A despeito
dos avanços regulatórios, investimentos ressentem da baixa poupança.
texto de Roberto Padovani,
economista chefe da Votorantim Corretora
Quadro fiscal compromete quadro
econômico. A economia brasileira apresenta nos
últimos meses uma combinação de alta inflação, baixo crescimento, alta da taxa
de juros e piora em contas externas. Vários fatores explicam este desempenho,
mas o comportamento das contas públicas parece ser o denominador comum.
Economia brasileira demanda novos
investimentos. Após o forte ciclo de expansão recente,
a economia brasileira não apresenta mais sobras: a escassez de mão de obra e a
limitação da capacidade produtiva restringem o crescimento. Estes limites estruturais
ao crescimento têm gerado pressão inflacionária, deterioração das contas
externas e, como resultado, alta da taxa de juros. A saída natural para este
ambiente adverso seria o aumento da produtividade da economia por meio do
aumento dos investimentos e/ou qualificação da mão de obra. E aqui estão os
problemas, uma vez que os investimentos mostram estagnação.
Financiamento dos investimentos é
restrição. Um dos problemas para se aumentar os
investimentos no país está no lado do financiamento. A escassez de poupança
doméstica exigiria um uso mais intenso da poupança externa, o que talvez não
seja factível em um ambiente de maiores incertezas em relação às condições
globais de liquidez.
Estabilidade e previsibilidade das
regras econômicas também importam. Além
das restrições no uso de poupança doméstica e externa, o lento avanço do quadro
regulatório e do ambiente de negócios limita as opções de investimento no país,
principalmente em infraestrutura. Contribui para isso a piora na percepção e
previsibilidade das regras econômicas, reduzindo a confiança no futuro. Diante
das dificuldades no processo de concessões em infraestrutura, uma agenda mais
realista tem sido seguida, criando melhores condições do ponto de vista de
regras que atraiam o investimento privado. O melhor indicador é que o
cronograma de concessões passou a caminhar nos últimos meses, ainda que de modo
atrasado e lento.
Padrão fiscal atual desestimula a poupança. Se, por um lado, o país caminha no sentido correto, construindo uma agenda econômica baseada no investimento privado em infraestrutura, a questão fiscal permanece indefinida e dificulta a recuperação da poupança. O padrão fiscal atual do país – que, entre outras coisas, pressiona desproporcionalmente os gastos com seguridade social e não atua de maneira anticíclica – não somente aumenta a “despoupança” pública, mas desestimula a poupança privada. O país se ressente de avanços institucionais adicionais que limitem a expansão dos gastos e elevem a transparência e o comprometimento com metas. Uma melhoria do quadro institucional na área fiscal poderia permitir não apenas um melhor ambiente de negócios, com menores taxas de juros e um sistema tributário de melhor qualidade, mas fundamentalmente daria os incentivos corretos para a consolidação da poupança privada.
Padrão fiscal atual desestimula a poupança. Se, por um lado, o país caminha no sentido correto, construindo uma agenda econômica baseada no investimento privado em infraestrutura, a questão fiscal permanece indefinida e dificulta a recuperação da poupança. O padrão fiscal atual do país – que, entre outras coisas, pressiona desproporcionalmente os gastos com seguridade social e não atua de maneira anticíclica – não somente aumenta a “despoupança” pública, mas desestimula a poupança privada. O país se ressente de avanços institucionais adicionais que limitem a expansão dos gastos e elevem a transparência e o comprometimento com metas. Uma melhoria do quadro institucional na área fiscal poderia permitir não apenas um melhor ambiente de negócios, com menores taxas de juros e um sistema tributário de melhor qualidade, mas fundamentalmente daria os incentivos corretos para a consolidação da poupança privada.
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