Um caso clássico de inflação e de sua natureza
Estamos vivendo, graças à retração econômica apresentada pelo quadro mundial, pressões divergentes nos preços, ao longo do tempo. Como tendência geral, o Brasil beneficia-se com a desinflação mundial, derivada da queda da demanda internacional. Menor demanda torna os bens e serviços menos procurados, forçando a queda de seus preços, como alternativa única para que encontrem espaços a sua comercialização nos mercados de consumo.Mas, vez por outra, os preços suspiram e reacendem a inflação. Também de modo geral, isso se dá pela retomada de algum nível da demanda e, outras vezes, pela escassez da oferta. Em outros casos ainda, os preços podem subir pressionados pelos custos.
No universo dos produtos agrícolas, a soja e o milho subiram muito, por razões climáticas, que provocaram quebras nas previsões da safra norte-americana. Tipicamente um caso de redução da oferta. No Brasil, especificamente, observamos a quebra na produção do tomate e de outros produtos da olericultura nacional. E, naturalmente, os preços subiram.
Esses preços, agora mais altos, vão obrigar às indústrias processadoras a repassá-los às indústrias produtoras de bens finais que, por sua vez, repassarão a alta aos respectivos consumidores finais. Esse repasse se deu pelo aumento dos custos das matérias-primas e materiais secundários. Essa alta agravará os custos ao longo de toda a cadeia produtiva até chegar ao varejo e, daí, ao bolso dos consumidores finais. Isso se dá pela inflação nos custos dos preços dos produtos primários.
Trata-se de um caso clássico, que ressurgiu no IGP-M de julho, levando-o a um crescimento de surpreendente 1,34%. No mês anterior, período isento desse fenômeno, o IGP-M havia registrado alta de apenas 0,66%.
Em certa medida, os especialistas já aguardavam pelo fenômeno, uma vez que vinham observando o aumento dos preços dos produtos agrícolas, no atacado. Mas não o imaginavam com uma intensidade tão forte.
O que então estaria pressionando os preços, além de um IPA agro, cuja alta foi de 3,91%? Em primeiro lugar, a inflação dos produtos industriais também cresceu em julho, já antecipando os repasses que os alcançará, em futuro bem próximo. Em segundo lugar, é de se pensar que os produtores já enxergam, no horizonte de médio prazo, novos espaços para altas. A retomada do consumo começa a aparecer nas notícias, sob as manchetes que anunciam o crescimento das vendas em supermercados e no varejo em geral.
O IGP-M, nos últimos 12 meses, está em 6,67%, escapulindo ao centro da meta.
Conclusão:
1) é de se esperar pelo recrudescimento inflacionário, nos próximos meses.
2) Esse recrudescimento será tão mais forte, quanto mais forte for a recuperação.
3) a política de taxas de juros pode passar suspensão, pelo menos temporária.
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