentes. Esses socorros são vistos como verdadeiros impulsionadores dos mercados, estimulando o nível de atividade e a expansão dos negócios. Por essa forma, ampliam o emprego, a renda, o crédito e, por consequência, o consumo. Sobre os resultados do plano Japonês, contudo, os agentes econômicos parecem ainda não estar convencidos em relação aos estímulos monetários no país. Isso, de certa maneira, retém o crescimento dessas expectativas mais otimistas. A recuperação norte-americana continua e a notícia do crescimento de 0,3% do PIB europeu, no último trimestre de 2014, deram novo fôlego ao bom humor dos agentes econômicos nos mercados internacionais. O comércio mundial, mas sobretudo o comércio brasileiro, deve responder à valorização do dólar em nível mundial. De igual maneira concorrem para isso a alta nas cotações das commodities metálicas e agrícolas e do petróleo, beneficiando fortemente o Brasil.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Dólar em alta

Menor liquidez nos USA pressiona desvalorização do real
Os que precisam comprar dólares e os que precisam vender a moeda norte-americana fique atento às suas flutuações, sempre considerando que a tendência para os próximos períodos é sua valorização em relação ao real. Não bastassem as condições diferenciadas das economias dos dois países, a suspensão do programa de injeção mensal de liquidez no mercado norte-americano já seria, por si só, um fator de redução da oferta de dólares em todo o mundo. Acresce ainda o esperado aumento das taxas de juros nos Estados Unidos. Segundo se prevê isso tornará muito atrativo os investimentos naquele país. Dessa forma, imagina-se que possa haver uma saída acentuada de recursos no Brasil à busca de uma relação risco-retorno mais interessante. Quando isso ocorrer, a oferta de dólar no Brasil deve reduzir-se substancialmente, levando a uma valorização abrupta da moeda em relação ao real. Essa valorização no Brasil ficará ainda minimizada pela ação do Bacen, mas não a ponto de evitar os movimentos defensivos dos investimentos já realizado, que, por sua vez, deverão impor alta volatilidade no mercado de divisas. É verdade que redução dos déficits de nossa balança comercial, impulsionada pela desvalorização do real nos próximos meses, pode minimizar a redução da oferta de dólar no mercado brasileiro, provocando em contrapartida novas pressões sobre a inflação interna.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Consumidor criando juízo

O crédito no caminho certo
O crescimento do crédito em 2014 deu-se sobretudo pelo avanço dos financiamentos imobiliários e do crédito rural. Essas linhas apresentam taxas muito baixas, quando comparadas às outras ofertas de créditos disponibilizadas às pessoas físicas e jurídicas.  O Banco Central registra crescimento, entre 2013 e 2014, de apenas 10,2%, com saldo final de R$ 2,82 trilhões. Esse crescimento é inferior à maioria das previsões feitas por especialistas para esse período.


Crédito
Crescimento em 2014
Imobiliário
27,1%
Rural
18,2%
Crédito ao Consumo
5,3%
Serviços
5,9%
Comércio
5,1%
Indústria
6,9%


Excluídos o crédito imobiliário e o rural, apenas o crédito à indústria superou o crescimento do IPCA de 6,41%. A explicação para tudo isso reside no baixo custo desses empréstimos para os seus tomadores. Mesmo com spreads menores em relação a outros tipos de operações creditícias, os financiamentos imobiliários e os rurais apresentam custo de captação muito baixos e são muito mais seguros para os bancos, apresentando os menores níveis de inadimplência. Juntam-se “a fome e a vontade de comer”: de um lado, o consumidor quer crédito barato; de outro, o emprestador quer baixa inadimplência para reduzir as necessidades de provisões com perdas e calotes, garantindo maior liquidez à instituição financeira. Segundo o Bacen, a inadimplência dos empréstimos habitacionais e dos financiamentos agropecuários fecharam o ano 2014 em 0,4%. Os juros menores e o alongamento dos prazos permitiram que as parcelas fossem significativamente menores. Com isso as pessoas passaram a ter acesso a casa própria. No caso do financiamento rural, o crescimento foi resultado da expansão da área plantada ou do aumento da produtividade, que requereu recursos para financiar novas tecnologias e processos. O mercado de crédito começa a corrigir sua rota. Em 2014, os empréstimos voltam-se mais fortemente ao aumento da patrimonialização pessoal ou ao aumento da produção e da produtividade.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A desaceleração é um problema generalizado

A China em "sinuca de bico"
O banco central da China reduziu o depósito compulsório para os grandes bancos do país. A medida tem o objetivo de estimular o crescimento, liberando esses recursos para novos empréstimos e aumentando a liquidez ao sistema econômico. A taxa agora caiu 20,0% para 19,5%, valor de causar inveja ao banqueiro brasileiro. A desaceleração econômica agrava os problemas internos chineses, sobretudo no que se refere à criação de novas oportunidades de trabalho. O contingente populacional e a pobreza não admitem uma desaceleração tão forte da economia por muito tempo. Por outro lado, as preocupações com o sistema de preços limitam os estímulos monetários, assim como a fragilidade do sistema bancário chinês impede medidas mais agressivas na área do crédito.
Aqui estamos diante de uma “sinuca de bico”.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Vexame nacional

Já passou da hora
A diretoria precisa ser substituída com urgência. A agência de classificação de riscos Fitch acaba de rebaixar, nesta terça-feira, os ratings da dívida da Petrobras em moeda estrangeira e local para "BBB" para "BBB-", colocando a petroleira em perspectiva negativa. A agência argumenta que esse rebaixamento espelha "as incertezas crescentes e prolongadas sobre capacidade da empresa de estimar e registrar baixas contábeis". Somam-se a isso as denúncias sucessivas de que os ativos teriam sido sobrevalorizados por atos de corrupção. Trata-se do maior vexame nacional e do maior escândalo financeiro da história do mercado de capitais mundial. Passou da hora de trocar a diretoria.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

As expectativas sombrias dessa semana

Estagflação para 2015,
é a previsão da semana
O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, mostra um quadro de estagflação para esse ano. A mediana do IPCA alcançou nada menos que 7,01%, enquanto para o PIB a mediana ficou em 0,03%. 
Para explicar tudo isso é preciso combinar um número infinito de variáveis que se movimentam ao sabor das medidas governamentais, dos acontecimentos mundiais e das reações dos agentes econômicos. Foram grandes as mudanças acontecidas em um intervalo pequenos de tempo: juros racionamento de água e de eletricidade, desrepresamento desses preços, quedas na produção agropecuária, queda dos preços das commodities de origem agrícolas no mercado internacional,redução da produção industrial, interrupção e/ou suspensão dos investimentos, corrupção, etc. Portanto, os números do Boletim Focus revela uma realidade cruel para 2015. Os agentes econômicos estão retraídos e a s expectativas são piores a cada dia. Do fundo das cadeias os cães ladram. Aqui fora, a caravana que deveria passar, parou. Tornou-se urgente criar um fato econômico que levasse população e agentes a um novo clima de negócios no país.