Recentemente reli um livro de Howard Gardner (autor de “Inteligências Múltiplas”). Um dos pontos que me chamou a atenção foi o conceito de capacidade sintetizadora. Faz sentido.
Prosperar num ambiente com a conhecida profusão de informações implica em ter uma habilidade em sintetizar, em saber extrair o ESSENCIAL. E isso não é fácil.
Na enxurrada de turbilhão de dados fragmentados e DESCONEXOS, a capacidade em associar e selecionar será um diferencial na tomada de decisões. E este movimento parece (em parte) contraditório a outra tendência: a construção do conhecimento coletivo.
A síntese é um processo (muitas vezes) individual de avaliação do que é essencial. Explicação confusa?
Um exemplo prático da dificuldade em trazer o conhecimento coletivo para um processo de síntese é a conhecida “reunião de condomínio”. Apesar de o assunto ser interesse de todos (e também por isso) a busca de um foco para solucionar um problema muitas vezes se perde.
O mesmo está ocorrendo no mundo digital. O jornalismo investigativo, com apuração detalhada do conteúdo, vem sendo varrido pela informação instantânea e com pouca profundidade. E os leitores que têm preocupação com qualidade já sentem este efeito.
Retrato dessa situação foi a pesquisa feita pela FSP (Gilberto Dimenstein – FSP – 1 março 2010) durante oito meses nas cidades de SP, Rio e Brasília. A conclusão do estudo aponta para os seguintes atributos que os leitores querem para o conteúdo jornalístico: ANALÍTICO, SINTÉTICO, PRÁTICO e INTERPRETATIVO.
Em síntese: querem ajuda para selecionar (editar?) o que importa.
Demandas que parecem simples, mas é muito difícil enfrentá-las. Dimenstein preocupa-se: “Como reduzir tantos assuntos complexos em tão poucos minutos de leitura diária? Como captar a atenção de um público cada vez mais hiperativo”.
Fica claro que este desafio não é restrito ao jornalismo. Poderíamos aplicá-lo as marcas, gestão de pessoas e a própria universidade. Envolve toda a rede de produção e disseminação de conhecimento.
A pergunta que não cala: como usufruir das possibilidades do conhecimento coletivo e produzir informação sintética?
Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
@ramirogoncalez
ramirogon@uol.com.br
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