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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Essa rotina ficou monótona

Depois de plantados os grãos, a previsão
é de baixa de preços
Foi sempre assim. Antes do plantio no hemisfério sul, começam aparecer as revisões dos relatórios do USDA. Nesses relatórios pós-plantio, as previsões são sempre de safras recordes, no mundo. Particularmente, nesse mês de dezembro, as estimativas foram revistas para cima, para todos os principais grãos. As notícias falam são sobre expectativas de safras maravilhosas e de estoques elevados de grãos. Os preços, naturalmente, começam a cair e os industriais e comerciantes fazem a festa, provisionando-se a custos muito baixos. Essa situação deixa sempre uma questão a ser resolvida: os preços dos alimentos industrializados vão cair também? Ou a diferença entre os preços mais baixos das commodities e os preços anteriores, mais altos, vão ser embolsados por industriais e especuladores? Esses ganhos adicionais não vão ser repassados ao consumidor? Quando iniciar o novo período de plantio no hemisfério sul, as previsões vão falar novamente em escassez. Os agricultores vão ver os preços dos produtos que venderam barato, subirem. Animados com a perspectivas de ganhos, voltam a plantar. Se esquecem que o Departamento de Agricultura dos EUA, o famoso USDA, em breve publicará as edições de novos “Relatórios de Estimativas Mundiais de Oferta e Demanda Agrícola”, dando conta de uma super oferta e transformando os ganhos esperados em mais um momento de frustração dos agricultores. Trata-se de expediente que promove a transferência da renda do campo pobre para a cidade rica. Ampliam-se as desigualdades, em todo o mundo. Salvo os momentos onde os Atos de Deus são impossíveis de serem escondidos, o USDA patrocina e garante os lucros das tradings e das grandes empresas internacionais do setor, com a colaboração eficiente do universo especulativo das bolsas de mercadoria.  Essas descasam os preços do presente daqueles previstos para o futuro baseadas em expectativas manipuladas. Esses mecanismos desinformam e confundem o agricultor. Uma rotina que ficou monótona, e que serve aos poucos que se beneficiam das assimetrias informacionais.

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