Novo recorde para o ouro. Por que?
O preço da onça alcançou ontem em
Londres sua cotação mais alta: US$ 1.541,00. Analistas ensaiam suas
explicações. Trata-se do enfraquecimento da moeda norte-americana e de outros
elementos, tais como as convulsões no Oriente Médio e a crise da dívida na
União Europeia. Francamente, essas explicações deixam qualquer um no ar.
São muitos os fatores apontados como
causa da alta. Não seria melhor atribuir essa alta à insegurança promovida por
esses problemas. Melhor seria dizer que esse movimento decorre das revisões nas
posições nos portfólio dos grandes investidores, iniciadas ainda na semana passada com a queda das commodities.
Tentando por ordem em todas essas
causas, fica o convite à recuperação de pensamento mais direto: a moeda norte-americana
é utilizada para cotar ouro e está se desvalorizando. Portanto, nos próximos
momentos será necessário mais moeda para comprar a mesma quantidade de ouro. A
lógica, nesse caso, recomenda que o investidor ponha já seus recursos no ouro
para, em momento posterior, trocar por uma quantidade maior de dólares. Os
especialistas chamam isso de “buscar por um refúgio” para o valor das riquezas
individuais e coletivas. Nessa lógica, o investidor poderia também ter corrido
para outras moedas fortes, tais com a libra esterlina o euro, etc.
Resta saber por que o dólar teria se
desvalorizado? Pela tensão no Oriente Médio. Não tem lógica. Pelas tendências
inflacionárias na Europa e nos países emergentes? Menos lógica ainda, pois
isso valoriza o dólar. Pelas dívidas européias? Isso também valoriza o dólar.
Mas o dólar não se valorizou. Ao contrário, caiu. Portanto, essas explicações
não fazem sentido.
O que pode explicar a queda do dólar
e, portanto, a alta do ouro são os dados sobre o desempenho da atividade econômica
nos Estados Unidos: vendas de casas existentes em quedas, licenças para
construção de novos imóveis em redução e crescimento zero no mês de abril. Isso
sim explica a queda do dólar. O resto parece “conversa mole para o boi dormir”.
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