Fundamentos de
médio prazo compensam a pressão de apreciação gerada pela expectativa de fluxos
e intervenções do Banco Central.
Texto de Roberto Padovani
Economista Chefe da Votorantim Corretora
Economias desenvolvidas mostram baixo
crescimento. O ritmo de recuperação dos países avançados
tem sido menor que o esperado há alguns meses. Nos Estados Unidos, as
divulgações trazem alguma frustração e apontam para um crescimento de 1,6%
neste ano e 2,6% em 2014, indicando que a expansão média pós-2010 possa ficar
próxima a 2,3%. Na Europa, ainda que os riscos de ruptura tenham se reduzido, o
crescimento continua modesto.
Liquidez permanece elevada. Neste ambiente, os estímulos de política monetária devem
permanecer, favorecendo o apetite dos investidores por ativos de maior risco.
Não apenas o início da retirada de estímulos monetários pode ter sido
postergado para 2014 nos Estados Unidos, como devem ter continuidade na Europa
e no Japão. Além disso, grande parte da normalização futura nos juros já foi
precificada, sobretudo nos EUA, sugerindo que a forte volatilidade registrada
recentemente na aversão a risco, nos fluxos de capitais e nas moedas não se
repita.
China favorece cenário para emergentes. O
humor em relação aos mercados emergentes, por outro lado, pode ser favorecido.
Apesar das dúvidas em relação ao mercado de crédito e às condições de liquidez
na China, há maior confiança em um cenário de sustentação do crescimento,
ajudando a recuperar a atratividade dos mercados emergentes. Neste ambiente de
crescimento na China e expectativa de que o dólar se mantenha fraco ao longo
dos próximos meses, faz sentido que os preços de commodities tenham uma
tendência de alta gradual, contribuindo para o fortalecimento das moedas de
alguns emergentes.
Brasil é atrativo. Além de fatores que empurram capitais novamente para os
emergentes, o país tem se posicionado para atrair parte destes fluxos. Mesmo
com incertezas persistentes em relação à economia brasileira, principalmente na
área fiscal, há fatores positivos. O reconhecimento da reorientação da política
econômica, o aumento do diferencial de juros, perspectivas de crescimento
marginalmente melhores e boas condições técnicas de mercado permitem o rebalanceamento
de carteiras a favor do Brasil. Ainda, acreditamos que um eventual downgrade
da dívida externa brasileira no ano que vem poderá não trazer impacto
significativo no cenário por já ter sido, em grande parte, precificado no
mercado de CDS.
Vemos
câmbio estável no curto prazo. Acreditamos que a moeda brasileira, neste momento, já tenha corrigido
parte dos exageros praticados a partir de maio. As expectativas de fluxos ainda
favoráveis e a continuidade da oferta de dólares por parte do BC sugerem níveis
mais apreciados no curto prazo. No entanto, isso não seria justificado pelos
fundamentos de médio prazo, resultando em um relativo equilíbrio da moeda nos
níveis atuais nos próximos meses, e na retomada da trajetória de depreciação a
partir de meados de 2014. Mantemos nossas projeções de fechamento de ano em
2,20 neste ano e 2,30 para 2014.
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