Depois de plantados os grãos, a previsão
é de
baixa de preços
Foi
sempre assim. Antes do plantio no hemisfério sul, começam aparecer as revisões
dos relatórios do USDA. Nesses relatórios pós-plantio, as previsões são sempre
de safras recordes, no mundo. Particularmente, nesse mês de dezembro, as
estimativas foram revistas para cima, para todos os principais grãos. As
notícias falam são sobre expectativas de safras maravilhosas e de estoques
elevados de grãos. Os preços, naturalmente, começam a cair e os industriais e
comerciantes fazem a festa, provisionando-se a custos muito baixos. Essa
situação deixa sempre uma questão a ser resolvida: os preços dos alimentos
industrializados vão cair também? Ou a diferença entre os preços mais baixos das
commodities e
os preços anteriores, mais altos, vão ser embolsados por industriais e
especuladores? Esses ganhos adicionais não vão ser repassados ao
consumidor? Quando iniciar o novo período de plantio no hemisfério sul, as
previsões vão falar novamente em escassez. Os agricultores vão ver os preços
dos produtos que venderam barato, subirem. Animados com a perspectivas de
ganhos, voltam a plantar. Se esquecem que o Departamento
de Agricultura dos EUA, o famoso USDA, em breve publicará as edições de novos
“Relatórios de Estimativas Mundiais de Oferta e Demanda Agrícola”, dando conta
de uma super oferta e transformando os ganhos esperados em mais um momento de
frustração dos agricultores. Trata-se de expediente que promove a transferência
da renda do campo pobre para a cidade rica. Ampliam-se as desigualdades, em
todo o mundo. Salvo os momentos onde os Atos de Deus são
impossíveis de serem escondidos, o USDA patrocina e garante os lucros das tradings e das grandes
empresas internacionais do setor, com a colaboração eficiente do universo
especulativo das bolsas de mercadoria. Essas descasam os preços do
presente daqueles previstos para o futuro baseadas em expectativas
manipuladas. Esses mecanismos desinformam e confundem o agricultor. Uma
rotina que ficou monótona, e que serve aos poucos que se beneficiam das
assimetrias informacionais.
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