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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Banda cambial?

Flutuações limitadas
Em períodos de grandes flutuações tudo fica mais difícil para os formuladores de política econômica. Prever supõe  a descoberta da direção dos fatos e o diagnóstico das intensidades que assumirão, nas muitas direções que vierem a tomar.
A crise das dívidas europeias assumiu proporções assustadoras que até ontem se mantinham sem direções definidas. Agora, com o G-20, começam a se dissipar. Os líderes europeus comprometeram-se com o encaminhamento de soluções, deixando antever um futuro recessivo, mas sem rompimentos do sistema financeiro. Tanto melhor.
O fato de ser melhor, entretanto, não afasta os grandes dilemas econômicos da atualidade. O câmbio é um deles. A inflação é outro, até mais importante. No câmbio, o regime flutuante segue como um paradigma que não se quer negar, na tentativa de preservar os princípios dos investidores internacionais. Entretanto, a Suíça impôs, no início do mês passado, à moeda  local, o piso de 1,20 francos suíços por euro. O argumento básico é o de que as exportações representam algo em torno da metade de seu PIB e que a valorização excessiva da moeda prejudica a competitividade da empresa local, prejudicando o crescimento econômico.
No Brasil, de forma velada, o regime cambial livre está sendo substituído por um sistema mascarado de banda. O mercado acompanhou os momentos de maior apreciação e observou que o Banco Central do Brasil admitiu, com certa passividade,  a taxa de câmbio alcançar R$1,50 por dólar. Noutro momento, o mercado se deu conta de que acima dos R$ 1,90, o mesmo Banco Central passou a evitar que a desvalorização da moeda se aprofundasse. Estabeleceu-se entre os agentes econômicos uma espécie de consenso de que há um sistema de banda, ainda que  bastante amplo, com piso inferior fixado em R$ 1,50 e superior em R$ 1,90.
As razões do Banco Central brasileiro foram entendidas e aceitas como muito semelhantes à s razões suíças. O mercado também entendeu que emprego e inflação são pontos cruciais nessa decisão e resignou-se diante do intervencionismo estatal. Esse último foi compreendido como instrumento de combate às possíveis recessões, e que a intervenção será a tônica desse governo.
 Se alguém ainda duvidava, as medidas relativas ao IOF em operações cambiais, ao IPI para a importação de veículos e, finalmente, às relativas a redução da taxa Selic sinalizam os novos rumos de nossa economia.
Temo por isso tudo. Vejo muito estado na vida econômica e pouco estado na vida social.
Começo a ver precipitações nas decisões. Ora são tímidas, veladas e retardadas, como no caso do câmbio;  ora chegam de afogadilho, são precipitas e desnecessariamente precoces, como no caso da redução da Selic.
Decisões a céu aberto e justificadas para toda a sociedade, como as suíças, respeitam mais claramente as regras do livre comércio. Decisões de redução dos juros básicos, antes mesmo que a recessão apareça de forma nítida e que, com nitidez similar, a inflação inverta sua direção para o centro da meta, podem causar estragos  de difícil reversão no seio de nossa vida econômica, política e social.

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