Falando em superar o pessimismo
Décio Pecequilo e Celso Grisi começam a ver a recuperação no ânimo dos investidores
ABRIL DE 2013 - SEGMENTO BOVESPA
Depois
do péssimo primeiro trimestre, quando o IBOVESPA perdeu 7,55%, configurando-se
no pior dos últimos 18 anos, o mês de abril, fechou com esse indicador em baixa
de apenas 0,78%, o melhor (ou menos ruim) mês desse ano, até agora. Afinal, em janeiro
a perda foi de 1,95%, em fevereiro a queda atingiu 3,91% e, em março, a perda foi
de 1,87%.
O
comportamento dos preços, até abril desse ano, registrou o extremo superior do IBOVESPA
em 63.312 pontos, alcançados no dia 03 de Janeiro. Por outro lado, o extremo
inferior - que era de 54.873 pontos de 25 de março - foi batido em 17 de abril
quando chegou a 52.881 pontos. A diferença entre esses extremos, no final do
primeiro trimestre, era de 8.439 pontos. Em abril, alargou-se para 10.431 pontos,
fazendo crer em quedas ainda mais fortes, mas que afinal foram atenuadas
durante o mês.
O quarto mês do ano teve um total de 22
pregões sendo, 13 deles em alta e os outros 9 em baixa. A quantidade, média
diária de negócios foi de 944.500. O volume médio diário negociado atingiu R$ 8.224,80
bilhões. Até o momento, esses dois dados são os mais altos do ano.
PARTICIPAÇÃO DOS INVESTIDORES NO VOLUME TOTAL
DA BM&FBOVESPA
O Investidor Estrangeiro continuou liderando o
movimento. Sua participação entre compras
e vendas foi de pouco mais 0,25% (total de compras – total de vendas). Em seguida, a maior
participação do Investidor Institucional com -0,72%, tendo, portanto, vendido
mais do que comprado e, por fim, no terceiro e quarto lugares, praticamente
juntos, os Investidores Pessoa Física com -0,17% e o Individual com -0,15%,
ambos tendo vendido mais do que comprado. Os outros tipos de participantes não apresentam
números significativos.
O
destaque fica por conta do Investidor Estrangeiro que comprou em torno de R$
1,5 bilhão em ações, na última semana de abril, mas voltou a manter posição
vendida em Ibovespa Futuro. Esse comportamento embute a crença de baixa mais
adiante, aliada a uma proteção contra um aumento de volatilidade do mercado. O
interessante é que mesmo em baixa no mês de abril o segmento BOVESPA já chama a
atenção de analistas.
O QUE PODE EXPLICAR RESULTADOS TÃO RUINS
Algumas
ideias estão no centro das análises econômicas feitas por nossos melhores
especialistas:
1ª) A
economia brasileira cresceu 0,9% em 2012, abaixo da estimativa de 1,5%. Outros
o países da América Latina, como Chile, Peru, Colômbia, cujas rendas per capita
são análogas à brasileira, cresceram mais fortemente, apresentando inflações
mais baixas e investimentos mais altos. Esses países apresentam crescimentos
mais rápidos, a taxas de 4%, 5%, 6% ao ano.
2ª) A
comparação das taxas de investimento brasileiras, ao longo do tempo, explica o
baixo crescimento. Em 2012, o Brasil investiu 19,5% do PIB, em 2011 o
investimento foi de 19,3% e em 2012 veio para 18,1%. Nos demais países, a média
alcançou 23%, 25% e 27%.
3ª) Numa
situação de pleno emprego e com a capacidade instalada totalmente comprometida,
o país para crescer, admitida a baixa taxa de investimento, precisa pressionar
a inflação.
4ª) O
pleno emprego garante a sobrevida da atual política econômica, mas compromete a
inflação.
5ª) A
atual relação entre crescimento, juros e inflação está claramente desequilibrada
e mostra-se insustentável no longo prazo.
6ª)
Os problemas estruturais não podem ser postergados e o encaminhamento das
soluções requer o aumento dos investimentos.
7ª) A
solução esperada pelo mercado implica em o Banco Central subir a taxa de juros,
para dar tempo enquanto às políticas econômicas de caráter estrutural.
Como
nada disso parecia acontecer, o mês de abril foi desastroso para o mercado de
capitais.
Maio
começa a renovar os ânimos dos agentes. Os processos de licitações nas áreas de exploração de petróleo e de portos foram o estopim dessa reação. Alguns analistas apontam que a bolsa do
México esta muito mais "cara" que a do Brasil, sinalizando para uma
reversão já nos próximos meses. Outros já anunciam que os pais esta se
aproximando de um ponto de inflexão em termos do crescimento econômico, dos resultados
das empresas e das expectativas sobre o desempenho futuro de nossa economia.
É de
se pensar, mesmo mantendo a prudência necessária, que a reação está mesmo por
vir. Afinal, nos quatro primeiros meses do ano, seis empresas realizaram abertura
de Capital IPO (Initial Public Offering, em inglês), vendendo 13,2 bilhões de
ações, entre existentes, ou emitidas recentemente, para mais ou menos nove mil
investidores. Essas captações, superaram as de 2011 e 2012 quando somadas."