Melhor infraestrutura exige investimentos
de R$ 9 trilhões
Veículo: DCI - Data 28/04/2011 Jornalista: Fernanda Bompan. Fonte: DCI
Reproduzido no Notícias de Mercado, em 28/04/2011
Caderno: Logística e infraestrutura
Segundo estudo recente do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), os transportes rodoviário, ferroviário e portuário juntos no Brasil necessitam de um aporte de R$ 9,8 trilhões, R$ 6,125 trilhões maior do que o valor de R$ 3,675 trilhões do PIB registrado no ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme mostra o estudo, a infraestrutura brasileira possui atualmente 1,765 milhões de quilômetros de estradas, sendo 212 mil pavimentadas; 29 mil quilômetros de ferrovias; 31 aeroportos considerados principais; 46 portos organizados e mais de 120 terminais de uso privativo; um potencial de 50 mil quilômetros de hidrovias, sendo 13,6 mil quilômetros em uso, além de 19,2 mil quilômetros de dutos. Em termos de comparação, os EUA têm cerca de 110 mil quilômetros de rodovias pavimentadas a mais que o Brasil e cada estado norte-americano tem um ou mais aeroportos considerados importantes. Desta forma, no caso dos portos brasileiros, a pesquisa do Ilos observa que seriam necessários investimentos da ordem de R$ 42,9 bilhões para renovar esse transporte. "O investimentos necessário é quase 13 vezes maior que o previsto no PAC 1 [primeira fase do Programa de Aceleração do Crescimento]", conclui o Paulo Fleury, CEO do Ilos.
Para o transporte ferroviário, o estudo do instituto aponta investimentos necessários de R$ 130,8 bilhões, 2,4 vezes superior ao estimado no PAC 1 (R$ 54,2 bilhões). Paulo Fleury lembra que neste modal está incluído o aporte de R$ 33,2 bilhões direcionado para a construção do trem de alta velocidade (TAV), que ligará Campinas (SP), São Paulo e o Rio de Janeiro. "O que preocupa é que os recursos para o TAV são muito altos e não há uma alternativa para melhorar o sistema ferroviário. O governo não faz e nem cogita fazer estudo de outras soluções", afirma o CEO do Ilos.
Os investimentos necessários para renovar o sistema rodoviário brasileiro, de acordo com a pesquisa do Ilos, são ainda mais expressivos. Para o transporte passar dos 200 mil de estradas pavimentadas - sendo 56% em mau estado -, para 5,1 milhões de pista pavimentada de bom estado, é preciso um aporte de R$ 9,6 trilhões. O previsto no PAC (R$ 43,5 bilhões) é 220 vezes menor.
"Os números apontados pelo estudo são significativos porque o Brasil demorou mais de 30 anos para aumentar os investimentos na infraestrutura", conclui Fleury.
Horizonte
O professor e diretor presidente da Fractal, Celso Grisi, entende que se o governo brasileiro direcionasse o montante de R$ 9 trilhões na infraestrutura, o País estaria realmente perfeito. Contudo, ele comenta que como não há um horizonte para que o Brasil se iguale ao Estados Unidos, existem alternativas para compensar este problema. "Se aumentasse mais os investimentos em portos, evitaria grandes aportes em rodovias", exemplifica.
"O estudo não considera que há interferências positivas quando melhora um meio de transporte. A avaliação é isolada em cada modal. Portos podem absorver parte do fluxo das rodovias. Assim como, se investir mais nas ferrovias também", analisa Grisi.
Uma das mais urgentes preocupações do governo é de que a infraestrutura brasileira esteja adequada para a Copa do Mundo em 2014. Grisi prevê que o País terá a mesma dificuldade sentida pela África do Sul, última sede do campeonato mundial de futebol. "Os transportes terão operações caóticas", diz.
O professor aconselha ainda que um modo mais prático para solucionar o problema da infraestrutura brasileira seria se houvesse maior integração entre os ministérios. "Os planejamentos devem ser realizados de forma integrada, o que não é feito hoje. Aumentar os recursos para o Ministério dos Transportes também beneficiaria o Ministério da Agricultura, que veria um fluxo maior do que é produzido pelo agronegócio, por exemplo", aponta.
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