Veja a repercussão sobre o aumento dos juros anunciado pelo Copom
Do G1, em São Paulo - Economia e Negócios
No 2º aumento consecutivo, taxa retorna ao patamar de dois dígitos.
Elevação acontece um dia após o IBGE ter anunciado PIB recorde.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na noite desta quarta-feira (9) a elevação da taxa básica de juros de 9,5% para 10,25% ao ano. Com isso, após um ano, a taxa retornou ao patamar de dois dígitos.
Veja o que economistas e entidades acharam da decisão do Banco Central:
Celso Grisi, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP
"Na minha opinião, subiu pouco. Eu queria que fosse uma alta de 1 ponto, mas era de se esperar que o BC optasse pelo 0,75 ponto, que já era aceito pelo mercado. Mas eu acho que o ritmo de crescimento da economia está muito forte e arrefecendo muito devagar. O BC não podia perder a oportunidade de subir um pouco mais quando a população já esperava e até concordava.
Acho que nos próximos períodos o BC deveria contingenciar o crédito para furar algumas bolhas que estão muito fortes como a do setor imobiliário e de carros. Não precisaria cortar crédito, mas reduzir prazos. Acredito que os juros subam mais um ponto até o final do ano, não pode ficar menor do que está. O governo está subestimando a expansão do crédito e do consumo da classe C".
Benjamin Steinbruch, presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
"Mesmo contrariando opiniões, mantemos hasteada a nossa bandeira em defesa de juros mais baixos, além de redução da carga tributária e outras reformas estruturais tão necessárias para o crescimento econômico do país”
Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
“Fico em dúvida se essa medida pode contribuir de forma positiva para o empresário e para o consumidor, que terão que arcar com o aumento dos juros sobre a dívida pública”.
Miguel Torres, presidente em exercício da Força Sindical
"A decisão equivocada é um balde de água fria na aquecida economia brasileira, que demonstrou recentemente, através do PIB uma imensa capacidade para o crescimento com geração de emprego e renda. Os tecnocratas do Banco Central torcem contra o crescimento econômico do Brasil. É uma insanidade a decisão dos membros do Copom em aumentar a taxa básica de juros".
Artur Henrique, presidente nacional da CUT
"Desestimular os investimentos produtivos e prejudicar fortemente as contas públicas. Foi isso que o Conselho de Política Monetária fez nesta quarta-feira. Mereceriam elogios por causa disso? De nossa parte, certamente não. Trata-se claramente de uma política assistencialista para banqueiros. E ainda existe uma forte pressão por parte do setor financeiro e seus representantes para que esse ciclo de aumento da taxa básica de juros permaneça".
Confederação Nacional da Indústria
"O excepcional crescimento de 9% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre não deve orientar as expectativas para o restante do ano, porque os incentivos fiscais, criados para amenizar o impacto da crise internacional sobre a economia brasileira, foram extintos em março. (...) Portanto, há espaço para que o ciclo de alta dos juros seja mais curto e de menor intensidade que o inicialmente previsto".
Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ
"A decisão do Copom preocupa a Fecomércìo-RJ por prejudicar o desempenho do comércio, que contribui muito para o crescimento econômico do país. A hora é de escolher pelo incentivo ao consumo das famílias em vez de aumentar o peso do Estado brasileiro. A opção pela atividade comercial melhora a qualidade de vida da população, dá acesso a uma alimentação digna e a produtos duráveis, conquistas que se mostraram importantes durante a recuperação da crise".
Federação Brasileira de Bancos (Febraban)
"Fica reforçado o compromisso do Banco Central com o controle da inflação, buscando sua convergência para o centro da meta fixada, de 4,50%. (...) O crescimento de 9% do PIB brasileiro no 1º trimestre de 2010, ante o mesmo período de 2009, confirmou que a economia do país registrou forte recuperação dos impactos da crise global. (...) A elevação da taxa Selic visa a apenas moderar o ritmo de crescimento e adequá-lo à expansão da oferta, sem prejuízo da meta de inflação".
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