Foi um lamentável espetáculo de análise,
desacompanhado de ações corretivas
A fala semestral do presidente do Fed é tradicionalmente, nos Estados
Unidos, um anúncio de novas direções ou de propostas para
tratar do estado futuro da economia local.
Quando isso não acontece, melhor
seria não haver o pronunciamento, pois a ausência de decisões aponta para a
fragilidade da instituição financeira em oferecer respostas ao ambiente. Os investidores,
em linguagem coloquial, “perdem o rumo de casa”, e passam a reagir contando com
a vulnerabilidade do governo e reconhecendo a necessidade de assumirem posições defensivas. Foi
o que aconteceu hoje, após o pronunciamento de Ben Bernanke.
Nenhuma decisão foi tomada, rumos não foram apontados,
e apenas algumas intenções foram reafirmadas. "Agir, se necessário" foi a evasiva encontrada para mostrar uma determinação inexistente.
Parece mesmo não ser necessário fazer nada. Mesmo diante de uma
economia cujo crescimento é excessivamente lento para reduzir o desemprego. O
Produto Interno Bruto dos do país expandiu-se apenas 1,9%, nos primeiros três meses
do ano se comparado ao primeiro trimestre do ano anterior. O segundo trimestre
parece ter sido ainda pior. Ao final do discurso, o mundo não sabe se haverá, ou
não, uma nova rodada de estímulo monetário.
Diante
do Comitê Bancário do Senado, Benanke afirmou que a recuperação do país estava
sendo reprimida por condições financeiras apertadas devido à crise da dívida da
zona do euro e as incertezas sobre a política fiscal norte-americana. Nada de
anunciar a aguardada terceira rodada de aquisições de títulos, conhecida como quantitative easing, para dar liquidez à
economia. Voltou a falar sobre o óbvio, reconhecendo o ritmo lento do avanço na
redução do desemprego e os riscos para o crescimento econômico.
Bernanke afirmou ainda que a recente deterioração
no mercado de trabalho sugere que a taxa de desemprego de 8,2 por cento do país
irá se reduzir muito gradualmente, admitindo pela primeira vez que isso não
pode ser explicado apenas através de fatores sazonais.
Por fim, repetiu seu alerta às autoridades sobre a
importância desenvolver um plano crível de longo prazo para reduzir o nível da
dívida do governo dos EUA.
Bernake, por fim,
reconhece que além de incertezas relacionadas à política fiscal, a economia
está sendo restringida pelo aperto das condições de empréstimos para algumas
empresas e consumidores.
Enfim, o presidente
do Fed trocou passes no meio de campo e jogou para os lados. Fez isso não para
ganhar tempo, mas para tentar ganhar o jogo, e disputar a final.
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