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quarta-feira, 27 de abril de 2011

No cravo e na ferradura

Notícias boas, mas recebidas
ainda com ceticismo
No mercado internacional o dólar continua a recuar. No Brasil, o real persiste com sua valorização: R$1,5640 para cada dólar norte-americano. Não fosse as intervenções do Bacen, o dólar já estaria perto dos R$ 1,40, segundo o Ministro da Fazenda. A afirmação do ministro faz sentido.
Mas a inflação também persiste. O Índice Nacional de Custo de Construção, que mede a inflação na construção civil, subiu para 0,75% em abril. As autoridades pediram aos empresários um voto de confiança para suas medidas de contenção da alta dos preços.
A combinação juros altos e dólar baixo golpeia a competitividade dos produtos nacionais. Dólares continuam entrando, mesmo com IOF de 6,0% sobre capitais entrantes, com prazos inferiores a dois. Nisso não houve mágica. Apenas substituem-se as dívidas externas das empresas, de prazos mais curtos, por empréstimos com prazos superiores aos dois anos determinados para a incidência do IOF.
Em sentido contrário, a saída de dólares, por meio de remessas de lucros e dividendos, alcançou no mês de março, US$ 3,71 bilhões. Mas os capitais entrantes, por meio de IED, permitiram que os ingressos líquidos alcançassem os US$ 6,97 bilhões. Mais dólares e maior liquidez no sistema econômico nacional. Isso significa que as tendências inflacionárias e de valorização do real vão permanecer fortes.
Por outro lado, o governo fez bonito no mês de março. O Tesouro Nacional anunciou um superávit primário de R$9,13 bilhões em março. Em fevereiro, o superávit havia sido de R$2,46 bilhões. No ano, o superávit atingiu os R$24,87 bilhões, o que corresponde a 2,77% do PIB. Muito bom, sobretudo se considerado o fato de as despesas, nesse mês, terem recuado 17,9%, em termos nominais, em relação a março do ano anterior.
Com esse resultado, não há como negar o voto de confiança pedido pela Presidente. Agora, a inflação poderá realmente ceder. Basta manter essa direção na gestão do orçamento.

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