Mesmo
com um ritmo mais lento,
há razões para que a dinâmica de
crescimento neste ano
permaneça bem
mais favorável que a registrada em 2012.
Texto de Roberto Padovani, Economista Chefe da Corretora Votorantim
A
desconfiança em relação ao cenário de crescimento neste ano se mantém elevada.
O temor é de que haja uma repetição do observado em 2012: enquanto no início do
ano se esperava um crescimento próximo a 3,3%, o resultado final não superou
1,0%.
Neste
ano, da mesma forma, as expectativas mostram piora. As novas frustrações com o
PIB, a instabilidade nos dados de atividade e a desaceleração do consumo local
têm reduzido as projeções de crescimento, cujo consenso se aproximava de 3,4%
no início do ano e agora já alcança o patamar de 2,8%.
Este
movimento ocorre em um momento em que a capacidade de crescimento estrutural
parece perder fôlego em relação à última década: as condições globais são
piores, há escassez de mão de obra e a construção de uma agenda para o aumento
dos investimentos caminha de forma lenta e incerta.
Da
mesma forma, a economia ainda vive ajustes cíclicos após os excessos recentes,
como é o caso dos mercados de crédito e imóveis. Neste ambiente, o crescimento
médio de 4,5% registrado entre 2004 e 2010 dificilmente poderá se repetir,
podendo alcançar uma média ao redor de 2,0% nos anos 2011-2013.
Nossa
avaliação, no entanto, é que as condições para uma retomada cíclica da economia
continuam favoráveis. O colapso no crescimento registrado no segundo semestre
de 2011 e início de 2012 (Figura 1) dificilmente irá se repetir: seria preciso
um novo choque externo capaz de intensificar o esfriamento em curso no mercado
de trabalho e comprometer a retomada.
Este não é nosso cenário básico.
O
ambiente global parece mais saudável que os observados em 2011 e 2012, com menores
riscos de ruptura financeira, econômica e institucional. As incertezas trazidas
pela política monetária nos Estados Unidos dificilmente podem implicar mudanças
relevantes no cenário de crescimento global.
Com
isso, o mercado local de crédito já mostra estabilização, com redução da
inadimplência, aumento da demanda por crédito e crescimento de novas operações,
lideradas por bancos públicos. A normalização do crédito e os incentivos
fiscais e monetários ainda presentes podem compensar o esfriamento do mercado
de trabalho e garantir o crescimento do consumo, favorecendo os investimentos.
Consumo e investimento, neste caso, mais que compensam o impacto negativo da
balança comercial sobre o crescimento.
Finalmente,
a produção agrícola e a indústria de transformação podem reforçar a trajetória
de recuperação, compensando o fraco desempenho da indústria extrativa mineral e
da construção civil. Tudo considerado, a recuperação continua em curso, ainda
que a um ritmo mais moderado: o crescimento projetado de 2,5% para o PIB neste
ano afasta a economia do colapso registrado em 2012 (Figura 2).
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