O primeiro semestre não quer acabar
O
dólar disparou, a economia cresce muito lentamente e a inflação permanece alta.
Definitivamente a política fiscal desenvolvimentista não deu conta do
crescimento. A flexibilização excessiva da política monetária resultou em
inflação alta e persistente, enquanto os juros mantidos artificialmente baixos
impulsionaram os preços. Desonerações e outros intervencionismos foram
distribuídos à mão cheia e apesar de todos os esforços intervencionistas o
crescimento econômico não decolou.
Para
a maioria dos analistas, a inflação foi tratada com leniência, possibilitando
que o crescimento virasse a prioridade governamental. O custo de capital continua
alto, agravado pelos juros em trajetória de alta. Ambas as variáveis
comprometendo as decisões de investimentos.
O
crescimento da massa salarial já não é o mesmo e a criação de novas vagas de
trabalho está em queda. As famílias estão ainda muito endividadas e a
inadimplência cai lentamente. O
estoque de crédito mantém-se muito elevado, requerendo revisão urgente.
O
Estado avultou-se em demasia e não para de crescer. Por isso a carga tributária
precisa aumentar continuadamente, embora os serviços públicos apresentem
qualidade sofrível e tenham oferta muito abaixo da demanda. As contas públicas
apresentam resultados desencorajadores, apontando para o seu desarranjo e
desequilíbrio.
Empresários
já trabalham com a hipótese do PIB crescer 1,8% e com a Selic entre 9,5% a 10 %
para o final do ano.
Em
outras palavras, as incertezas econômicas hoje são muito grandes.
Institucionalmente, o país não evolui. As reformas estão esquecidas. As
turbulências no quadro regulatório dos setores sob o regime de concessões são o
exemplo mais bem acabado dessas instabilidades. O episódio da energia elétrica
é emblemático. Criou a expectativa de que, em outros casos, os mesmos
procedimentos estarão presentes. O investidor estrangeiro entende que tudo poderá
se repetir em processos de mesma natureza.
O
segundo semestre precisa começar.
Sem
investimentos não há crescimento e sem crescimento não há emprego, renda e
consumo. Como a poupança interna é muito baixa o país precisa atrair os
capitais estrangeiros. Para isso, será necessário afastar o intervencionismo e,
claramente, ver recuperada uma doutrina mais liberal. Significa dizer, reduzir
a carga tributária, cortar gastos, acabar com subsídios do Tesouro às empresas
privadas ou setores da economia, reduzir o volume de crédito e buscar,
pragmaticamente, por acordos comerciais com países europeus, asiáticos, com os Estados
Unidos e Canadá. E, claro, sem dar de ombros para a América Latina.
Essas
medidas devem estar inspiradas no reconhecimento de que a conjuntura
internacional mudou. A China, embora os recentes sinais de estabilização,
desacelerou, produzindo a redução dos preços das commodities produzidas no
Brasil. Os Estados Unidos iniciou um novo momento na política de juros, graças
a consistente recuperação de sua economia. Os juros de longo prazo estão em
alta e, nesse contexto, é natural que os capitais deixem os países emergentes a
busca de uma relação risco x lucro mais confortável.
Combater incertezas implica restituir a
previsibilidade. Nesse momento o crescimento é absolutamente dependente dos
capitais externos. Por isso, é preciso criar, com urgência, condições
regulatórias atrativas aos capitais privados para infraestrutura e reduzir o
tamanho do Estado. Tudo passa pela implantação da austeridade na política
fiscal para combater a inflação e baixar juros. Precisamos encerrar o primeiro
semestre para começar o segundo, com urgência.
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