Nessa semana, as taxas de juros
dominaram as
discussões
Para quem acompanhou as discussões sobre as taxas de
juros nacionais, nessa semana, a impressão que ficou é que estamos diante do
único e maior problema que impede a retomada do crescimento do país. Sem dúvida, trata-se
de uma questão que não pode ser ignorada, mas que certamente pede
tratamento bem diverso desse que vem
sendo conduzido pelas autoridades econômicas, de modo a opor os agentes financeiros entre si e a população ao sistema próprio financeiro.
Talvez fosse melhor, então, discutir uma
reestruturação do sistema financeiro, oferecendo à discussão outros temas que encarecem
o dinheiro, geram distorções e ineficiências em todo o sistema e que se estendem
para toda a sociedade.
Nesse quadro, haveríamos de discutir a dimensão e o
financiamento dívida pública, o uso das poupanças compulsórias, as formas de impor
arrecadações previdenciárias adicionais, sem a contrapartida de benefícios, como
é o caso, agora no Supremo, das desaposentadorias. A negação à desaposentadoria pune a
população envelhecida, e seus recursos, se não arrecadados, poderiam estar
estimulando o consumo e o crescimento do país, desagravando a expansão e o custo
do crédito às famílias. Poderíamos também analisar as rentabilidades pagas aos
depositantes e as aplicações dessas
poupanças imposta aos cidadãos. Que tal discutirmos o privilégio na
administração de certos recursos arrecadados do trabalhador, a presença do
estado no mercado financeiro, socorrendo-se das poupanças geradas no mercado de
capitais e competindo com produtores e comerciantes na busca por esses recursos,
encarecendo seus custos e desestimulando investimentos na área privada?
Tenho certeza que nada disso interessa ao governo
discutir. Ao contrário, dividindo ele espera reinar. Usa essas atitudes
afrontosas à iniciativa privada, como uma cortina de fumaça para esconder as
verdadeiras mazelas de seus sonhos estatizantes, levados à prática em surdina,
travestidos em fantasias de estado-indutor. Tudo isso para esconder a gastança inconsequente levada a cabo por uma administração pública ineficiente e contaminada.
Foi uma semana ocupada por uma agenda exclusivamente
política, de interferências na vida empresarial privada, sem resultados concretos e, mais
uma vez, desperdiçada em termos de rumos e direções para a economia nacional.
O
Ibovespa fechou em queda de 0,20% nessa sexta-feira, aos 62.494 pontos. Na
semana, o índice acumulou alta de 0,63%. O volume financeiro foi inferior à média
diária do mês, com apenas R$5,097 bilhões. O dólar, depois de cinco sessões de alta, caiu 0,69% na sexta-feira, mas na
semana valorizou-se 1,90%.
O Banco Central baixou a Selic para
9,0%, deixando a impressão que continuará nesse caminho. A renda fixa já está
sentindo as consequências e o próprio governo sentirá maior dificuldade em
financiar-se. Pode ter sido um tiro no pé que exigirá mudanças na regras da
caderneta de poupança.
A prévia do Índice de
Confiança da Indústria, da FGV, em abril avançou 0,2% face ao índice do final de
março. O indicador registra sua quinta
alta consecutiva, passando de 103 pontos para 103,2 pontos. Reflete as medidas
de desonerações, financiamentos, combate aos juros altos e à apreciação do
real. Há, sem dúvida, uma sensação de desafogo entre os asfixiados empresários
nacionais.
A semana parece negar a
livre iniciativa e reforçar o gosto do governante brasileiro em transformar o
estado brasileiro em uma grande galinha choca, a abrigar debaixo de suas asas todos
os agentes econômicos e demais atores sociais, protegendo-os da perversidade de um
mundo desigual.
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