Confiantes ou desatentos?
A Ata do COPOM pecou pelo otimismo na
avaliação da inflação no Brasil à busca de elementos que possibilitem novas
reduções da taxa básicas de juros no Brasil. Publicada ontem, a ata faz crer no
absoluto controle da inflação atual, seja pela crença exagerada na deflação
internacional, seja pela intensidade da retração interna.
Convém, entretanto, colocar atenção em
alguns indicadores. Na 2ª prévia do mês de julho, o IGP-M que já havia apresentado
alta de 0,63% em junho, registrou alta significativa de 1,11% nessa tomada.
O aumento decorre do comportamento dos três
subíndices que formam índice:
1) o IPA-M (Índice de
Preços ao Produtor Amplo-Mercado), com alta de 1,45%. Os preços dos
Bens Finais avançaram 1,03 %, contra 0,10 % anteriormente. A maior contribuição
para esta aceleração foi do combustíveis, cuja taxa passou de -0,23 % para 5,15
%.
No segmento Bens Intermediários, houve aceleração
para 1,45 %, ante 1,15 %. A principal contribuição
partiu do subgrupo Combustíveis e Lubrificantes para a produção, cuja taxa
passou de 0,41 % para 2,48 %.
O índice de Matérias-Primas Brutas apresentou
variação de 1,93 %, contra 0,63 % no mês anterior. Os itens que mais
influenciaram foram a soja em grão, de 2,64 % para 11,04 %, o milho em grão, de
-3,98 % para 1,55 % e bovinos, de -0,76 % para -0,03 %.
2) No varejo, o
IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor-Mercado), também apresentou alta de 0,23%.
As principais contribuições para esse resultado
vieram dos grupos Alimentação, de 0,55 % para 0,88 % e Transportes -0,80 % para
-0,46 %.Também foram registrados acréscimos nas taxas de Habitação de 0,11 %
para 0,23 %, Educação, Leitura e Recreação, de -0,16 % 0,18 % e Comunicação, de
-0,02 para 0,10 %.
3) INCC (Índice
Nacional de Custo da Construção – Mercado), cuja alta foi de 0,91%. O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou
variação de 0,54 %, ante 0,31 % no mês anterior. O custo da Mão de Obra subiu
1,26 % na segunda prévia de julho, ante 2,81 % no mesmo período do mês anterior.
Hoje é dia de divulgação da Sondagem da Indústria,
com o resultado do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15)
e seu comportamento pode reforçar a tendência de alta dos preços identificada
nos indicadores anteriores.
Portanto, melhor teria sido o COPOM ter se manifestado
de forma mais cuidadosa e não ter apostado na argumentação única de que a
inflação está em hibernação. Vejo com preocupação a notícia de que o
faturamento dos supermercados aumentou. Isso significa uma ampliação do consumo
que poderá trazer novas pressões sobre os preços. Vejo também outras pressões vindas
dos produtos agrícolas, sobretudo milho e soja. Para breve, termos o aumento nos
combustíveis.
A prudência, nesse instante, recomendaria um
período de acomodação nas reduções da Selic, para não ter, em futuro próximo,
que reverter decisões anteriores.
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