Crescimento moderado
O Banco Central divulgou ontem o IBC-BR, seu indicador antecedente que
aponta o crescimento da atividade econômica. Nesse primeiro trimestre, o índice
cresceu 1,79% em relação a igual período do no anterior. Em março, o IBC-Br registrou crescimento dessazonalizado
de 0,72%, o que significa a maior expansão desde janeiro desse ano. Em janeiro,
o crescimento foi de 1,05% apontando para o que poderia ter sido o início de
uma recuperação. Em fevereiro, veio a frustração, com uma queda desalentadora de -0,36%.
Com o crescimento anunciado ontem, a expectativa é de
que o PIB de 2013 venha realmente a alcançar os 3,0%.
Remanescerá,
para todos os analistas, o desafio de identificar quanto das políticas contra
cíclicas implantadas em 2012 e em 2013 foram causa desse crescimento. De fato, essas medidas foram abundantes e
sucessivas de maneira a dificultar o exercício acadêmico. O governo durante o
ano passado, reduziu o IPI para linha branca e automóveis, além do cortar os
juros básicos da economia. Desvalorizou o real de forma significativa e
promoveu a redução de mais de R$ 100 bilhões nos depósitos compulsórios, injetando
liquidez no sistema econômico. Como a economia não reagisse, o governo reduziu
o IOF para empréstimos tomados pelas pessoas físicas, desonerou folha de
pagamentos. Especificamente no setor público, liberou mais crédito para os
estados e colocou a máquina de compras do estado a serviço da recuperação, anunciando
programa de compras governamentais de R$ 8,4 bilhões. Por fim, atendeu reclamos
setoriais e implantou medidas, cuja legitimidade é contestada no âmbito da OMC,
de defesa da concorrência.
O esforço governamental é inegável, mas sua eficiência
parece definitivamente baixa e com efeitos inflacionários perversos. A Selic,
nesse sentido, foi levada para 7,5%, em abril desse ano. É provável que tenha
de sofrer novas altas nas próximas reuniões do Copom.
Curiosamente,
o crescimento sugerido pelo IBC-BR parece inconsistente com a queda das vendas no varejo de -0,1%, anunciada ontem pelo IBGE e com o
tímido desempenho do setor industrial.
Por ora, a expansão só pode ser explicada pela atividade agropecuária e
pelo aumento dos investimentos em setores mais ativos da área de serviços.
Para ser convincente, precisaríamos ver o crescimento se generalizar por
toda a economia. Aí sim diríamos que "agora vai".
Nenhum comentário:
Postar um comentário