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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Por essa não se esperava

Alemanha e França aparecem
melhor na foto
Em meio a toda a turbulência europeia, chega a notícia de crescimento do PMI da Zona do Euro. O PMI é um índice que mede as compras dos gerentes das empresas europeias. Nessa metodologia, 50 pontos é o marco divisório entre a expansão e a retração. Abaixo dos 50 pontos o setor estará em retração, acima de 50 pontos, em expansão. 
O índice geral foi para 50,4 pontos e o de serviços para 50,5 pontos. O índice para manufatura, único a indicar retração, ficou em 48,7 pontos. 
A “puxada” é atribuída à Alemanha e à França. Mesmo assim, trata-se de uma surpresa. Ninguém esperava por uma recuperação nas compras. Com o euro desvalorizado, a tendência pode acentuar-se, sobretudo entre as empresas exportadoras, cuja competitividade sofre um estímulo parcial, mas muito relevante.
A Standard&Poors havia reduzido a notação do risco francês na semana passada. Curioso que outros indicadores, como os de contratação de pessoal em nível de gerência, também melhoraram na França, em dezembro. 
A Espanha, essa sim, apresenta-se em dificuldades para alcançar a meta fiscal de 2012. Não só a Espanha, mas países como Itália, Grécia e outros já dão sinais de exaustão. A sociedade começa a se movimentar mais claramente. Mário Monti, primeiro ministro italiano, manifestou-se contra o cumprimento de metas fiscais que subtraiam espaços para, pelo menos, algum crescimento econômico. A convivência com altas taxas de desemprego não é aceita pela população europeia. Não querem pagar o custo de seus descalabros. Preferem deixar a conta para as gerações vindouras. 
Engrossando o coro das vozes dissonantes, o ministro do Orçamento da Espanha, Cristóbal Montoro, pediu à União Europeia uma revisão da meta fiscal fixada para seu país nesse ano. A meta atual para o déficit fiscal é de 4,4% do PIB. A do ano passado, fixada em 6% do PIB, estourou em 2 pontos percentuais, segundo as estimativas correntes. 
Na Grécia, as negociações entre o governo e os credores privados se arrasta lentamente. As expectativas, entretanto, são de que o acordo esteja próximo.
A experiência brasileira poderia servir de exemplo aos europeus. Estimular um processo de consolidação econômica em bancos e outros setores que demandam altos investimentos para sua competitividade, privatizar as estatais ineficientes, rever as funções e papéis dos estados, aperfeiçoando o aparato regulatório e ampliando os poderes das instituições europeias. 
Ironias à parte, a Europa e os Estados Unidos estão conhecendo os sofrimentos impostos aos brasileiros décadas atrás.

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