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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Liquidez expande prazos

Bancos já emprestam com prazos maiores
Veículo: DCI   -   Data: 01/06/10   -   Fernando Teixeira
SÃO PAULO - Dados do Banco Central (BC) mostram que tomadores de crédito estão pegando dinheiro com prazo mais alongado. Uma das categorias mais procuradas, a de curtíssimo prazo (até 180 dias), foi a que menos cresceu em 12 meses: 1,32%. Para especialistas, o fato reflete a melhora do cenário do mercado de crédito no Brasil.
A categoria que mais registrou aumento foi a de "prazo indeterminado": 1.208% em 12 meses. Em março do ano passado, o saldo era de R$ 113 milhões; já no terceiro mês deste ano, a conta chegou a R$ 1, 482 bilhão.
Logo em seguida aparecem as operações de crédito com prazo acima de 1.088 dias (quase três anos), que cresceram 33,6% em 12 meses até março. No ano passado a posição era de R$ 136, 8 bilhões tomados, ante R$ 182,8 bilhões agora.
No mesmo período, as dívidas de médio prazo (361 a 1.088 dias) saltaram 24,6%, de R$ 169, 5 bilhões para R$ 211,3 bilhões.
Para Eduardo Strachman, coordenador da pós-graduação em Economia da Unesp, do ponto de vista do tomador de crédito, uma dívida mais alongada significa menos risco de calote porque os valores são menores. "A situação de curto prazo e juros altos é pior."
Na visão do coordenador, o sistema de crédito brasileiro tem uma característica única. "O crédito é estranho em relação ao mundo. Aqui é caro e o prazos, curtos. Precisamos tomar cuidado com o conservadorismo econômico. É o tipo de operação que só existe no Brasil."
Strachman precisa lembrar que o BC tem uma taxa de compulsório muito alto e que isto espreme o dinheiro que poderia ser emprestado. "O BC sempre freou a economia, mesmo antes do Plano Real."
Para ele, a subida dos juros é mau sinal para economia. "O BC sobe a Selic em 0,75 ponto percentual (p.p.) de uma vez, mas para descer o movimento é a conta-gotas: 0,25 p.p." Ele ressaltou que a exceção aconteceu durante a crise, quando o corte foi maior.
Com a visão de que os prazos mais longos são um sinal de crescimento econômico, o diretor presidente da Fractal, Celso Grisi, disse que as empresas nacionais anteveem dias melhores.
O especialista entende que os pagamentos serão feitos com a geração de caixa. Ele não descarta instrumentos financeiros como abertura de capital ou emissão de dívidas. "O prazo maior para pagamentos não mina o capital de giro." Para Grisi, os empresários buscam aumentar chão de fábrica e comércio, e querem modernizar empresas e máquinas. "O dinheiro tem de voltar mais devagar e por isso se alongam parcelas. É maturidade para se endividar."
Segundo ele, quando a economia mundial estiver com melhores fundamentos as exportações devem crescer. Mesmo assim, acredita no mercado doméstico. "A demanda interna está maior que antes."
Distribuição setorial do crédito
Dados do Banco Central mostram mais apetite de todos os setores para tomada de crédito. Um dos destaques é o segmento chamado pelo BC de "outros serviços". Neste quesito, a receita cresceu 1,4% no mês de abril, atingindo saldo de R$ 256,1 bilhões, com destaque para os ramos de energia e transportes.
Os créditos ao comércio aumentaram 1,7% no mês, ao totalizar R$ 140,9 bilhões, com ênfase para as atividades relacionadas à venda de automóveis e de outros bens duráveis, ao passo que os recursos para a indústria somaram R$ 307,5 bilhões, com elevação mensal de 0,1%.
Os financiamentos destinados ao setor habitacional seguiram apresentando evolução acelerada. O saldo dessas operações situou-se em R$ 104,1 bilhões, assinalando expansões de 3,3% no mês e de 49,7% em doze meses.
O crédito destinado ao setor rural teve acréscimo mensal de 0,6%, e perfez R$ 115,9 bilhões.
As operações de crédito contratadas pelo setor público somaram R$ 59,6 bilhões em abril, denotando expansão de 0,2% no mês, influenciada pela elevação de 3% nos financiamentos a governos estaduais e municipais, saldo de R$ 27,2 bilhões, concentrados em atividades de saneamento básico, habitação e infraestrutura de transportes.
A dívida bancária relativa ao governo federal totalizou R$ 32,4 bilhões, com queda mensal de 1,9%, evidenciando, sobretudo, a apreciação cambial em contratos com empresas de gás e petróleo.

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