A
precificação da crise brasileira
começou, no mercado
internacional
começou, no mercado
internacional
O
movimento nas ruas do Brasil levantou inúmeras bandeiras e provocou reações
descabidas e insensatas. A proposta do plebiscito pareceu descabida à maioria
dos políticos, enquanto a decisão de suspender os reajustes de pedágio revela a
fragilidade institucional a que o país foi lançado, nesses últimos tempos. A
desmoralização do legislativo e a ausência de lideranças para condução da crise
sugerem o inicio da ingovernabilidade. A própria oposição permanece acéfala.
As
campanhas estão suspensas, os líderes quietos ou escondidos atrás de seus
tradicionais oportunismos, as forças políticas aguardam o desenrolar dos fatos
e estudam alternativas que reorganizem as coalizões, à busca apenas de suas
sobrevivências.
Do
ponto econômico, o desastre fiscal está anunciado. Com a aproximação das
eleições as pressões sobre os gastos já eram grandes e as barganhas já ganhavam
contornos ameaçadores. O apoio seria negociado contra verbas para Estados e
Municípios, onde estão os eleitores. Pobre das contas públicas, dizia-se.
O
que era ruim ficou pior. Com o movimento da população brasileira o preço subirá,
tornando o apoio mais raro e, portanto, cada vez mais caro. A isso vai somar-se
a desarrumação das receitas e custos dos serviços públicos e seus conexos,
sobretudo por envolverem os chamados preços administrados. Quem terá coragem de
reajustar esses preços? Para se ter ideia, os principais preços determinados no
âmbito das administrações municipal e estadual compreendem: gás encanado,
imposto predial e territorial urbano (IPTU), taxas de emplacamento e
licenciamento de veículos, taxa de água e esgoto, transporte público (tarifas de
ônibus urbanos e intermunicipais, metrô e táxi). Ficou difícil para os prefeitos
e governadores.
Por
sua vez, os preços determinados no âmbito federal vão desde os derivados de
petróleo - incluindo gasolina, óleo combustível para veículos e gás de botijão
-, álcool combustível, tarifas de energia elétrica de consumo residencial,
tarifas de telefonia e correios, transporte público, incluindo passagens de
avião e de ônibus interestaduais, até planos e seguros de saúde.
Os
preços administrados são aqueles que de alguma forma são determinados ou influenciados
por um órgão público e que variam independentemente das condições vigentes da
oferta e da demanda. Claro que tais preços apresentam um peso bastante alto na
composição do IPCA e, como vinham sendo conduzidos, reduziam substancialmente a
eficácia da taxa de juros no combate à inflação. Essa foi a verdadeira causa
que levou o país a subsidiar combustíveis e energia elétrica de maneira tão
inapropriada nesse governo.
Tradicionalmente,
na história econômica do país, os preços administrados apresentaram uma taxa de
crescimento significativamente superior à taxa de expansão dos demais
componentes do IPCA ou dos chamados preços livres. E, bem por isso, a política
monetária comandada pelo Bacen sempre teve, em boa medida, sua eficácia
comprometida.
Agora,
vamos assistir a inversão desse quadro. Com os preços administrados represados
pelo movimento popular é de se esperar pela ampliação do rombo fiscal. O
superávit primário, nessas condições estaria comprometido e os investidores internacionais
que costumam se antecipar aos fatos devem precificar todos os ativos nacionais,
de maneira fria e cruel. Ontem mesmo os títulos da dívida brasileira tiveram
forte recuo em suas cotações. Preparem-se.
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