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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Doeu demais, ministro

É óbvio. E verdadeiro.
O FMI, em documento publicado no penúltimo dia de julho, critica as intervenções governamentais no mercado de cambio, afirmando que a presença do Banco Central leva à sobrevalorização da moeda nacional.
Não chega a ser uma descoberta, uma vez que esse é o objetivo declarado do Bacen para o câmbio, de maneira a evitar pressões adicionais sobre o sistema interno de preços. Em seguida, outra obviedade. As contas externas estão em situação “moderadamente frágil” e pode sofrer deterioração ainda mais rápida se os preços das commodities caírem. Aliás a tendência de queda é tida como certa, e os preços futuros apontam essa direção. Entretanto, pensando em commodities agrícolas não convém acreditar em tendências, pensando apenas em área plantada, O fenômeno El Niño parece mais decisivo para a definição dos preços dessa safra, no hemisfério norte. Em relação às commodities metálicas, a variável mais relevante é a recuperação chinesa.  O gigante asiático tem apresentado reações positivas e o desempenho mais recente de sua economia parece animador. O FMI não deixou de dar seu receituário para a crise de crescimento brasileiro. Nesse particular, superou o Conselheiro Acácio, de grata memória na pena de Machado de Assis. Sugeriu a ampliação da poupança, a redução dos gastos públicos e acentuou a necessidade de reformas no sistema previdenciário, bem como a redução do intervencionismo estatal, com retomada dos fundamentos econômicos. O Ministro Mantega apressou-se em dizer que o relatório “não faz sentido”.
É de doer, ministro.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Perdendo a mão?

A ata do Copom não deveria ser tão definitiva

Divulgada na 5ª feira, dia 24 de julho, a ata do Copom assumiu o compromisso de manter a Selic em 11%. Parece que a desaceleração da economia ainda não convenceu o Banco Central dos efeitos que possa causar nos preços. Nas entrelinhas remanescem alguns medos como, por exemplo, o ajuste dos preços administrados, as tendências de valorização do dólar e o descompasso entre oferta e demanda, mesmo com algum agravamento no mercado de trabalho. Quer dizer, a inflação está mesmo muito teimosa. Preocupa, entretanto, a falta de flexibilidade com que o texto foi redigido. Afinal, até pouco tempo atrás as manifestações do Copom evidenciavam leniência com o problema inflacionário. Dizer que, fruto de efeitos retardados, a inflação “tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção”, mostra que só agora o Bacen teria entendido o problema da inflação. A ser verdade, é hora do Bacen insistir também na necessidade de uma rápida e forte contenção fiscal, cortando as despesas com custeio e pedindo ampliação dos níveis de investimento, encerrando o período de baixo crescimento da atividade econômica.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Decisões econômicas

Dúvidas e incertezas são comuns,
no mundo econômico
Foram intensas as discussões nessas últimas semanas sobre o que fazer com a taxa de juros na Inglaterra. A conclusão parece ter sido muito parecida, em sua natureza, àquela do Copom, de dias atrás: “deixa como está, pra ver como é que fica”.
A elevação antecipada da taxa de juros pode, segundo as autoridades monetárias britânicas, prejudicar a recuperação da atividade econômica, até porque as previsões anteriores já indicavam um segundo semestre mais fraco que o primeiro. Sabe-se que, em algum momento, as taxas de juros deverão iniciar um movimento lento, mas gradual de alta, para evitar o recrudescimento da inflação naquele país, sobretudo em função do rápido crescimento que a economia britânica vem apresentando, com o Produto Interno Bruto já se aproximando do nível anterior à crise de 2008. No Brasil, o Copom parece admitir a existência de espaço para iniciar a redução das taxas de juros, permitindo alguma recuperação na economia nacional. O medo, nesse caso também é o recrudescimento inflacionário. Mas, francamente, a economia brasileira ameaça reduzir seu tamanho, com crescimentos negativos do PIB. Já há até quem fale na possibilidade de termos três trimestres sucessivos com resultados negativos. Estaríamos, nesse caso, caracterizando tecnicamente o que chama de recessão. Em economia, os efeitos das decisões tomadas costumam se manifestar de forma retardada e apenas são constatáveis no médio e longo prazos. Talvez seja por isso que dúvidas e incertezas sempre prosperam entre os especialistas que preferem, como os médicos, observar mais um pouco antes de agir.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Fiscal Limita Política Monetária

A desaceleração econômica eleva o risco fiscal neste ano e coloca restrições adicionais para o Banco Central. 
por Roberto Padovani
Economista Chefe da Votorantim Corretora
Crescimento eleva dúvidas sobre políticas fiscal e monetária. A desaceleração da atividade econômica tem gerado dúvidas quanto à administração conjunta das políticas fiscal e monetária. Por um lado, menos crescimento implica menor pressão nos juros, mas, por outro lado, a maior fragilidade fiscal tende a limitar a condução da política monetária. 
Atividade gera viés negativo para receitas. A primeira dificuldade da política fiscal vem do lado das receitas. A fragilidade do crescimento, associada à política de desonerações tributárias, tem reduzido a taxa de crescimento das receitas para níveis historicamente baixos. Além disso, há crescentes sinais de enfraquecimento intenso do mercado de trabalho, o que afetaria negativamente fontes importantes de receitas, como as advindas de imposto de renda e previdência. Em resumo, acreditamos que haja um viés negativo para o desempenho das receitas, elevando o risco fiscal. 
Despesas continuam em alta. Além da desaceleração das receitas, o ciclo político e a crise do setor de energia contribuem para manter pressionadas as despesas, que continuam crescendo acima do PIB. Nossas estimativas indicam que essa tendência deve se manter para este ano. 
Resultado primário pode trazer nova frustração. Dada a frustração com arrecadação e a manutenção do atual ritmo de expansão dos gastos, estimamos que dificilmente o governo alcançará a meta para o resultado primário consolidado, mesmo com receitas extraordinárias elevadas (Refis, dividendos e concessões). Nossa projeção é de um resultado de 1,5%, abaixo da meta de 1,9% do PIB. Compatível com as nossas projeções de primário, o déficit nominal tende a caminhar para o patamar de 4,0% e a dívida bruta pode permanecer em 57% do PIB. 
Política monetária opera em ambiente desafiador. Embora a desaceleração econômica reduza o risco inflacionário, uma política fiscal expansionista e seus impactos sobre a taxa de câmbio tendem a pressionar as expectativas de inflação, ainda mais em um ambiente de elevada persistência inflacionária. De fato, a atual política fiscal, ajustada pelo ciclo econômico, atenua os impactos contracionistas da política monetária e, ao mesmo tempo, implica maior dependência de poupança externa, elevando as chances de piora na classificação de risco e reforçando a tendência de desvalorização cambial. 
Próximo ano deverá mostrar ajuste. Independentemente do resultado eleitoral, acreditamos que haja incentivo para um ajuste no próximo ano, tornando a política fiscal contracionista. Em particular, uma menor pressão por gastos, elevação da TJLP e alta de alguns impostos e contribuições podem retirar parte da pressão sobre o Banco Central.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

De um golpe só

Peru e México fortalecem vínculos.
Peru e China também.

Peru e México concordaram, em ampliar as relações bilaterais em nível de parceria estratégica. Assinaram ao todo dez acordos de cooperação em matéria de segurança, saúde, promoção de investimentos, etc. 
Na presença dos presidentes do Peru, Ollanta Humala Tasso, e do México, Enrique Peña Nieto, o Acordo de Parceria Estratégica  permitirá reforçar a política econômica, comercial e de cooperação entre os dois países.
Paralelamente, os governos do Peru e do México renovaram seu compromisso de trabalhar em coordenação na luta contra o narcotráfico e o crime organizado. Quase que simultaneamente, Peru e China aprofundaram a integração em todos os campos. A reunião, de ontem, marcou o início do planejamento da cooperação bilateral para os próximos cinco anos, fortalecendo e contribuindo para os esforços de desenvolvimento da economia peruana. As áreas prioritárias de trabalho são quatro: a agricultura, a educação, a saúde e redução da pobreza. Os líderes assumiram compromissos de trabalhar em conjunto para as reuniões da APEC (China em 2014 e no Peru em 2016). O Peru tem se aproveitado muito, nos últimos anos, desses acordos bilaterais, abrindo novos mercados para seus produtos e atraindo investimentos para modernização da infraestrutura do país. O esforço é notável e muito bem sucedido.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Revisão ou demissão?

Austeridade tem que ser mantida
A Microsoft demite. O corte de funcionários obedece à lógica dos custos. Esse enxugamento parece inevitável, sobretudo se considerada a aquisição da unidade de celulares da Nokia em setembro de 2013. Espera-se por corte de cerca de 6.000 empregados, evitando sobreposições de funções e duplicação de estruturas. A direção da empresa insere essas demissões no quadro da sua revisão da direção estratégica e entende que para isso a cultura corporativa terá de mudar. Durante o processo de aquisição, a Microsoft concordou em adquirir a divisão de celulares da fabricante finlandesa e se comprometeu a reduzir custos anuais em US$ 600 milhões, nos 18 meses seguintes à conclusão do negócio. Pois bem, aproveitou a promessa e deu consequência a um programa mais amplo de revisão estratégica.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

E a renda real, como fica?

Salários emitem sinais de enfraquecimento
A Pesquisa Mensal de Emprego, realizada pelo IBGE, aponta recuo de 0,6% em abril desse ano em relação ao mês anterior, no rendimento médio real do trabalho. Em março, o recuo em relação a fevereiro havia sido de 0,3%.
Em princípio, não haveria razões para maiores cuidados, de vez que iniciamos maio, com um rendimento médio real de R$ 2.038,00, que embute aumento menor, mas ainda muito robusto, de 2,6%, em relação a igual período de 2013. Entretanto, em períodos de inflação elevada, os riscos de corrosão do ganho real dos salários é muito grande e, se associados ao baixo nível de atividade econômica, eles se amplificam e dão ensejo à retração do consumo.  Esse fenômeno decorre de outra medida econômica agregada, referente à massa de rendimentos; ou seja, o volume de recursos disponível para o consumo. A massa de rendimentos sofreu a segunda redução sucessiva esse ano. Apresentou-se em queda de 0,5% no mês de abril em relação ao mês anterior, expressando o menor ritmo na geração de vagas de trabalho e o menor aumento da renda do trabalhador. Frente a esse quadro, o sistema financeiro já reduziu a oferta de crédito às pessoas físicas e às pequenas e médias empresas, para combater a inadimplência futura. A medida é prudente, mas vai se somar aos elementos anteriores para reduzir ainda mais o consumo nacional.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Ventos contrários estão chegando

As previsões não favorecem
a economia brasileira
Ao iniciar o segundo semestre do ano, as expectativas sobre o crescimento nacional continuam a se deteriorar. A confiança dos empresários, sobretudo dos empresários ligados à indústria, mostra recuos sucessivos. A queda na atividade industrial, de janeiro a maio, desse ano, foi de 1,6%.
Na agricultura, as previsões também não são animadoras e certamente, nesse ritmo, poderão prejudicar os resultados das exportações nacionais, além de comprometer a renda do campo. Os órgãos especializados em estudos agrícolas apontam para um incremento abundante da oferta e registram uma queda no ritmo de crescimento da demanda. No caso da soja, os contratos com vencimento em agosto de 2015 caíram 3%. O milho vive uma fase também desfavorável. Muitos agricultores guardaram o milho para venda agora em julho ou agosto. Mesmo depois de incorrerem em custos de estocagem, seguros e movimentação de materiais, os preços não reagiram como se esperava. Ao contrário, as previsões são de baixa acentuada, em função da safra prevista nos Estados Unidos. Os preços do açúcar continuam em queda, enquanto os preços do suco de laranja se estabilizaram em patamares baixos. Exceto no caso da carne bovina, os preços do agronegócio são desanimadores. Por outro lado, as previsões sinalizam para desvalorizações sucessivas do real até o final do ano. Se isso é ruim para a inflação e complica ainda mais a vida do governo, por outro lado, pode ser a salvação da lavoura dos exportadores. As previsões falam no real atingindo valores entre US$ 2,30 e US$2,40, até o final desse ano. É bom não contar com mais do que isso, pois a inflação se agravaria de tal modo que o Banco Central entraria em campo, com suas costumeiras intervenções diárias, visando o abrandamento das tendências de mercado. Finalmente, tem sido surpreendente a procura por títulos do Tesouro norte-americano. As taxas de juros nos Estados Unidos ameaçam subir. A política atual do Fed é de atrair capitais estrangeiros para financiar o alto endividamento do país. Para ajudar, A Europa vive um mau momento com as dificuldades do Banco Espírito Santo, o que tem afugentado investidores dessa região. Sem alternativas correm para o treasuries. Esse efeito deve penalizar o mercado de capitais brasileiro, produzindo um novo período de baixa liquidez da moeda americana e, por consequência, a inflação decorrente da desvalorização do real.

sábado, 12 de julho de 2014

Exportação é vertente de crescimento

Crescimento parece não ser prioridade
Já está claro entre os exportadores brasileiros os cortes nos repasses do Proex-Equalização. Grandes bancos não têm mais renovado os créditos recém-quitados, sob a afirmação de que o governo começou a atrasar o pagamento, aos bancos, dos recursos desse programa de apoio financeiro às exportações.
O Proex-Equalização tem como objetivo cobrir a diferença entre os altos juros cobrados aos exportadores, no Brasil, e os juros cobrados dos concorrentes, no exterior. O programa é um dos maiores e raríssimos incentivos dados a exportadores e muito utilizados pelos exportadores, sobretudo os de maior porte, nacionais. Ressentem-se muito da ausência desses recursos empresas com a Embraer, cujo quilo do avião é exportado a mais de US$ 1.000,00, setor agropecuário e de mineração, cujo custo do quilograma fica na casa de US$ 1,00, e, como era de se esperar, setores produtores de máquinas, equipamentos, veículos, partes e peças, além das empreiteiras, etc. Ainda que se alegue que o país vive um momento de restrições orçamentárias e que se possa arguir a escassez de recursos, esses fatos revelam a inexistência de qualquer política econômica para as exportações brasileiras. Esse descaso, particularmente, não traz nada de novo, apenas evidencia que nem mesmo o crescimento é mais prioridade nacional. Atualmente, as exportações são a última fronteira para o país mitigar a prolongada estagnação que já compromete a renda e o consumo nacional. Portanto, incentivá-las é mais que uma escolha de política macroeconômica, Trata-se de conseguir novos mercados para os produtos nacionais, em regiões em recuperação no cenário mundial. Fica evidente que o Ministério da Fazenda encontra-se exaurido, deu- se por vencido, entregou-se à própria sorte. Já não exibe capacidade de produzir soluções para os enroscos econômicos que criou e que hoje estacionaram nas curvas do rio de seu intervencionismo. Falta pouco para as eleições e os formuladores de políticas econômicas querem apenas ganhar tempo, embora não saibam o irão fazer com esse tempo ganho. Por fim, alerto a todos os leitores que, para breve, o governo ameaça organizar a vida futebolística nacional. Novos, e provavelmente, indefinidos, marcos regulatórios serão discutidos, assim como o necessário acompanhamento do desempenho setorial, por meio de alguma fiscalização, que alguns pensam, possa descambar para a corrupção, mas que, na realidade, se transformarão em verdadeiros guardiões dedicados a preservação dos interesses públicos envolvidos nessa importante e urgente questão nacional. Deus há de nos proteger.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Novas expectativas



Analistas se alimentam de preocupações
São muitas as preocupações sobre o mercado chinês nesse momento. Algumas tem origens em questões estruturais e apresentam maior dificuldade para serem resolvidas; outras são meramente conjunturais e preocupam menos. Serão apresentados dados sobre a inflação, questão crucial para as decisões sobre ao ritmo de recuperação dessa economia. Serão ainda divulgados dados da balança comercial e sobre o mercado de crédito. Tudo muito ligado às pressões de preços. Depois de apresentar os números muito além dos esperados sobre a geração de emprego no mês de junho, o mercado norte-americano quer sentir a disposição do Fed em manter os estímulos à economia no ritmo prometido. Portanto, todos passam a aguardar com ansiedade pela divulgação da ata do FOMC na próxima quarta-feira. Que tom terá? Haverá, pelo menos veladamente, algum indicativo sobre uma possível redução mais rápida dos estímulos?
Enquanto isso, a Europa pode também trazer alguma novidade sobre o destacamos os resultados da produção industrial de maio. Os resultados para a Alemanha e para o Reino Unido são os mais aguardados.

Varejo frustrado



A venda de televisores novos decepciona
Esperava-se que as vendas de televisores alcançassem um número bem superior ao que tem sido realizado pelo varejo. Nesse sentido, a Copa do Mundo foi decepcionante para fabricantes e varejistas.
Entre janeiro e abril, a Zona Franca de Manaus produziu cerca de 5,6 milhões de novas televisões, 65,1% a mais que no ano passado no mesmo período, esperando por uma procura bem mais forte que a atual.
Deve ter sido a estagnação econômica que fez o consumidor arrefecer a demanda, com alta de apenas 30-40%. Juros alto, menor incremento da renda, temores com o mercado de trabalho e o alto endividamento das famílias podem explicar o comportamento mais contido do consumidor. A consequência mais positiva é que televisores estão entrando em promoção, com descontos mais agressivos de preço. Ótimo momento, portanto, para quem quer comprar TV’s. Péssimo momento para os fabricantes que estão formando um estoque excessivo, pressionando suas necessidades de capital de giro, no momento em que os bancos estão mais cautelosos em aprovar crédito e que os juros estão muito altos também.