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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Acho que o FMI se precipitou

Previsões embutem hipóteses
 que precisam ser confirmadas
A hipótese subjacente ao relatório do FMI é que os emergentes devem desacelerar suas economias e que os desenvolvidos passam a “puxar” a demanda global, com uma nova fase de crescimento mundial. Não se considerou aí os déficits gêmeos norte-americano (déficit fiscal e de suas transações correntes). Parece até que os Estados Unidos não tenha esse problema estrutural e que isso não se constituirá em barreira ao seu crescimento. Também não imaginou a deterioração de suas condições institucionais e seu rebaixamento nas notas das agências de classificação de riscos.
Parece também que a Europa já não apresenta déficits públicos vultosos e que já não exista no além-mar nenhuma outra economia prestes a quebrar.
Fico sempre com a impressão que as populações desses países não tiveram perdas reais de renda, que o desemprego seja baixo e que o mercado de consumo se recuperará rapidamente apoiado por alguma estratégia criativa, como o Brasil, de expansão do crédito.
Por outro lado, o FMI enxerga problemas nos países emergentes de solução quase impossível, pelo menos no médio prazo. A infraestrutura é sempre o problema mais citado, sem desprezo, contudo, à baixa qualificação da mão de obra e à incompetência na condução das reformas estruturais.
Dois pesos e duas medidas, invertendo os fatos e nublando os horizontes do leitor desse relatório infeliz e inoportuno. Na China, o FMI jogou água na fervura, prevendo desaquecimento da economia, apesar das profundas reformas em curso no país.
Finalmente, dá por desalavancadas as economias desenvolvidas. Nelas, será inaugurada uma nova fase de crescimento sustentável. O mundo deverá crescer em 2013, o equivalente a 2,9% e, em 2014, nada menos que 3,6%. Oxalá, seja assim!
Sem ser irônico, mas desafiando a lógica capenga das hipóteses assumidas nessas projeções, precisaríamos avisar o Senado dos Estados Unidos que a dívida interna norte-americana não é mais um problema e, simultaneamente, informar ao Banco Central Europeu que a região pode expandir sua produção à vontade, pois seu mercado interno consumirá tudo aquilo que os emergentes não vão poder consumir, em função da retração na qual estarão imersos nos próximos anos. Uma verdadeira provocação aos que têm a resposabiliade de gerir essas crises.

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