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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Liquidez Contra Fundamentos

Fundamentos de médio prazo compensam a pressão de apreciação gerada pela expectativa de fluxos e intervenções do Banco Central. 
Texto de Roberto Padovani
Economista Chefe da Votorantim Corretora
Economias desenvolvidas mostram baixo crescimento. O ritmo de recuperação dos países avançados tem sido menor que o esperado há alguns meses. Nos Estados Unidos, as divulgações trazem alguma frustração e apontam para um crescimento de 1,6% neste ano e 2,6% em 2014, indicando que a expansão média pós-2010 possa ficar próxima a 2,3%. Na Europa, ainda que os riscos de ruptura tenham se reduzido, o crescimento continua modesto.
Liquidez permanece elevada. Neste ambiente, os estímulos de política monetária devem permanecer, favorecendo o apetite dos investidores por ativos de maior risco. Não apenas o início da retirada de estímulos monetários pode ter sido postergado para 2014 nos Estados Unidos, como devem ter continuidade na Europa e no Japão. Além disso, grande parte da normalização futura nos juros já foi precificada, sobretudo nos EUA, sugerindo que a forte volatilidade registrada recentemente na aversão a risco, nos fluxos de capitais e nas moedas não se repita.
China favorece cenário para emergentes. O humor em relação aos mercados emergentes, por outro lado, pode ser favorecido. Apesar das dúvidas em relação ao mercado de crédito e às condições de liquidez na China, há maior confiança em um cenário de sustentação do crescimento, ajudando a recuperar a atratividade dos mercados emergentes. Neste ambiente de crescimento na China e expectativa de que o dólar se mantenha fraco ao longo dos próximos meses, faz sentido que os preços de commodities tenham uma tendência de alta gradual, contribuindo para o fortalecimento das moedas de alguns emergentes.
Brasil é atrativo. Além de fatores que empurram capitais novamente para os emergentes, o país tem se posicionado para atrair parte destes fluxos. Mesmo com incertezas persistentes em relação à economia brasileira, principalmente na área fiscal, há fatores positivos. O reconhecimento da reorientação da política econômica, o aumento do diferencial de juros, perspectivas de crescimento marginalmente melhores e boas condições técnicas de mercado permitem o rebalanceamento de carteiras a favor do Brasil. Ainda, acreditamos que um eventual downgrade da dívida externa brasileira no ano que vem poderá não trazer impacto significativo no cenário por já ter sido, em grande parte, precificado no mercado de CDS.
Vemos câmbio estável no curto prazo. Acreditamos que a moeda brasileira, neste momento, já tenha corrigido parte dos exageros praticados a partir de maio. As expectativas de fluxos ainda favoráveis e a continuidade da oferta de dólares por parte do BC sugerem níveis mais apreciados no curto prazo. No entanto, isso não seria justificado pelos fundamentos de médio prazo, resultando em um relativo equilíbrio da moeda nos níveis atuais nos próximos meses, e na retomada da trajetória de depreciação a partir de meados de 2014. Mantemos nossas projeções de fechamento de ano em 2,20 neste ano e 2,30 para 2014.

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