Leitura de Road show nos Estados
Unidos e encontro anual do FMI
indicam que liquidez e crescimento
global criam oportunidade para o Brasil
Unidos e encontro anual do FMI
indicam que liquidez e crescimento
global criam oportunidade para o Brasil
Contribuição de Roberto Padovani
economista chefe da Votorantim Corretora
Tema central continua sendo política monetária nos
Estados Unidos. O
início da retirada de estímulos foi postergado em função do impasse fiscal, que
reflete um debate mais amplo sobre o papel do Estado na economia. O ajuste
fiscal em curso desde 2011 deve ser mantido. Da mesma forma, mesmo que a manutenção
dos estímulos monetários tenha eficácia decrescente, os benefícios ainda
superariam os custos: com riscos financeiros controlados no curto prazo, os
estímulos reanimaram os mercados de imóveis e veículos, com impactos favoráveis
sobre investimentos.
Retirada de estímulos elevam riscos. Como a atuação dos
bancos centrais tem sido responsável por uma contínua valorização de ativos, os
sinais de política importam e são fonte de elevada volatilidade. Este cenário
deve se manter, dadas as incertezas em relação às estimativas econômicas e a
eventuais ruídos de comunicação, que podem se elevar nos Estados Unidos com a troca
de comando na instituição.
Cenário global permanece favorável. O humor com relação
à Europa continua positivo: a credibilidade da moeda reflete a leitura que o
apoio ao projeto político da zona do Euro evita rupturas institucionais e
econômicas. Na Ásia, prevalece a leitura de que a China possa ser pouco afetada
pela política monetária nos Estados Unidos, enquanto no Japão há confiança de
que os estímulos monetários e reformas encerrem com 15 anos de deflação,
estimulando mercados financeiros e crescimento.
Emergentes enfrentam novos desafios. Os eventuais
impactos das mudanças nas condições financeiras globais sobre o crescimento e o
financiamento externo das economias emergentes representam incentivos para
ações que reduzam incertezas locais. A condução de políticas baseadas em maior
disciplina econômica, regras claras e melhor comunicação é um exemplo. Este
movimento tem sido reforçado pelo fim de um ciclo político: como a oferta de
infraestrutura não acompanhou o ritmo de crescimento das economias e das
classes médias, a demanda por mais serviços públicos de melhor qualidade passou
a representar nova fonte de pressão política.
Cenário favorece Brasil. Apesar da maior
disputa por capitais no mundo e das incertezas persistentes em relação à
economia brasileira, principalmente na área fiscal, alguns fatores favorecem o
Brasil. Dentre eles, o reconhecimento da reorientação da política econômica, o
diferencial de juros, fundamentos relativamente melhores e boas condições
técnicas de mercado. Este cenário tem conduzido a uma realocação de recursos em
ativos brasileiros, favorecendo fluxos e câmbio.
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