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sábado, 20 de maio de 2017

Frigoríficos abrigam grandes trapaças no Brasil

O fornecimento de carne bovina ficou mais difícil para o Brasil 
O panorama mundial da carne poderia ter sido muito favorável ao país. A Austrália vive uma seca intensa, com suas pastagens comprometidas e com escassez de boi gordo. A Argentina ainda está de baixo d’água depois de tantas chuvas. O gado já não resiste a persistência da umidade elevada, com um estado corporal muito fraco, no exato momento em que o inverno  se aproxima.
Haveria espaço para que as exportações brasileiras fossem melhor remuneradas. Mas o escândalo da "carne fraca" comprometeu essa possibilidade. A JBS, maior fornecedor mundial de carne bovina, está envolvida nesse episódio e, para complicar o que já era difícil, acaba de comprometer-se com uma delação premiada que expõe suas práticas comerciais e empresariais. As possibilidades de qualquer recuperação de suas exportações estão comprometidas, no curto e no médio prazos, pelo desrespeito completo às normativas dos programas de integridade. Os problemas para a próxima semana não são menores. A Comissão de Valores Mobiliários abriu mais quatro processos administrativos referentes a denúncias de irregularidades em negócios nos mercados de capitais, envolvendo os principais acionistas do grupo e a própria JBS. Um dos processos trata de uso de informação privilegiada em operações no mercado de dólar futuro e com ações da JBS. Um outro investiga a atuação do Banco Original e da J&F no mercado de derivativos. Outro, de natureza jurídica assemelhada analisa a atuação da própria JBS no mercado de dólar futuro. E por final, mais outro processo investiga negociações do controlador da JBS com ações da companhia.
Nessa sexa-feira, o grupo J&F não aceitou os termos do acordo de leniência propostos pelo Ministério Público Federal, que previa pagamento de R$ 11,17 bilhões. Aqui, as consequências para o grupo podem ser fatais.
Disso se aproveitam os Estados Unidos, avançando as negociações para fornecimento do produto para a China. O mercado chinês para importações de carne bovina do Brasil está na casa dos US$ 4 bilhões por ano.
Os Estados Unidos tiveram suas exportações para China suspensas em 2003 em função do problema da "vaca louca". A tese vencedora, do então ministro da agricultura do Brasil, sustentou que nossa carne provinha de “boi verde”, alimentados apenas pelas das pastagens brasileiras. Entretanto, os escândalos sucessivos protagonizados pela indústria da carne, facilitou as renegociações entre China e Estados unidos que devem estar concluídos no final do próximo mês, conforme anuncia o Departamento da Agricultura norte-americano. A China impõe aos pecuaristas americanos que suprimam a utilização de medicamentos que estimulam o crescimento dos animais a serem importados por ela. Impõe também uma cláusula de rastreabilidade que possa permitir o controle dessa obrigação e dos demais movimentos dos rebanhos. O cumprimento dessas cláusula não é tão simples, pois pate dos terneiros que vão à terminação em território americano é fornecida pelo México.
Disso tudo, fica um recado forte para Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes: compliance, segurança alimentar e rastreabilidade são prioridades definitivas para os próximos anos.

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