Exageros
e contradições do crédito excessivo
O
país exibe um crescimento do PIB esse ano, pouco maior que 1,0%. É um PIB de
construir a miséria e ampliar a pobreza brasileira, uma vez que a população
ocupada cresce ao ritmo de 1,7 % ao ano e a população economicamente ativa
cresce 1,9% anualmente. Menos riqueza para mais população.
A
taxa de desemprego, nessas condições, deveria crescer rapidamente. Não é isso o
que acontece. Com produção em queda e baixo consumo era de se esperar por
demissões que só tardiamente começam a pipocar. O desinvestimento mostra o
desânimo dos empresários, enquanto a apatia do consumo aponta para um consumidor
exaurido pelo crédito excessivo, que endividou mais de 50% das famílias e as
faz exibir uma inadimplência espetacular, superior a 7,0%.
Apenas
os altos crescimentos da renda real deram algum folego à demanda, sustentando hoje
uma taxa de consumo estimada em 2,6% e algumas vezes, combinadas com a
oferta de crédito, originaram as chamadas bolhas de preços. O caso dos imóveis é
o exemplo mais bem acabado desses malabarismos econômicos.
O
quadro já apresenta contornos preocupantes, apenas amenizados pelas festas de final de
ano, que tradicionalmente levam maior vigor ao consumo e, lamentavelmente, aos
preços.
Exageros
no crédito levaram o consumo à exaustão e, nesse instante, pressionam também a
inflação, ampliando sua difusão.
Estamos
enrascados no emaranhado do crédito inadimplente, baixo consumo,
desinvestimento, produção estagnada, aumentos de renda real e desemprego abaixo
da taxa natural.
Verdade
seja dita, artificialismos não se acertam com os mercados. A política de renda
foi meritória, mas claramente descolou-se da realidade produtiva, encarecendo seus custos, para casar-se
com o consumo.
O crédito farto e fácil, ofertado pelos bancos públicos, deu
sustentação e, em seguida, exauriu o consumo pelo elevado endividamento e pela
inaceitável inadimplência que provocou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário