Emergencial e pontual, o ajuste apenas corrige erros passados. Não planeja o futuro.
De início as medidas objetivaram conter a
inflação e evitar que o país perdesse o grau de investimento. Todas contracionistas: contenção inicial de gastos, aumentos de taxas de
juros, extinção de subsídios e aumento de arrecadação, num ambiente cambial de
depreciação da moeda nacional. O crédito tornou-se escasso com a inadimplência em
patamares preocupantes. A palavra de ordem era seletividade na concessão dos
empréstimos. Por fim, a operação Lava a Jato conduziu a economia para um estado
de paralisação geral. Essa era a realidade no pré-ajuste. O que pensar do
pós-ajuste? Não há ainda uma visão
tão clara da intensidade e do tempo que o ajuste possa tomar. A redução de
despesas anunciada até agora não é suficiente para cumprir a meta fiscal do
ano. Quadro das contas públicas, no primeiro
trimestre, já compromete o cumprimento da meta anual. O setor público consolidado no
primeiro trimestre alcançou um déficit primário de 0,7% do PIB, no acumulado dos
últimos 12 meses. O déficit tem causa no
governo central. Estados e municípios voltaram a apresentar superávit em suas
contas. Queda das receitas (arrecadação de impostos) é a principal responsável
por isso, além de perdas com as compensações financeiras advindas da exploração
do petróleo, uma vez que essa commodities sofreu uma intensa queda de preço. Do lado das despesas, os
resultados do governo central mostram clara contenção de despesas de capital,
principalmente investimentos. A lamentar apenas que o mesmo não aconteça com
gastos de custeio. Trocando em miúdos, o contingenciamento está abaixo daquilo que
seria necessário. Outras medidas devem chegar ainda para o final de maio. No plano internacional,
Estados Unidos discute o momento para sua anunciada alta de juros. A
União Europeia, apesar dos esforços do BCE, ainda não afastou de forma
definitiva os fantasmas do baixo crescimento e da deflação. A China permanece
em seu padrão de crescimento mais moderado. Os maiores impactos
previstos para a economia brasileira estão relacionados mais claramente aos
juros e câmbio. A normalização dos juros norte-americano, esperada para um
prazo já não tão distante, é um fator de pressão para a taxa de câmbio. A ele
se junta problemas crônicos de competitividade nacional. Os juros,
obedientes a atual política monetária deve prosseguir em níveis elevados
durante todo o ano.
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