Faturamento do setor de transformação
recua 5,2%
Veículo: Brasil Econômico - Data: 09/05/11 17:29
Jornalista: Bárbara Ladeia (bladeia@brasileconomico.com.br)
09/05/11 17:29
Setores como a indústria têxtil são mais prejudicados pelo contingenciamento de crédito
Medidas macroprudenciais mostram efeito sobre a atividade industrial. Processo de desaceleração no setor deverá durar mais três meses.
Após registrar crescimento em fevereiro, levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta para uma desaceleração nas atividades da indústria de transformação.
Para a CNI, a queda de 5,2% no faturamento do setor se deve à ocorrência do Carnaval em março, data atípica para o feriado.
As horas trabalhadas reduziram 2,4% e a utilização da capacidade instalada recuou para 82,4%.
Para o diretor da Fundação Instituto de Administração, o economista Celso Grisi, é um equívoco da CNI afirmar que esse resultado se deve ao Carnaval. "Eles mesmos estão sinalizando que os números estão dessazonalizados. Isso mostra que não há efeito de eventos que se repetem anualmente", aponta Grisi.
Nesse sentido, o economista identifica um recuo efetivo da atividade industrial como fruto das medidas macroprudenciais do governo.
"Esses número representam o início de um período de menor crescimento da economia. Enfim, todas as medidas do governo começaram a fazer algum efeito", pontua. "Estamos de fato em desaceleração."
Para ele, esta fase dura mais três meses caso seja mantido o ritmo "gradualista" que vem sendo aplicado pelo governo federal.
"Mês que vem é provável que tenhamos outra desaceleração se o governo mantiver a proposta", antevê. "Ainda assim, acredito que o governo seja capaz de uma medida mais rígida para acelerar esse aperto".
Crédito
Dos 19 setores pesquisados, apenas oito tiveram avanço no faturamento. Os segmentos de Móveis e Têxteis foram os mais prejudicados, com redução de 23,89% e 10,8% nos faturamentos, respectivamente.
A partir desses dados, Grisi avalia que estão mais prejudicados os setores que dependem do crédito. "Móveis e têxteis são objetos de financiamento", avalia. Com isso, o contingenciamento de crédito e a alta taxa de juros foram apontados como principais fatores para o pé no freio da indústria.
Além disso, o economista também ressalta a importância dos cortes no orçamento. "Há setores que dependem mais das encomendas do governo. Se há cortes no orçamento do Federal, com certeza isso reflete sobre a indústria."
O setor de papel e celulose também foi prejudicado entre janeiro e março deste ano, com uma perda de 6,7%, assim como o setor madeireiro que caiu 0,7% em faturamento mas perdeu 10,4% em horas trabalhadas.
Por outro lado, o setor "Outros equipamentos de transporte" teve avanço de 49,7% no faturamento, seguido pelo setor de couro e calçados, que turbinou suas receitas em 35,9%.
Emprego
A moderação na atividade da indústria não prejudicou o nível de emprego no setor. Em março, 17 setores tiveram expansão no emprego. A massa salarial aumentou 8,1% no mês de março no comparativo com o mesmo mês de 2010.
No segmento de Móveis, que teve a maior retração no faturamento, o nível de emprego cresceu 1,9% frente mesmo mês do ano anterior. A massa salarial avançou 7,7%.
O crescimento foi inevitavelmente menor que o do setor de "Outros equipamentos de transporte", que teve um salto de 10,5% no emprego, com um avanço de 10,9% na massa salarial.
Jornalista: Bárbara Ladeia (bladeia@brasileconomico.com.br)
09/05/11 17:29
Setores como a indústria têxtil são mais prejudicados pelo contingenciamento de crédito
Medidas macroprudenciais mostram efeito sobre a atividade industrial. Processo de desaceleração no setor deverá durar mais três meses.
Após registrar crescimento em fevereiro, levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta para uma desaceleração nas atividades da indústria de transformação.
Para a CNI, a queda de 5,2% no faturamento do setor se deve à ocorrência do Carnaval em março, data atípica para o feriado.
As horas trabalhadas reduziram 2,4% e a utilização da capacidade instalada recuou para 82,4%.
Para o diretor da Fundação Instituto de Administração, o economista Celso Grisi, é um equívoco da CNI afirmar que esse resultado se deve ao Carnaval. "Eles mesmos estão sinalizando que os números estão dessazonalizados. Isso mostra que não há efeito de eventos que se repetem anualmente", aponta Grisi.
Nesse sentido, o economista identifica um recuo efetivo da atividade industrial como fruto das medidas macroprudenciais do governo.
"Esses número representam o início de um período de menor crescimento da economia. Enfim, todas as medidas do governo começaram a fazer algum efeito", pontua. "Estamos de fato em desaceleração."
Para ele, esta fase dura mais três meses caso seja mantido o ritmo "gradualista" que vem sendo aplicado pelo governo federal.
"Mês que vem é provável que tenhamos outra desaceleração se o governo mantiver a proposta", antevê. "Ainda assim, acredito que o governo seja capaz de uma medida mais rígida para acelerar esse aperto".
Crédito
Dos 19 setores pesquisados, apenas oito tiveram avanço no faturamento. Os segmentos de Móveis e Têxteis foram os mais prejudicados, com redução de 23,89% e 10,8% nos faturamentos, respectivamente.
A partir desses dados, Grisi avalia que estão mais prejudicados os setores que dependem do crédito. "Móveis e têxteis são objetos de financiamento", avalia. Com isso, o contingenciamento de crédito e a alta taxa de juros foram apontados como principais fatores para o pé no freio da indústria.
Além disso, o economista também ressalta a importância dos cortes no orçamento. "Há setores que dependem mais das encomendas do governo. Se há cortes no orçamento do Federal, com certeza isso reflete sobre a indústria."
O setor de papel e celulose também foi prejudicado entre janeiro e março deste ano, com uma perda de 6,7%, assim como o setor madeireiro que caiu 0,7% em faturamento mas perdeu 10,4% em horas trabalhadas.
Por outro lado, o setor "Outros equipamentos de transporte" teve avanço de 49,7% no faturamento, seguido pelo setor de couro e calçados, que turbinou suas receitas em 35,9%.
Emprego
A moderação na atividade da indústria não prejudicou o nível de emprego no setor. Em março, 17 setores tiveram expansão no emprego. A massa salarial aumentou 8,1% no mês de março no comparativo com o mesmo mês de 2010.
No segmento de Móveis, que teve a maior retração no faturamento, o nível de emprego cresceu 1,9% frente mesmo mês do ano anterior. A massa salarial avançou 7,7%.
O crescimento foi inevitavelmente menor que o do setor de "Outros equipamentos de transporte", que teve um salto de 10,5% no emprego, com um avanço de 10,9% na massa salarial.
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