A alta do dólar e as dívidas no exterior
Com o dólar desvalorizado em relação ao real e com os juros baixos no mercado
norte-americano, as perspectivas ficaram extremamente interessantes para a
empresa nacional fundear suas operações a partir de recursos captados no exterior.
Especialmente no momento em que o Brasil exibia um consumo 0muito exuberante,
de alto crescimento. Os investidores estrangeiros ficaram atraídos pelas remunerações
oferecidas pelos títulos privados de dívida de empresas brasileiras.
Para
as empresas nacionais, captar no exterior significava o barateamento do custo
de endividamento para financiar, principalmente, seus projetos de expansão, de
prazos mais longos.
Com
os sucessivos insucessos da economia brasileira, mas sobretudo pela perda de
seus fundamentos econômicos, o dólar começou a se apreciar face ao real.
Adicionalmente, a recuperação norte-americana valorizou sua moeda em escala
global, agravando o processo já em curso de desvalorizações sucessivas de nossa
moeda. Por fim, as declarações de Ben Bernake sobre o fim dos estímulos
monetários e a eventual elevação dos juros nos Estados Unidos acabaram por
produzir a mais forte depreciação da moeda brasileira dos últimos tempos.
Para
os que se lembram de episódios anteriores semelhantes, as consequências já são conhecidas.
Segundo
a Economática, as empresas brasileiras com dívida no exterior, ostentam
uma perda cambial equivalente a R$ 16,6 bilhões desde março. Juntas, as 244
empresas consideradas nesse levantamento, apresentavam uma dívida no exterior
da ordem de R$ 137,3 bilhões, no final de março. Com a variação cambial
ocorrida, essa dívida situava-se ontem em R$ 153,9 bilhões.
O dólar spot subiu 12,1%, de março até ontem,
passando de R$ 2,0161 para R$ 2,2605. Segundo a Economática, o impacto da taxa
de câmbio já é suficiente para derreter o equivalente a dois terços dos ganhos
operacionais (lucro antes de pagar impostos e juros) dessas empresas, no
primeiro trimestre de 2013. Algo como R$ 24,9 bilhões.
No passado, essas variações costumavam quebrar as empresas. Hoje há que se lembrar da proteção cambial, por meio do hedge e, no caso das empresas exportadoras, seria necessário admitir que boa parte dessa dívida conta com a proteção do hedge natural. Portanto, penso que no caso de algum problema, ele deve localizar apenas entre os que desrespeitam às boas práticas da gestão financeira.
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