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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Crédito se expande na inércia do mercado global

Liquidez Global Favorece Crédito
A tese é do Roberto Padovani, economista Chefe da Votorantim Corretora.
Menores incertezas e elevada liquidez global favorecem os fluxos de capitais, contribuindo para a recuperação cíclica do crédito local. 
O ambiente global tem mostrado claros avanços. O processo de contínua desaceleração da economia chinesa foi controlado, houve redução dos riscos de ruptura institucional e financeira na Europa e há sinais claros de retomada na economia norte-americana, com o mercado imobiliário explicando o recuo do desemprego.
Neste ambiente, a nova estratégia de política monetária no Japão é um fato relevante. Em conjunto com outros bancos centrais, o afrouxamento quantitativo japonês amplia a já elevada liquidez global, a ponto de a valorização recente dos principais ativos financeiros reforçar os temores de que os crescentes estímulos de política possam estar conduzindo a exageros nos mercados. Nos Estados Unidos, as correlações históricas entre bolsa, crescimento econômico e juros de longo prazo são cada vez menores. 
Elevada liquidez global e menores riscos de ruptura favorecem o mercado local de crédito. Há, no Brasil, elevada correlação entre fluxos de capitais e ciclo de crédito. Os testes estatísticos de causalidade indicam que a aversão global a risco - mensurada por preços de commodities, volatilidade e preços de ativos financeiros - pode explicar as condições locais de crédito. Em particular, o mercado de ações norte-americano tem antecipado o ciclo de crédito no Brasil, à exceção da forte contração local de crédito vivida a partir de 2011. 
Este ambiente global favorável à recuperação do crédito deve ter continuidade. Por um lado, a retomada da economia internacional sugere normalização das políticas, evitando que a manutenção de estímulos por tempo demasiado possa gerar bolhas. Por outro lado, no entanto, é preciso que os bancos centrais adotem estratégias de saída cautelosas. Como eventuais perdas patrimoniais podem influenciar, por meio do efeito riqueza, a confiança em se consumir e investir, é preciso evitar, na medida do possível, correções relevantes nos preços dos ativos financeiros. 
A mudança de viés de política econômica, no entanto, é sempre um desafio: mesmo que haja a clara indicação do sequenciamento na retirada de incentivos de política, começando pelo lado fiscal, passando pela redução do balanço dos bancos centrais e, apenas ao final, iniciando um ciclo de correção da taxa de juros, os mercados tendem a antecipar o processo, elevando rapidamente os juros de longo prazo. 
Justamente por isso, parece pouco provável um cenário de rápida reversão global das condições de liquidez, o que tende a beneficiar a economia brasileira. A percepção de ampla e continuada liquidez reforça a recuperação cíclica do crédito e, ao mesmo tempo, sugere que a condução da política monetária deva ser cautelosa para sustentar a volta do crédito e, ao mesmo tempo, evitar o aumento da volatilidade cambial.

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