O ambiente permanece hostil para consumidores e empresarios.
O número
de pessoas que demandaram crédito, de janeiro a junho, desse ano, é 7,4% menor que
no mesmo período do ano anterior. A informação vem pela mãos da Serasa Experian
que ainda informa, para o mês de junho, um recuo de 6,6% em relação ao mesmo mês
de 2011.
É um dado
muito significativo, considerados os estímulos governamentais, por meio dos
aumentos exuberantes do salário-mínimo e dos ganhos conseguidos nos acordos coletivos de trabalho, até agora. Nem mesmo a redução dos juros, as
renegociações de dívidas e a portabilidade dos empréstimos contribuiu para a
recuperação econômica.
A
inadimplência ainda é muito alta e claramente aponta que o consumo e o crédito
não são alternativas promissoras para combater a atual retração do mercado
nacional.
Então é de se pensar que, se
não dá para crescer pela procura, que tal experimentar o lado da oferta? Gostei
do programa de compras governamentais e tenho muita simpatia pelas iniciativas
de redução de juros, sobretudo quando a inflação oferece uma trégua dessas
proporções. Mais 0,5% de baixa hoje, seria uma medida oportuna para o COPOM,
sem dúvida.
Entretanto,
investimentos suficientes para superação do atual estado de nossa economia pedem
mais que isso. Será preciso garantir um clima institucional de contínuo aperfeiçoamento.
Não é necessário, todavia, criar de um só golpe, um ambiente favorável. Basta mostrar que o
país caminha para isso e os investimentos voltarão ao país.
Nessa
lógica, a postura brasileira em relação aos agentes econômicos precisa mudar,
mostrando um país mais receptivo aos capitais. De fato, a capacidade de
investimento pública e privada nacional é muito baixa para transformar a
atual situação de marasmo econômico em prosperidade nacional. E isso requer um
ambiente com previsibilidade muito maior que esse oferecido ao investidor. O capital estrangeiro tem
que saber como será tratado e tributado, no longo prazo. Precisa da ceerteza de que os contratos
serão cumpridos e que as reformas, ou parte delas, estariam realmente
sendo encaminhadas. Gostaria de conhecer o planejamento econômico oficial
para as atividades econômicas, ouvir claramente dos ministros da República suas
convicções sobre o crescimento nacional e desfazer dúvidas sobre os tratamentos
ideológicos dados proprietários rurais, banqueiros, montadoras e às questões
internacionais mais recentes. Incluir como prioridade, na sua agenda
internacional, um país que garante o suprimento de petróleo para a mais sanguinolenta
das guerras contemporâneas causa estranheza a todos e distancia o país dos
investidores internacionais.
Investimentos são contrários ao autoritarismo
econômico, e precisam ver a propriedade respeitada. Há tempo
para essas mudanças. Talvez não haja disposição de conviver fora dos limites
culturais da ideologia predominante.
Pior, será constatar que o pluralismo, a diversidade e a tolerância
foram apenas discursos que não chegaram a ser exercitados e que não serão transformados em
diretrizes para as políticas públicas nacionais. Aí será o fim do crescimento econômico, do emprego e da renda.
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