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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

De volta pro meu aconchego

Os acertos da política econômica trazem de volta os capitais estrangeiros para a Bovespa
Não se trata de nada além das medidas acertadas que o governo federal tem tomado no plano econômico. Controle da inflação, redução da taxas básicas de juros, reduções na tributação das operações financeiras, envolvendo renda variável e derivativos, tudo isso trouxe de volta os capitais internacionais para a Bovespa.
Nesse ano, o saldo positivo dos capitais estrangeiros na Bovespa já alcançou R$ 6,2 bilhões de reais.
Sem a sustentação desses recursos a bolsa tende a cair cerca de 20%. São capitais que nos chegam pelas mãos de grandes fundos de ações e que aportam por aqui, atraídos pelas boas oportunidades de ganhos oferecidas pelo mercado nacional.
Sem dúvida, as companhias de capital aberto têm apresentado uma performance bastante superior a de outras bolsas, sobretudo pela valorização das commodities agrícolas e metálicas.

Plano Verão ou Fundo Verão?

Rumores para o verão europeu
O Financial Times, em sua versão alemã, anunciou que o Fundo de resgate do euro pode alcançar a cifra de € 1,5 trilhões, por meio da soma das contribuições de instituições de socorro financeiro.
O FMI e a Comissão Europeia estariam propondo, segundo informa o jornal, conjunção dos recursos do FEEF, o MEE e o fundo de € 500 bilhões do FMI. No total, o fundo de resgate do euro alcançaria, em números redondos, algo como € 1,5 trilhões, suficientes, segundo as estimativa, para dar cabo à crise das dívidas soberanas nacionais.
Tudo teria sido discutido, no mais alto nível, durante a recém concluída jornada de Davos, no último final de semana.
Christine Lagarde, Mario Draghi e os ministros das Finanças da França, Alemanha e dos Estados Unidos concordaram em um mecanismo único, envolvendo o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, o Mecanismo de Estabilidade Europeu e o fundo de € 500 bilhões do FMI, criando o novo fundo que iniciaria sua operação já em março desse ano.
Espanha, Portugal e Itália poderiam com isso sair da “linha de fogo” dos mercados financeiros. Os custos da rolagem de suas dívidas apresentam custos insuportáveis, que estão agravando as possibilidades de seus respectivos defaults.
Trata-se de uma avanço definitivo na solução do problema europeu. Resta, contudo, saber se esse é realmente o fundo do poço.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

USA está crescendo?

Dúvidas precisam de tempo para serem afastadas. Ou confimadas.
As últimas notícias sobre o PIB norte-americano fizeram com que as atenções do mercado voltassem a olhar com maior interesse outros indicadores que pudessem confirmar, ou não, a atual recuperação da economia daquele país.
Nessa altura, a indústria, como criadora mais relevante de empregos, passa a ser acompanhada de perto. Seu desempenho pode determinar o ritmo da recuperação e, portanto, será necessário acompanhar sua produção, seus níveis de estocagem, suas contratações e suas vendas.

Outras notícias são relevantes para o desempenho industrial. Entre as mais esperadas estão as que dizem respeito aos comportamentos referentes ao consumo das famílias, às variações da renda real e às variações de estoques no atacado do país.

Vamos aguardar para concluirmos com maior acuracidade se podemos contar com os Estados Unidos ou se vamos continuar apensados exclusivamente à China.

A semana fechou de fria para mrna

Mercados sem entusiasmos
O PIB norte-americano cresceu apenas 2,8% no quarto trimestre de 2011. Os analistas esperavam por um crescimento pouco acima dos 3,0%.
Curioso notar que  o índice de confiança do consumidor superou as expectativas.
Mas, de  fato, a lógica dos mercados opera com dados reais da economia e, por isso, ficaram no vermelho, na sexta-feira última. Estados Unidos, Europa, Ásia e Brasil apresentaram pregões sem maiores ânimos. Para ampliar as incertezas, as negociações da reestruturação da dívida grega  não haviam sido concluídas. Por outro lado, a Itália conseguiu vender 11 bilhões de euros em títulos de curto prazo.

Leão tem mais fome.

Não será por falta de apeteite do leão
A arrecadação federal atingiu a cifra de R$ 969,907 bilhões em2011. O volume é R$ 143 bilhões maior que em relação ao verificado em 2010. Percentualmente, esse volume significa uma expansão real da arrecadação de aproximadamente 10%. Foi frustrante para nossas autoridades tributárias que esperavam um crescimento de 11,5%.
As autoridades monetárias deveriam pensar que esse volume representa uma porcentagem assustadora sobre o PIB nacional e que subtrai competitividade à produção nacional.
O Banco Central divulgou os últimos dados sobre a expansão do crédito em 2011:
a)  O volume total de crédito no sistema financeiro cresceu 19% em 2011. Esse crescimento faz parate da política expansionista do governo federal.
b)  Agora o saldo dos empréstimos somam R$ 2,0 trilhões, com juro médio de 37,1% no crédito livre. Essa taxa média pede novas reduções.
c)    Isso corresponde a 49,1% do PIB, em dezembro. Estamos chegando próximos ao limite e quem dirá isso será a inflação e a inadimplência
d)  A inadimplência média está em queda. Nos cálculos do Bacen, ela está em 5,5%, no último mês do ano passado.
e)  A base monetária expandiu-se 17,3% de novembro para dezembro, chegando a R$ 214,235 bilhões. Essa expansão  ultrapassou o desejável e trará impactos sobre os preços.
f)     No acumulado do ano, o crescimento foi de 3,6%, acima do crescimento do PIB.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Davos: um ventilador para espalhar inutilidades

Argumentos genéricos e abstrações teóricas tornam inúteis as argumentações de Davos
A América Latina não pode ignorar os riscos da crise da dívida na Europa e da desaceleração da economia mundial. Foi a conclusão do Fórum Econômico Mundial, em relação a essa região do mundo.
Óbvias e inúteis são as qualificações mais apropriadas aos alertas feitos.
Enrique Iglesias, secretário-geral da Secretaria Geral Ibero-americana colocou sua posição pessoal: "Não sou pessimista com relação à América Latina; sou pessimista com relação ao mundo". E mais adiante, acrescentou com um tom revelador, "As repercussões da crise da dívida na Europa podem chegar de forma direta ou indireta ao Novo Mundo".
Francamente, sua fala não valeu o bilhete aéreo que o levou à Suiça. Para ele, o baixo crescimento e a recessão na zona do euro produzirão "impacto sobre os mercados latinos, pois os europeus comprarão menos, assim como acontecerá com a China, o que impactará a venda de matérias-primas latinas. Definitivamente, Inglesias não estava num dia feliz.
De outro lado, o professor venezuelano Ricardo Haussmann, diretor do Centro para Desenvolvimento Internacional da Harvard Kennedy School, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, sugeriu que a região deve diversificar e não especializar-se, como sugere a teoria das vantagens competitivas. “Isso é um erro”, afirmou. Os estados estão ausentes na formulação de políticas públicas para garantir a diversificação da capacidade de produção dos países na América latina. Fechou sua fala pedindo por maior integração dos países da região.
Ficaram muitas questões sobre as afirmações. Diversificar facilita ou dificulta a integração? A complementaridade econômica aumenta ou diminui entre os países? As vantagens competitivas, nesse caso, diferem muito das comparativas? Ou falava-se de um conceito e pensava-se em outro?
Deus, quanta inutilidade!

O que pensa o Banco Central

A opção está feita na última Ata do Copom: combater a inflação é uma questão mais fiscal que monetária
Com a palavra o Banco Central: “a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado foi maior do que se antecipava...”. E continua: ”eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia, neste momento, o Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito.”
Quer dizer que além da desaceleração vigorosa pela qual o país atravessou no terceiro trimestre de 2011, o Bacen acredita em preços internacionais em queda, ajudando no combate à inflação interna, além de entender que a oferta e a procura nos setores que mais pressionam a inflação (como alimentos, serviços, construção civil, etc.) estarão voltando ao equilíbrio, erradicando os principais focos de pressão sobre os preços.
Portanto, é de se pensar que o crédito deva realmente estar em expansão, sujeito agora às condições mais restritivas para sua concessão pelos agentes financeiros. Tudo isso quer dizer menos Banco Central no controle dos preços.
Por fim, reforça o recado do ministro Mantega, afirmando que para o alcance das metas inflacionárias, levou em conta “a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais”. Ou seja, o custeio da máquina pública deverá ser reduzido em pelo menos R$ 50 bilhões esse ano, uma vez que estão garantidas, de público, as verbas destinadas aos investimentos previstos, dando cumprimento às metas definidas para o superávit primário de pouco mais de 3,0% no ano em curso.
Significa dizer mais Ministério da Fazenda no enxugamento da liquidez promovida pelo poder central.
É até difícil de acreditar, depois de tantos anos, que a política econômica esteja substituindo a taxa de juros pela redução do custeio da máquina pública, como instrumento de contenção da inflação. Oxalá seja assim mesmo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Inflação e demandas mais fracas

IPC-Fipe apresentou variação positiva,
 mas inferior à tomada da
quadrissemana anterior
O IPC-Fipe da terceira quadrissemana, apresentou variação nos preços de 0,68%.
Na 2ª quadrissemana a variação havia sido de 0,79%. A queda foi, portanto de 0,11%. Na comparação com o mesmo período de 2011, o índice está 0,35% menor.
Passada as festas de final de ano, o índice de preços de alimentação caiu de 1,71% para 1,06% e o de despesas pessoais também cedeu de 1,31% para 0,93%.
Nada que não fosse esperado, sobretudo pelo fraco desempenho da economia nesse início de ano. Mas as pressões sobre os preços devem voltar mais rápido que o esperado. Serviços e alimentação não devem dar trégua nos próximos meses e estarão desafiando a política de redução da Selic que o Banco Central promete manter.

Estados Unidos volta ao consumo

Duas razões a mais para acreditar
na recuperação
Os preços dos imóveis norte-americanos subiram 1,0% no mês de novembro, conforme a Federal Housing Finance Agency . O indicador Housing Price Index aponta a reação nos preços, enquanto outros indicadores mostram que a demanda por imóveis novos e pendentes já haviam avançado no mesmo período.
Em paralelo, o Fed anuncia que vai manter a taxa de juros baixa até 2014 e reafirma que a recuperação do país  continuará lenta, obrigando que a política monetária mantenha os juros baixos por pelo menos  um ano e meio.
Juros baixos estimulam o crédito e o investimento. O crédito começou a se expandir, levando consigo o consumo. Tudo lentamente, como quer o Fed. Os ativos familiares também estão em curso. O mercado de trabalho dá sinais de recuperação, com o setor privado começando a contratar. O índice referente aos gerentes de compras mostra-se em crescimento e a capacidade ociosa começa a ser ocupada. A continuar assim, logo mais as empresas deverão voltar a investir, estimulando novas contratações. Tudo a  aguardar e conferir.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Por essa não se esperava

Alemanha e França aparecem
melhor na foto
Em meio a toda a turbulência europeia, chega a notícia de crescimento do PMI da Zona do Euro. O PMI é um índice que mede as compras dos gerentes das empresas europeias. Nessa metodologia, 50 pontos é o marco divisório entre a expansão e a retração. Abaixo dos 50 pontos o setor estará em retração, acima de 50 pontos, em expansão. 
O índice geral foi para 50,4 pontos e o de serviços para 50,5 pontos. O índice para manufatura, único a indicar retração, ficou em 48,7 pontos. 
A “puxada” é atribuída à Alemanha e à França. Mesmo assim, trata-se de uma surpresa. Ninguém esperava por uma recuperação nas compras. Com o euro desvalorizado, a tendência pode acentuar-se, sobretudo entre as empresas exportadoras, cuja competitividade sofre um estímulo parcial, mas muito relevante.
A Standard&Poors havia reduzido a notação do risco francês na semana passada. Curioso que outros indicadores, como os de contratação de pessoal em nível de gerência, também melhoraram na França, em dezembro. 
A Espanha, essa sim, apresenta-se em dificuldades para alcançar a meta fiscal de 2012. Não só a Espanha, mas países como Itália, Grécia e outros já dão sinais de exaustão. A sociedade começa a se movimentar mais claramente. Mário Monti, primeiro ministro italiano, manifestou-se contra o cumprimento de metas fiscais que subtraiam espaços para, pelo menos, algum crescimento econômico. A convivência com altas taxas de desemprego não é aceita pela população europeia. Não querem pagar o custo de seus descalabros. Preferem deixar a conta para as gerações vindouras. 
Engrossando o coro das vozes dissonantes, o ministro do Orçamento da Espanha, Cristóbal Montoro, pediu à União Europeia uma revisão da meta fiscal fixada para seu país nesse ano. A meta atual para o déficit fiscal é de 4,4% do PIB. A do ano passado, fixada em 6% do PIB, estourou em 2 pontos percentuais, segundo as estimativas correntes. 
Na Grécia, as negociações entre o governo e os credores privados se arrasta lentamente. As expectativas, entretanto, são de que o acordo esteja próximo.
A experiência brasileira poderia servir de exemplo aos europeus. Estimular um processo de consolidação econômica em bancos e outros setores que demandam altos investimentos para sua competitividade, privatizar as estatais ineficientes, rever as funções e papéis dos estados, aperfeiçoando o aparato regulatório e ampliando os poderes das instituições europeias. 
Ironias à parte, a Europa e os Estados Unidos estão conhecendo os sofrimentos impostos aos brasileiros décadas atrás.

Promessa de ministro tem significado maior

Inversão  na política econômica
Especialistas apostam na Selic batendo 9,5% em abril. No mercado futuro, as taxas de juros sobem com medo da inflação que voltou a subir nas últimas tomadas da FIPE e da FGV.
O ministro Mantega aponta para uma política monetária expansionista para combater a crise e avisa que o governo cumprirá todas as metas fiscais assumidas. Promete mais: os cortes serão feitos a partir da redução dos gastos públicos e que não haverá cortes nos investimentos. Falou e disse.
A ser verdade - e pessoalmente estou pondo fé-, as promessas inauguram uma transformação muito sadia na política econômica, saneando o governo, reduzindo o juros e mantendo a dívida interna, dentro de padrões saudáveis.
Uma coisa me parece certa: a realização dessas promessas implica o aprofundamento das reformas. Para isso, o legislativo tem que se alinhar aos objetivos do poder executivo central.

Evoluções esquecidas

O disciplinamento transnacional da UE

O acordo anunciado por chefes de Estado e de Governo da União Européia (UE) na última sexta (9) estabeleceu um sistema jurídico para assuntos fiscais, possibilitando ao disciplinamento virar objeto de legislação transnacional, talvez o único fato relevante do novo pacto. A análise é do professor da Faculdade de Economia e Administração da USP e presidente do Intituto de Pesquisa Fractal, Celso Grisi.
"O que há de novo no acordo é que agora isso acaba sendo jurisdicionado. Cada país deve se reportar ao tribunal europeu. Então, cada país ou coloca no seu ordenamento jurídico local este limite de déficit orçamentário ou terá que se reportar ao tribunal europeu", explicou o professor à reportagem da Agência Dinheiro Vivo.
O novo acordo fiscal é baseado na exigência de maior disciplina orçamentária por parte dos Estados-Membros. Pelo menos 23 dos 27 países que integram o bloco aderiram ao acordo. O pacto fiscal determina que o déficit estrutural anual dos Estados não poderá ultrapassar 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nominal, obrigando os países a adotar novas medidas para equilibrar os orçamentos. De acordo com nota publicada pelo Conselho Europeu, a Comissão Européia poderá aplicar penalidade mais severa quando o país ultrapassar o limite máximo de 3% de déficit público.
Apesar do aprimoramento referente ao direito internacional, a decisão tem levantado questionamentos sobre se a medida poderá atingir o coração da crise ao propor ajustes fiscais difíceis de serem atingidos. Segundo analistas, a questão maior é o grande salto na dívida pública logo após a crise de 2008, culminando na crise do balanço de pagamentos.
Naquele ano, o financiamento privado foi paralisado, e muitas economias da Europa, que já apresentavam déficit nas contas externas, não puderam contar com o crédito privado. A saída foi recorrer a fontes oficiais, como o sistema europeu de Bancos Centrais. O novo acordo pode ser um esforço, mas não toca na questão do reajuste cambial, considerado crucial para solução da crise.
Para Grisi, o euro, por si só, irá sofrer uma grande depreciação. Seguindo ele, a partir dos próximos dias, a valorização do dólar será forte, em primeiro lugar devido ao início de recuperação já apresentado pelos Estados Unidos, indicada pela diminuição do pedido de seguro desemprego e pelo aumento do número de vagas de trabalho no setor privado.
Diante da valorização do dólar, disse Grisi, não há como a Europa conseguir valorizar o euro. É conveniente que a moeda se mantenha desvalorizada, para que se amplie a capacidade exportadora dos países da zona do euro e se aumente o nível de oferta de emprego no continente.
Desajustes das contas externas

De acordo com Grisi, a necessidade, agora, é de se emitir euros em grandes quantidades, para fazer face às demandas que os Estados nacionais endividados estão fazendo ao Banco Central Europeu. “O mercado penaliza fortemente, impondo rendimentos muito altos para os papéis de dívidas soberanas européias. Eles precisam achar fontes de recursos mais baratas, provavelmente a emissão de euros, que possa fornecer aos países esses recursos”, explicou.
Porém, isso não é o bastante. Existe outra dimensão do endividamento, talvez mais terrível do que o endividamento dos Estados, que é o endividamento do sistema bancário europeu, que se apresenta numa situação de capitalização extremamente baixo. Para o professor, será necessária também uma quantia compatível com o enquadramento desse novo regramento financeiro.
Em relação à possível retomada de moedas domésticas, Grisi considera ser pouco provável a desintegração da zona do euro. “Sair da zona do euro significa transformar as dívidas que estão hoje em euro na moeda nacional, que irá evaporar. Duvido que credores aceitem isso”.
Entretanto, a despeito da inevitável depreciação do euro, resta saber quais mercados estarão abertos para a Europa. Por mais que a economia dos EUA dê sinais de revitalização, ainda é cedo para dizer que haja um aceleramento. E com a desvalorização da moeda chinesa, a produção européia poderá encontrar o porto-seguro em países como o Brasil, cuja moeda está muito valorizada e o mercado interno aquecido.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Arremetendo o avião Chinês

O avião chinês vai arremeter.
O brasileiro, também
O Ibovespa na casa dos 62.300 pontos. Quem poderia pensar?
O dólar na casa dos R$1,760, caindo forte. Isso quer dizer que vamos reagindo bem à crise internacional e que o capital estrangeiro está de volta, apreciando o real.
Nos Estados Unidos, as vendas de imóveis já existentes cresceram 5,0%, em dezembro de 2011. Quando comparado ao mesmo mês de 2010, o crescimento é 3,6%.
Na Europa, as negociações entre Grécia e seus credores privados ainda desestabilizam os mercados. Portugal vê na Grécia a última barreira ao seu próprio default. A Itália já avisou que não aceita medidas de cortes no orçamento, sem que haja crescimento econômico. Surge uma nova liderança: o primeiro ministro italiano, Mario Monti. Pelo peso de suas declarações, espera-se que Merkel acorde e se sensibilize para a dureza da proposta alemã. Faz-me lembrar do Consenso de Washington, ao tempo de FHC, e do conceito de governança progressiva, desse estadista brasileiro.
Na China, a prévia do PMI industrial mostrou aumento muito discreto de 0,1 ponto, para 48,8 pontos. Nesse caso, o mercado passa a pensar que não haverá pouso, nem mesmo suave. A impressão é que o avião chinês vai arremeter.

Quem dera o mercado esteja certo!

Brincando com fogo

O troco do do Megaupload
O FBI prendeu fundadores e funcionários do site de compartilhamento de arquivos Megaupload.
O troco veio em seguida, com o grupo hacker Anonymous atacando sites oficiais norte-americanos e de instituições que deram apoio às novas leis.
O home da polícia e o do Departamento de Justiça dos Estados Unidos ficaram fora do ar quase uma hora. Também vários outros sites de instituições que deram apoio aos projetos de lei, saíram do ar.
O Anonymous afirma que este foi o maior ataque já realizado pelo grupo. A ação teve 5.635 participantes.
Espanta assistir ao espetáculo de vulnerabilidade tecnológica. Faz temer pelo que poderia acontecer no uso da computação em nuvem.

No plo passivo, na OMC

Mágicas financeiras: Tesouro aumenta dívida
em R$ 10 bilhões
É bem verdade que o custo da dívida pública caiu. Mas o governo não deu espaço para a redução do endividamento. Lançou mais R$ 10 bilhões em títulos, para concluir o aporte de R$ 55 bilhões no BNDES. O recurso será dirigido para a terceira etapa do Programa de Sustentação do Investimento - PSI 3, linha de financiamento destinada à compra de equipamentos, obras de infraestrutura e ao estímulo às exportações com juros subsidiados.
Como o endividamento federal está em patamares muito aceitáveis e a aplicação desses recursos beneficia a atividade econômica, conferindo-lhe maior produtividade, a decisão precisa ser aplaudida.
Mas, outra vez, gostaria de alertar para as questões referentes aos subsídios financeiros, assim como já havia alertado sobre as medidas que beneficiaram as montadoras que ampliassem o uso de produtos nacionais. Essas medidas podem produzir grandes conflitos ao país no âmbito da OMC. Até agora, fomos bons litigantes naquele foro. Vejo o país ameaçado de mudar de lado. Estaremos logo ocupando o pólo passivo desses litígios.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O mercado já sabia

Sem surpresas e sem pânicos
E assim, a agência de classificação de riscos passou o recibo para os mercados hoje.
O índice Bovespa em alta de 1,37%. É inútil afirmar que isso decorreu do exercício de opções. O índice bateu, em meio à decadência das notas da França da Itália, nos 59.956 pontos, com um giro no dia de R$8,8 bilhões. O dólar caiu para R$1,7850. Queda de 0,45%.
Na Europa, os mercados inicialmente voláteis, fecharam em alta.
O mico ficou na mão da agência, que chegou atrasada e não conseguiu gerar o pânico costumeiro. Como dissemos ontem, o mercado já sabia da situação dos países europeus e já havia precificado os riscos alardeados no final da semana passada. O resultado do leilão de bônus franceses, com yields menores, colocou uma língua de sogra no nariz da agência. Falta-lhe agora, o nariz avermelhar.
No Brasil, aumentam os sinais de retomada do crescimento: BC apontou expansão de 1,1% no IBC-Br (índice de atividade econômica), de novembro. A inflação medida pelo IPC-S da FGV veio consistente com o IPC calculado pela FIPE. Foi para 0,97%, sinalizando para uma nova pressão da demanda.
O Brasil parece voltar a crescer antes do esperado. No mundo, a Europa e suas dificuldades inspiram muitos cuidados, mas não pânico. Tem parecido necessário rever o papel das agências de avaliação de riscos. Talvez merecessem uma auditoria semestral, feita por uma cesta de universidades isentas e independentes.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Antropologia na avaliação do risco-país

Rebaixamento das notas é apenas o reconhecimento parcial de uma
situação conhecida
No primeiro momento, pode parecer catastrófico. De fato, não será. E não será, porque não terá força para ser.
Essas agências de risco são uma espécie de peão dorminhoco: corre para fechar a porteira, depois que a boiada já fugiu do mangueiro.
Que a França e a Itália já não tinham a notação que vinham ostentando, todo mundo sabia. Basta ver os preços que pagavam para girar suas dívidas soberanas. A S&P chega atrasada e nos avisa sobre o aumento de um risco que, para ser franco, até estava diminuindo nos últimos dias. Essas avaliações deveriam ser mais prospectivas. Chegando com o atraso e a timidez que chegam,  mais parecem escavações de antropológicas.
Os jornais falam de uma eventual implosão da Zona do Euro e, ainda assim, a S& P poupa a Alemanha e rebaixa minimamente outros países.
Francamente essas notas não refletem os verdadeiros riscos desses países e não servem como termômetro para medir o verdadeiro estado febril de toda a Europa.
Preocupa-me saber sobre a Inglaterra. Não se falou dela. Só pelo fato de não estar na Zona do Euro. Parece, portanto, excluída das preocupações com a União Europeia.
O mercado pode reagir com vigor nos primeiros instantes. Mas devem acomodar-se logo à frente. Ainda mais que os Estados Unidos renovam as esperanças capitalistas, com o início de sua recuperação.
O euro, esse sim, deve sofrer desvalorizações ainda maiores e sucessivas. A Alemanha, exportadora contumaz, agradecerá comovidamente à S&P pela queda do euro.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Onde os europeus vêem os maiores riscos

As maiores ameaças aos capitais, no consenso dos especialistas da Europa
Analistas reconhecem de forma unânime que a região estará submetida a dificuldades de natureza político-econômica de grandes proporções e que por isso 2012 deve ser um ano marcado por oscilações e incertezas no mercado financeiro.
Eleições na Grécia e na França, capacidade de financiamento de países como a Itália e a Espanha e o provável rebaixamento das notas de crédito na região darão causas a novas e grandes volatilidades.
Os títulos representativos das dívidas dos países europeus podem ser divididos em dois grupos: os rentáveis, aos quais se associam riscos muito elevados, e os não rentáveis, como os alemães e holandeses, cujos yields são sempre negativos quando comparados à inflação.
No mercado de ações, a volatilidade e o risco sugerem que o investidor se distancie dele. As empresas devem apresentar lucros muito baixos e os dividendos certamente estarão minguando. É bem verdade que nesse caso, os investidores, com expectativas construídas para o muito longo prazo, podem estar diante daquilo que os analistas chamam de “uma oportunidade histórica”.
Eurobônus também deve ser uma péssima opção. Crises do mercado de dívidas soberanas, associada à política monetária expansionista do Banco Central Europeu, provocarão uma contínua queda nesses papéis.
No mercado de commodities agrícolas, respeitados os grãos e o açúcar, os preços devem apresentar reduções acentuadas. Cacau, algodão, café, laranja e arroz estarão sujeitos a quedas maiores.
No mercado cambial, o euro estará em sucessivas desvalorizações em relação a outras moedas fortes, em função da continuidade da crise das dívidas soberanas, da política monetária expansionista e do baixo nível de atividade econômica. Por outro lado, a desvalorização cambial aumenta a competitividade dos produtos exportados, o que poderá se constituir em numa nova vertente a ser explorada pelos estrategistas da recuperação da região.
Sob todos os pontos de vistas em que se olhe para a região, o ambiente de negócios mostra-se sempre muito agressivo.

Recomendações para investidores

Critérios europeus para formação dos
portfólios de investimentos
Entre os especialistas financeiros dos maiores centros financeiros da Europa (Genebra, Frankfurt, Paris e Londres) é possível encontrar alguns consensos nas recomendações de investimentos, sempre que abstraído o grau de risco que envolvem:
1) Petróleo – A esperada recuperação norte-americana, o nível de atividade econômica previsto para a China, as dificuldades com o aprovisionamento da Europa justificam a aposta em uma alta forte da commodity.
2) Dólar australiano – Os bons fundamentos da economia australiana, a permanência do país nos ratings de avaliação de risco soberano com “triple A” e o nível de investimentos externos diretos, garantido emprego e renda ao país, trazem expectativas muito positivas para desempenho dessa moeda no mercado de divisas.
3) Ações – A crise destruiu os valores desse ativo. O preço das ações está em níveis muito atraentes. As empresas passam por uma crise de liquidez, fazendo crer no aumento das operações de fusões e aquisições. Os especialistas acreditam ainda que a Europa apresente alguma recuperação, no curto ou médio prazos. Portanto, tudo leva a crer que as ações terão seus preços ajustados, com excelentes resultados para o portfólio do investidor que souber comprar nesse instante.
4) Entre as ações, as utilities e as do S&P 500 são as maiores convicções. As utilities pelos seus fluxos de caixa mais previsíveis e por que operam com estruturas operacionais eficiências operacionais eficientes, quando comparadas a empresas de outros setores.
5) Renda fixa – A necessidade de apresentar liquidez nos balanços bancários torna esse produto bastante atraente para os investidores e poupadores avesso a riscos. Embora as limitações impostas às taxas de juros pelos governos locais, haverá facilidade em encontrar remunerações mais altas que a inflação no sistema bancário.
De um ponto de vista lógico, as recomendações parecem fazer sentido. Entretanto, as recomendações, salvo o caso da renda fixa, embutem riscos elevados e, por isso, devem ficar restrita apenas aos especialistas. De qualquer forma, revelam a falta de oportunidades no mercado financeiro e sinalizam para as dificuldades com que os investidores deverão conviver nos próximos anos no mercado europeu. A busca por oportunidades de lucro nos emergentes, em parte, pode ser explicada por essas dificuldades.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sertanejo universitario

Olha o campo segurando a barra
Em volume, as exportações subiram em dezembro. Naturalmente esse fato deve ser creditado à agricultura nacional.
O volume foi 1,15% maior.Os preços e o quantum de exportação apurados pela Funcex tiveram quedas de 1,64% e 3,64%, respectivamente, no mês de dezembro. A média móvel trimestral de preços de exportação registraram queda 0,75%.
Esses dados refletem um ambiente internacional mais dificil e a deterioração do comercio internacional, conforme o previsto pela propria OMC.
Talvez seja precoce concluir, mas a desvalorização do real frente ao dolar deve ter contribuido para o aumento dos volumes de nossas exportações.

Ainda em 2011, com o pe em 2012


Inflação, medida pelo IGP-M, evidencia que tem gas para atrapalhar a vida do governo em 2012
A primeira previa do IGP-M apontou uma variação de -0,01%, contra alta de 0,04% no mês de dezembro.
O resultado, analisado rigorosamente, é deflacionario. Mas, em valor baixo e sem expressão, que na realidade não caracterizaria movimento deflacionario. O resultado so não foi pior graças aos preços das commodities agrícolas. Grãos, principalmente, trarão consigo novas pressões altististas sobre os preços ao consumidor. Portanto, preparem-se para um periodo de baixo crescimento econômico, com preços também em crescimento.
Ainda que alguns analistas estejam esperançosos com o indice de atividade industrial do mês de dezembro, confesso meu baixo otimismo com esse numero, a ser publicado nos proximos dias. As demissões ja haviam começado nesse mês e se acentuaram em janeiro desse ano. As encomendas de Natal ja haviam sido atendidas e o ritmo da industria de consumo entrou em recesso pelo dia 15 de dezembro. Não ha razões para expectativas tão altas. Melhor sera esperar conservadoramente por uma situação mais restritiva em relação aos nossos mercados.
Observação: Escrevo do exterior, em maquina desprovida de acento agudo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Desemprego e inadimplência

Pessoas físicas tendem a ampliar suas quebras mais que as pessoas jurídicas
As previsões para primeiro trimestre de 2012 alcançaram um bom nível de consenso: será o pior trimestre do ano, com crescimento nulo. Para os economistas será um bom momento para testar hipóteses.
Particularmente, vou me permitir verificar se “a inadimplência, entre pessoas físicas, com comprometimento de mais de 30 % de sua renda para pagamentos de empréstimos, cresce em proporção superior à inadimplência das pessoas jurídicas das pequenas e médias empresas”.
Temo que a hipótese seja confirmada, sobretudo em populações com ganhos mensais inferiores a R$ 1500,00. De modo geral, esses segmentos da sociedade são mais vulneráveis ao estrangulamento financeiro, decorrente da menor oferta de crédito, impossibilitando-os de “girar” suas obrigações. Esses períodos, com características recessivas, levam ao agravamento das condições de vida, quer pelas medidas de austeridade do governo central, quer pela menor oferta de empregos ou mesmo pela deterioração do mercado de trabalho.
Mesmo o aumento do salário mínimo poderá ter sua eficácia reduzida na ativação do ritmo econômico, porque a inflação continuará exercendo pressões no mês de janeiro, anulando parte dos ganhos reais  produzidos por esse aumento.
A inadimplência seria um bom indicador para verificarmos nossas conjecturas. Vamos aguardar.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Movimentos pendulares

Os horizontes não clareiam. A crise
mundial segue ainda sem solução.
Os dados sobre a economia norte-americana continuam a surpreender o mercado positivamente. O Relatório de Emprego do país revelou a abertura de 200 mil postos de trabalho em dezembro. As previsões falavam em apenas 150 mil novos postos. A taxa de desemprego apresentou leve redução, atingindo 8,5%. O mercado esperava 8,7%. Para injetar mais ânimo a todos, os ganhos por hora trabalhada subiram 0,2%.
No sentido contrário, o FMI  anunciou que está revisando sua previsão de crescimento do PIB mundial para 2012. O FMI já espera por resultados menores.
Também em sentido contrário, o rebaixamento da nota de risco da Hungria pela Fitch, decaída agora de seu grau de investimento, pressionou a aversão a risco e fez os Treasuries se valorizarem. Os títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano fecharam a semana com rendimento de 1,98%.
A Europa, por sua vez, continua em ponto morto. As incertezas sobre a crise na região e sobre propostas para reduzir as dívidas dos países da região, anulam qualquer expectativa de crescimento das economias locais. O mercado europeu para os títulos soberanos mantém ativo graças aos esforços das autoridades monetárias mundiais e às taxas crescentes pagas aos investidores. Foi o caso nessa semana dos títulos italianos, franceses, espanhóis e até dos alemães. A Grécia continua chafurdada em uma guerra intestina que põe em choque objetivos econômicos e problemas sociais, esses representados pelos irredutíveis sindicatos de trabalhadores.

Inflação no teto superior da meta

A inflação ficou em 6,5% no ano passado
O IPCA fechou 2011 em 6,5%, não ultrapassando o limite superior da meta. Dada a complexa situação da economia mundial, há que se reconhecer o sucesso da política monetária do Banco Central, sobretudo pela iniciativa simultânea de reduzir a taxa básica de juros no país.
A alta de preços é uma batalha constante em países onde os ganhos reais aumentam, revelando demandas reprimidas em vários segmentos da sociedade. Portanto, ao se considerar o sucesso obtido em 2011, o combate as pressões inflacionárias continuará a desafiar as autoridades econômicas durante os próximos anos.
Atenção especial deve ser dada a alguns setores econômicos, pelo aumento da procura que a inclusão social e o crescimento dos ganhos das famílias costumam promover. Alimentos, itens da construção civil, aluguéis, educação, saúde, transportes, produtos farmacêuticos, vestuários, produtos farmacêuticos e outros como esses devem trazer preocupações com o comportamento de seus preços. De modo muito geral, os últimos governos têm contado com as importações, sempre estimuladas pelo câmbio apreciado, para combater as altas em muitos desses setores.
Isso já não parece mais possível em momentos onde a competitividade nacional começa a ser discutida para favorecer as exportações de manufaturados e evitar o sucateamento industrial a que expusemos o país nesses últimos anos.
A armadilha dos preços está montada e o bem sucedido esforço de 2011 não pode ser motivo para considerar resolvido o dilema monetário nacional.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sinais de alerta

Alguns fatos antecipam dificuldades
Os principais jornais do país apontam para a queda da arrecadação. Enfatizam o déficit da previdência ultrapassando os 56 bilhões de reais e advertem sobre os problemas de longo prazo em que o  sistema previdenciário nacional está se metendo.
Mostram hoje, a corrida de empresas e bancos para garantir recursos a partir de captações no exterior, em um mercado financeiro internacional mais conservador, mais contraído e mais assustado. Apenas empresas com a qualidade e tradição de um Bradesco são capazes de proceder a captações com custos realmente baixos, assim como conseguiu dias atrás o Tesouro Nacional. Mas, esses casos não são tantos no Brasil. Bancos europeus e norte-americanos, tradicionalmente fornecedores de funding para o país, temem o que possa acontecer aos emergentes. O BNDES e o Banco do Brasil certamente terão que entrar em ação para socorrer pelo menos os setores menos competitivos, bem como as sofridas pequenas e médias empresas.
A isso tudo, soma-se a notícia de um desempenho industrial sofrível.  Ressuscitar um parque industrial, morto lentamente pelas práticas cambiais de sucessivos governos e pela ausência deliberada de uma política para o setor, não será tarefa resolvida por algumas medidas de natureza protecionista. O setor manufatureiro precisa, agora, de muito mais que isso e não se refará em menos de 10 anos. Ilusão dos que pensam em reversões rápidas, como respostas às decisões ministeriais, sempre precipitadas e nunca integradas a outras políticas como a tecnológica, a de educação e a de cultura.
Quanto à pessoa física, a Folha de São Paulo anuncia hoje a queda de 63%, em relação a 2010, no saldo da captação líquida desse ano.
O esforço do setor produtivo está em garantir seu caixa bastante líquido. As pessoas físicas e suas famílias promovem algum crescimento nacional por meio do aumento de seu consumo, do uso do crédito e da redução de sua poupança. A previdência, generosa, esqueceu-se de seu futuro tenebroso.
Os sinais estão emitidos. Bastaria entendê-los.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Durma-se com um barulho desse

Alemanha bate recorde de emprego
em plena crise
A noticia vem da Federação Alemã de Câmaras de Comércio. O consumo cresceu 1,2% em 2011, configurando o melhor desempenho dos últimos dez anos. O número de pessoas empregadas também bateu recorde: 41 milhões de pessoas empregadas no pais nos últimos 20 anos. Tradicionalmente, a Alemanha depende muito fortemente das exportações que faz para a Ásia e para toda a Europa. Em 2009, quando apercebeu-se da crise global. O governo alemão fez um claro esforço para ampliar o nível de emprego e da renda para impulsionar o mercado interno e reduzir sua vulnerabilidade ao encolhimento do mercado internacional. A opção mostrou-se, agora, correta. Uma espécie de política anticiclica, que custou um déficit de 20 bilhões de euros, aproximadamente, para o orçamento do pais. O presidente do Banco Central alemão, Jens Weidmann, reforça do o discurso de inicio de ano ca Chanceler Angela Merkel, advertiu o governo sob a necessidade de consolidação orçamentaria paras servir de exemplo aos países que compõem a união monetária. Um bom exemplo, que pode servir de inspiração aos municípios e estados do Brasil. A União já começou a agir nesse sentido, e todos esperam que ela não se desvie desse rumo.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A prova dos nove

O novo salário mínimo começa
em janeiro
O salário mínimo, reajustado para R$ 622,00, já entrou em vigor graças à penada presidencial de final do ano.
Gesto de imensa generosidade, com efeitos que se estendem por toda a economia, para o bem e para o mal.
O consumo, em queda, responderá a esse novo estímulo. Espera-se. Afinal, trata-se de um reajuste nominal nada desprezível, de 14,13% em relação ao valor anterior de R$ 545,00. As camadas de rendas inferiores, mais beneficiadas pela medida, apresentam-se com suas demandas ainda muito reprimidas, fazendo crer que a direção desse dinheiro será mesmo a do aumento de seus gastos, expandindo o consumo das famílias, com impacto apenas lateral na formação das poupanças individuais. Nesse particular, excetue-se o crescimento dos valores poupados compulsoriamente que, infelizmente (e necessariamente), correspondem a novos  aumentos do custo da produção nacional. Uma espécie de generosidade “feita com o chapéu alheio”, mas que, justiça seja feita, reduz desigualdades ainda gritantes na economia brasileira.
A expansão abrupta da massa salarial poderá trazer efeitos benéficos ao sistema creditício nacional, reduzindo uma inadimplência que atingiu em novembro, nada menos que 7,29% do crédito às pessoas físicas.
Vai ser importante acompanharmos o comportamento dos preços. Eles devem movimentar-se para baixo, movidos pela recessão mundial e, para cima, pelo crescimento da demanda agregada interna e pelas pressões dos custos da mão de obra. Vai ser preciso muita atenção no monitoramento do sistema de preços nacional para que o governo conclua 2012 abaixo do limite superior, fixado para o centro da meta inflacionária.
As contas públicas estarão novamente em questão. Agora, com um aumento de gastos, decorrente desse aumento do mínimo, em pelo menos R$ 25 bilhões. Com a expansão dos gastos, cria-se um novo foco inflacionário a ser combatido por economias produzidas no custeio da máquina governamental, não pela redução dos investimentos públicos. Espera-se. Cortes no investimento reduzem a oferta de postos de trabalho, com tendência a minimizar os benefícios do aumento concedido. A previdência social deve também acusar o golpe, dado que seus custos atrelam-se consistentemente ao mínimo.
A complexidade da gestão da vida econômica de qualquer país origina-se dessas consequências, simultaneamente positivas e negativas, que as decisões nessa área embutem. Passa a ser muito valioso contar com bons instrumentos de aferição, que nos permitam entender e antecipar os movimentos e as tendências das variáveis econômicas. Felizmente, contamos com bons institutos de pesquisas, públicos e privados, para realizar a "prova dos nove", a tempo e a hora.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Probabilidade de desintegração da Zona do Euro

Ingleses já decretam o fim
da Zona do Euro
Mais que uma previsão parece um desejo.  O Centre for Economics and Business Research, de Londres, anuncia que a probabilidade de uma desintegração da Zona Euro nos próximos dez anos é de 99%. A previsão vai adiante: em 2012, pelo menos um país deixará a Zona do Euro. Isso parece dizer que a desintegração começa agora.
Claro que seria necessário conhecermos os cálculos probabilísticos e suas hipóteses subjacentes para concordar ou discordar da afirmação. Em todos os casos onde não são conhecidos os aspectos metodológicos, as previsões viram vaticínios e se parecem com as alucinações fantasiosas dos videntes baianos.
De acordo com estas previsões, a economia do Reino Unido pode já estar em recessão. O PIB caiu, no último trimestre de 2011, e apresentará decréscimos, no primeiro trimestre desse novo ano.
É "muito provável" que a Grécia saia do Euro e que a Itália siga o mesmo caminho, diz ainda o comunicado da instituição inglesa.
Essa possibilidade também existe e é real, como também existe a possibilidade de a Zona do Euro vir a se desintegrar. Por outro lado, a Zona ainda conta com possibilidades em sentido contrário. Pode também transformar-se em um novo acordo regional. Pode até se robustecer. Tudo pode, mas nada com uma probabilidade tão alta ou mesmo muito baixa.
Convém que os ingleses, que se mantiveram excluídos da Zona do Euro, comecem a pensar na sua própria sobrevivência se a Zona se extinguir. Ou se consolidar.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Começando pelo começo

É preciso visitar o passado recente para entender 2012
Ao iniciar seu o governo, a presidente Dilma deparou-se com uma realidade bastante restritiva: crise internacional ainda em aprofundamento, correções e ajustes fiscais severos e urgentes, infraestrutura deteriorada, carga tributária elevada, taxas de juros mais altos do mundo, mão de obra desqualificada, sistema de ensino e saúde públicos arrasados, baixa produtividade, inovação tecnológica em letargia, nível de poupança modesto, pressões inflacionárias e competitividade industrial comprometida.
O ano de 2012 desenha condições ainda difíceis para um novo ciclo de crescimento, embora alguns graves problemas tenham tido suas soluções encaminhadas. A inflação, por exemplo, retomou a trajetória para o centro da meta, os ajustes fiscais foram feitos, conquanto remanesçam ainda problemas estruturais no custeio do governo central, e as taxas de juros já cederam consideravelmente.
Os próximos desafios não são pequenos e limitam as aspirações de um crescimento acelerado. Contar com crescimento em torno dos 3,0%, desde que se sustente também algum crescimento no mercado de trabalho, dará tempo para realizar novos progressos nas áreas econômica e social. É preciso deslocar o eixo do consumo para acelerar a formação da poupança e a ampliação dos níveis de investimentos públicos e privados, ao contrário do que se fez em 2011. Investimentos devem ter o sentido do aperfeiçoamento da competitividade, por meio de ganhos provindos do avanço da infraestrutura, da política de inovação e dos ganhos de competitividade.
É de se esperar pela recondução das políticas públicas nesse ano novo. Otimismo permeia as expectativas e que, se depender de nós, hão de se concretizar.

Receita dos Estados perdem velocidade

Desaceleração não vai poupar a arrecadação
A arrecadação dos estados brasileiros já não crescem à mesma velocidade. O crescimento da arrecadação estava estimada em um intervalo entre 10 e 15%, para 2012. As novas previsões agora falam em algo como 4%.
A manutenção do equilíbrio fiscal passará então pela reprogramação dos gastos públicos nos Municípios, Estados e no Governo Federal.
A solução mais simples passa pelo corte dos investimentos, o que afetaria a criação de novos emprego, a ampliação da renda e comprometeria outra vez a qualidade da infraestrutura brasileira. Para o crescimento do investimento, os governos estariam obrigados a cortar no custeio da máquina pública. Reforma administrativa e reforma do funcionalismo seriam um bom começo.
São decisões com custos políticos elevados e que desgastam prefeitos, governadores e seus partidos. Ainda é difícil crer na austeridade.