O Relatório de
Inflação trabalha com cenários conservadores para a política fiscal e para o
mercado de trabalho, mantendo elevado o risco inflacionário. Como resultado,
acreditamos que o ciclo de aperto possa se prolongar.
Uma Contribuição do amigo Roberto Padovani
O Relatório de
Inflação (RI) do segundo trimestre indica disposição do Banco Central (BC) em
agir para controlar um risco inflacionário crescente.
Apesar de um
cenário externo marcado por queda de preços de commodities no curto prazo, a
avaliação da autoridade monetária é a de que as economias local e global tendem
a se recuperar, elevando o risco inflacionário. Além disso, impulsos fiscais
locais persistentes, associados a um mercado de trabalho ainda aquecido, elevam
os desafios para a convergência da inflação.
Importante notar
que o RI não indica um cenário em que haja reorientação do viés de política
fiscal e esfriamento do mercado de trabalho, apesar da hipótese de menor
reajuste do salário mínimo. Da mesma forma, o BC indica disposição de usar a
política monetária para combater os impactos inflacionários da desvalorização
cambial, mesmo considerando-se um cenário de câmbio mais apreciado que os
patamares correntes. Por último, os exercícios quantitativos indicam que, no
cenário de mercado, uma taxa de juros no patamar de 8,75% pode não ser
suficiente para definir uma trajetória de clara convergência da inflação.
Nossa leitura do RI
é de que o cenário de elevadas incertezas globais e locais incentiva o BC a ser
conservador em relação aos riscos inflacionários, não indicando nenhuma mudança
de estratégia no curto prazo. Da mesma forma, a resistência da inflação mostra
que a probabilidade de uma trajetória mais clara de convergência vem se
reduzindo, o que pode dificultar a capacidade do BC em coordenar expectativas.
Para o próximo ano,
no entanto, o esfriamento do mercado de trabalho pode atuar para reduzir os
riscos inflacionários, fazendo com que o atual ciclo de aperto monetário possa
ser inferior ao correntemente precificado nos mercados.
Tudo considerado,
elevamos nossa projeção para a taxa de juros, saindo de um patamar de 8,75%
para 9,25% para 2013, com os juros permanecendo neste patamar por um longo
período.
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