Bravo
mesmo fica para o comércio
As
sucessivas desvalorizações do real aumentam os preços dos importados. O repasse
desses aumentos começa a chegar às prateleiras frequentadas pelo consumidor
final. A taxa de juro sobe mais 0,5% ao ano e encarece o custo do capital.
Investimentos privados são desestimulados mais uma vez. O mercado de trabalho
piora a cada dia comprometendo a expansão da renda, enquanto as famílias remanescem
endividadas e inadimplentes. O país não cresce, senão lentamente.
O
quadro para o comércio é desanimador. As vendas caem, o crédito é escasso e
cada dia mais caro. Nesse último mês, o número de recuperações judiciais cresceu
fortemente. Os pedidos de falência aumentaram também expressivamente e a
insolvência acentuou-se ainda mais.
A
alta da Selic de ontem é benvinda para reduzir os riscos de um recrudescimento
inflacionário, mas inibe, na mesma medida, o crescimento. A moeda local
depreciada rapidamente ajuda ao comércio exterior brasileiro e cria uma nova
vertente de crescimento, via exportações. Ao mesmo tempo, amplia a
competitividade dos produtos nacionais, encarece as importações que tendem a
ser substituídas pela produção nacional.
Em
tese, a retração provocada pelos juros deveria ser compensada pela expansão dos
produtos exportados e pelo aumento da produção nacional. A inflação dos
importados seria compensada, ainda em tese, pela alta dos juros internos. E
tudo isso seria maravilhoso, não fosse a defasagem de tempo dos efeitos que essas
medidas econômicas costumam apresentar. A alta dos juros é acompanhada por
efeitos quase imediatos, enquanto a desvalorização cambial produz efeitos de
longo prazo. Portanto, daqui até o final do ano, é de se esperar por baixo
crescimento, inflação em alta, níveis modestos de investimentos e um moderado
agravamento nas condições do mercado de trabalho.
O
cenário atual atinge todos os setores, mas aponta para uma redução mais abrupta
no nível de atividade do comércio.
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