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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

DIÁRIO DO NORDESTE

TAXAÇÃO DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO

Diário do Nordeste: NEGÓCIOS (25/10/2009)

Medida tem impacto limitado
Para Celso Grisi, taxação do capital estrangeiro em 2% sinalizou que governo sabe do problema do câmbio, mas faltam medidas mais criativas para combatê-la. A eficácia da taxação em 2% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de recursos externos é limitada, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. A medida, anunciada na semana passada, tem como pano de fundo a valorização acentuada da moeda nacional ocorrida em um curto espaço de tempo, o que prejudica a rentabilidade do exportador e favorece a importação. Para o economista, professor da FEA/USP, Celso Grisi, diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, ao taxar o investimento estrangeiro, o governo sinalizou que está consciente de um possível ataque especulativo de capitais voláteis, mas falta buscar soluções mais efetivas e inteligentes.
"A medida perde efeito ao longo do tempo. As operações de lançamento (de ações) vão ser transferidas para Nova Iorque. Em segundo lugar, vai ser contornada pois o capital estrangeiro entra no Brasil de outras formas: investimento Estrangeiro Direto (IED), por exemplo", comenta Grisi. Ao taxar o capital estrangeiro, continua ele, o governo põe em dúvida sua política econômica e causa insegurança no mercado."
"O País perde a credibilidade, e põe em questão grau de investimento, que foram conquistados com tanto esforço", argumenta ele. Assim, diz, o Brasil passa a ser julgado como um player que não consegue fazer política econômica e é incapaz de fazer as mudanças estruturais necessárias.
As afirmações são corroboradas pela Fecomércio: a melhor maneira de minimizar os efeitos da valorização do Real é lutar por reformas que reduzam o Custo Brasil, a burocracia e elevem a produtividade. "Entre 2007 e 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu R$ 140 bilhões e a arrecadação do governo R$ 80 bilhões, ou seja, boa parte da perda de competitividade da indústria nacional está no próprio País, por conta de uma carga tributária extorsiva".
Para os membros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), "delimitar o impacto do vai-e-vem financeiro e conter a velocidade com que o real vinha se valorizando são objetivos para os quais a medida do governo contribui e, nesse sentido, é positiva". "Não se deve, contudo, perder de vista a necessidade de que medidas de alcance de médio e longo prazos venham dar ao setor exportador e setores domésticos que concorrem com produto importado uma maior capacidade de resistir às variações do câmbio".
Para o IEDI, "deixam muito a desejar no País os fatores que definem a competitividade da economia: as taxas elevadas do crédito doméstico, a taxação excessiva e inadequadamente cobrada, o elevado encargo que recai sobre a folha de salários, a infraestrutura deficiente e cara". "O País também investe pouco, em parte porque os gastos em custeio do governo são muito elevados. Além disso, a inovação empresarial está aquém do que seria desejável".

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