Ambiente mais Duro que a Bolha
Esse novo ambiente global é bem mais duro do que a bolha que o antecedeu. “À primeira vista, as perspectivas para os negócios nesse mundo pós-recessão são bem menos convidativas. A demanda deve continuar deprimida no horizonte visível, o desemprego pode continuar em níveis mais altos, assim como a taxação, para ajudar nos programas de estímulo dos governos e a confiança dos consumidores deve levar algum tempo para ser retomada”, explica Carlos Miranda, sócio de Mercados e Estratégia da Ernst & Young para a América do Sul. “Também não há dúvida que haverá uma regulação mais profunda e mais extensa”.
Um dos dados que a pesquisa evidencia é a mudança de prioridades devido à transformação do ambiente de negócios. “Em seis meses, o foco passou da sobrevivência, da luta para obtenção de caixa para pagar funcionários e fornecedores, para uma reavaliação do modelo de negócios e otimização da flexibilidade das operações”, afirma.
Reavaliação do modelo e maior eficiência – Cerca de 90% dos clientes avaliados adotaram ou consideraram a possibilidade de adotar uma estratégia de redirecionar o foco para o core business. Isso ocorreu por duas razões: primeiro, porque ativos dessa natureza passaram a ser vendidos pelas corporações; em segundo lugar, porque houve a percepção que diversificar atividades representa alto custo e é uma estratégia de alto risco.
Uma proporção igualmente significativa reafirmou a estratégia em clientes-chave (84%) e de revisão da rentabilidade (85%).
A pesquisa mostrou que as companhias também continuavam buscando formas de reduzir custos a fim de se adaptar de forma mais rápida e efetiva a um mercado em transformação. Mais de 90% das companhias ou aceleraram seus programas de redução de custos no negócio (74%) ou estavam estudando o tema com atenção (18%).
O número de companhias que introduziram processos de terceirização ou compartilharam centros de serviço foi menor, de 55%, mas 31% estavam avaliando introduzir alguma implementação visando a melhora da eficiência no negócio. Também predominou a busca de uma agenda visando a redução de custos fixos.
Outro ponto destacado na pesquisa foi a necessidade de melhores previsões ou análises (80%) e a flexibilização do trabalho em lugar da redução de quadros (71%).
Setores e mercados
A pesquisa também avaliou como a crise impactou diferentes setores da economia. Enquanto os setores bancário e automotivo enfrentaram grandes mudanças em termos globais, outros – saúde, tecnologia e petróleo – não sentiram a crise com igual força.
Outro item que chama a atenção é a busca por novos mercados. Um temor pós-recessão era o recrudescimento do protecionismo e o fechamento dos mercados, mas a tendência é oposta: 85% das empresas já tinham diversificado seus mercados ou estavam avaliando a possibilidade.
“Aqui no Brasil foi perceptível como os mercados emergentes se recuperaram mais rapidamente. Nossos clientes viram que 15% das 100 maiores da Fortune já são empresas sediadas nos BRICs, e que as oportunidades são concretas”, conta Miranda.
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