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terça-feira, 4 de junho de 2013

PIB: Recuperação Moderada

Mesmo com um ritmo mais lento,
há razões para que a dinâmica de
crescimento neste ano permaneça bem
mais favorável que a registrada em 2012.
 Texto de Roberto Padovani, Economista Chefe da Corretora Votorantim
A desconfiança em relação ao cenário de crescimento neste ano se mantém elevada. O temor é de que haja uma repetição do observado em 2012: enquanto no início do ano se esperava um crescimento próximo a 3,3%, o resultado final não superou 1,0%.
Neste ano, da mesma forma, as expectativas mostram piora. As novas frustrações com o PIB, a instabilidade nos dados de atividade e a desaceleração do consumo local têm reduzido as projeções de crescimento, cujo consenso se aproximava de 3,4% no início do ano e agora já alcança o patamar de 2,8%.
Este movimento ocorre em um momento em que a capacidade de crescimento estrutural parece perder fôlego em relação à última década: as condições globais são piores, há escassez de mão de obra e a construção de uma agenda para o aumento dos investimentos caminha de forma lenta e incerta.
Da mesma forma, a economia ainda vive ajustes cíclicos após os excessos recentes, como é o caso dos mercados de crédito e imóveis. Neste ambiente, o crescimento médio de 4,5% registrado entre 2004 e 2010 dificilmente poderá se repetir, podendo alcançar uma média ao redor de 2,0% nos anos 2011-2013.
Nossa avaliação, no entanto, é que as condições para uma retomada cíclica da economia continuam favoráveis. O colapso no crescimento registrado no segundo semestre de 2011 e início de 2012 (Figura 1) dificilmente irá se repetir: seria preciso um novo choque externo capaz de intensificar o esfriamento em curso no mercado de trabalho e comprometer a retomada.
Este não é nosso cenário básico.
O ambiente global parece mais saudável que os observados em 2011 e 2012, com menores riscos de ruptura financeira, econômica e institucional. As incertezas trazidas pela política monetária nos Estados Unidos dificilmente podem implicar mudanças relevantes no cenário de crescimento global.
Com isso, o mercado local de crédito já mostra estabilização, com redução da inadimplência, aumento da demanda por crédito e crescimento de novas operações, lideradas por bancos públicos. A normalização do crédito e os incentivos fiscais e monetários ainda presentes podem compensar o esfriamento do mercado de trabalho e garantir o crescimento do consumo, favorecendo os investimentos. Consumo e investimento, neste caso, mais que compensam o impacto negativo da balança comercial sobre o crescimento.
Finalmente, a produção agrícola e a indústria de transformação podem reforçar a trajetória de recuperação, compensando o fraco desempenho da indústria extrativa mineral e da construção civil. Tudo considerado, a recuperação continua em curso, ainda que a um ritmo mais moderado: o crescimento projetado de 2,5% para o PIB neste ano afasta a economia do colapso registrado em 2012 (Figura 2).

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