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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O semestre que não quer acabar

O primeiro semestre não quer acabar
O dólar disparou, a economia cresce muito lentamente e a inflação permanece alta. Definitivamente a política fiscal desenvolvimentista não deu conta do crescimento. A flexibilização excessiva da política monetária resultou em inflação alta e persistente, enquanto os juros mantidos artificialmente baixos impulsionaram os preços. Desonerações e outros intervencionismos foram distribuídos à mão cheia e apesar de todos os esforços intervencionistas o crescimento econômico não decolou.
Para a maioria dos analistas, a inflação foi tratada com leniência, possibilitando que o crescimento virasse a prioridade governamental. O custo de capital continua alto, agravado pelos juros em trajetória de alta. Ambas as variáveis comprometendo as decisões de investimentos.
O crescimento da massa salarial já não é o mesmo e a criação de novas vagas de trabalho está em queda. As famílias estão ainda muito endividadas e a inadimplência cai lentamente.  O estoque de crédito mantém-se muito elevado, requerendo revisão urgente.
O Estado avultou-se em demasia e não para de crescer. Por isso a carga tributária precisa aumentar continuadamente, embora os serviços públicos apresentem qualidade sofrível e tenham oferta muito abaixo da demanda. As contas públicas apresentam resultados desencorajadores, apontando para o seu desarranjo e desequilíbrio.
Empresários já trabalham com a hipótese do PIB crescer 1,8% e com a Selic entre 9,5% a 10 % para o final do ano.
Em outras palavras, as incertezas econômicas hoje são muito grandes. Institucionalmente, o país não evolui. As reformas estão esquecidas. As turbulências no quadro regulatório dos setores sob o regime de concessões são o exemplo mais bem acabado dessas instabilidades. O episódio da energia elétrica é emblemático. Criou a expectativa de que, em outros casos, os mesmos procedimentos estarão presentes.  O investidor estrangeiro entende que tudo poderá se repetir em processos de mesma natureza.
O segundo semestre precisa começar.
Sem investimentos não há crescimento e sem crescimento não há emprego, renda e consumo. Como a poupança interna é muito baixa o país precisa atrair os capitais estrangeiros. Para isso, será necessário afastar o intervencionismo e, claramente, ver recuperada uma doutrina mais liberal. Significa dizer, reduzir a carga tributária, cortar gastos, acabar com subsídios do Tesouro às empresas privadas ou setores da economia, reduzir o volume de crédito e buscar, pragmaticamente, por acordos comerciais com países europeus, asiáticos, com os Estados Unidos e Canadá. E, claro, sem dar de ombros para a América Latina.
Essas medidas devem estar inspiradas no reconhecimento de que a conjuntura internacional mudou. A China, embora os recentes sinais de estabilização, desacelerou, produzindo a redução dos preços das commodities produzidas no Brasil. Os Estados Unidos iniciou um novo momento na política de juros, graças a consistente recuperação de sua economia. Os juros de longo prazo estão em alta e, nesse contexto, é natural que os capitais deixem os países emergentes a busca de uma relação risco x lucro mais confortável.
Combater incertezas implica restituir a previsibilidade. Nesse momento o crescimento é absolutamente dependente dos capitais externos. Por isso, é preciso criar, com urgência, condições regulatórias atrativas aos capitais privados para infraestrutura e reduzir o tamanho do Estado. Tudo passa pela implantação da austeridade na política fiscal para combater a inflação e baixar juros. Precisamos encerrar o primeiro semestre para começar o segundo, com urgência.

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