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sexta-feira, 29 de março de 2013

Peixes morrem pela boca

Sinais controversos
Os investidores reconhecem existir no Brasil grandes oportunidades. Reconhecem também que essas oportunidades ficaram escassas na conturbada economia mundial. Gostariam de estar aportando seus recursos por aqui, à busca de remunerações mais atraentes e que o país poderia oferecer a seus capitais. Entretanto, a consulta aos números da economia nacional mostra:
1)  desaceleração progressiva e prolongada
2)  política fiscal expansionista que agrava a relação dívida/PIB
3)  inflação elevada, com índice de difusão crescente
4)  política monetária com taxas de juros baixas e contínua expansão do crédito
5)  abandono às metas inflacionárias
6)   câmbio acima dos R$2,00, mesmo com intervenções do Banco Central
7)   paralisação das reformas estruturais (carga tributária elevada, legislação trabalhista envelhecida e gargalos na infraestrutura)
Foi nesse contexto que a fala da presidente produziu efeitos tão acentuados. E não bastasse isso, a autoridade monetária vem a público para reconhecer que a inflação para 2013 e par a 2014 ficarão acima dos 5%, afirmando que “trazer o índice para perto do centro da meta é cenário irrealista”.
Investidores percebem ainda que o mercado de trabalho continua apertado e os reajustes de salários prometem continuar acima dos ganhos de produtividade do sistema econômico. A renda das famílias cresce e os preços dos alimentos, como decorrência do aumento da demanda interna, manterão a atual trajetória de alta.
São muitos os desacertos. O governo revela efetivamente não ter um plano econômico, apenas ostenta um objetivo eleitoral que o cega e domina suas ações. Reformas produzem desgastes  políticos e por isso serão esquecidas. Austeridade fiscal e rigor monetário trazem efeitos semelhantes. Os conteúdos das falas oficiais são movidos por interesses apenas políticos imediatos.
A bolsa era até agora o sinal mais claro dessa desorientação, mas o ouro e o dólar, liderando o ranking das aplicações, em março, traduzem melhor o imbróglio econômico oficial.
Peixes morrem pela boca.

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