Por uma política monetária
Definitivamente o esforço governamental de
reduzir juros e spreads é meritório e não se pode deixar de aplaudir a
iniciativa. Igualmente devem ser vistos os esforços de combate à pobreza e de
distribuição da renda. A empolgação exagerada nesses esforços, entretanto,
desenha um quadro inflacionário novo e perigoso. O aumento de preços deriva de
uma demanda que cresceu mais rapidamente que a oferta de bens e produtos. Impulsionaram
a demanda a alta dos salários e o apertado mercado de trabalho. Esse diagnóstico
parece consensual, tanto que o câmbio tornou-se variável crítica para o
controle da inflação.
O governo continuará determinadamente
comprometido com a redução das desigualdades sociais e com a inclusão de novos
brasileiros pobres na classe C, provocando pressões, que se renovarão ao longo
do tempo, sobre nosso sistema de preços. Não há, portanto, como acreditar mais
na meta de 4,5% ao ano. O Copom tergiversou e não percebeu que a meta já foi
deslocada pelos fatos. Estará, nesse momento, minimamente, 0,5 ponto percentual
acima da meta declarada. Isso foi a inspiração para que a taxa básica de juros permanecesse
inalterada, deixando antever sua estabilidade por um período mais longo.
A bem da verdade esse negócio de 4,5% ao
ano, com 2 pontos para baixo ou para cima, é uma piada de mau gosto. Se o
limite inferior de 2% for pensado seriamente, estaríamos cogitando de problemas
das economias desenvolvidas, mergulhadas em problemas de estagnação e desemprego.
O Japão, com inflação na casa de 1% e receoso de deflação, sonha elevar a inflação
para 2% ao ano. Por outro lado, falar em 6,5% no atual ambiente internacional é
admitir o descontrole dos preços. Esse intervalo está excessivamente grande envolvendo
polos opostos e muito distantes da realidade econômica atual.
O Copom já deveria ter tratado desse
problema, evitando que a credibilidade do Bacen seja posta em dúvida. Ao mesmo
tempo estaria oferecendo aos investidores a previsibilidade por eles reclamada.
Em outras palavras, o centro da meta precisa subir e as variações admitidas,
como máxima e mínima, precisam ser reduzidas. A decisão apontaria para a possibilidade
de um crescimento maior, mas com a inflação controlada dentro do contexto de
países emergentes.
O Copom teria maior facilidade em explicar,
e a população em compreender, a manutenção da taxa de juros face ao desempenho
futuro da atividade econômica e da inflação.
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